3.06.2009

ESCOLINHA OU VOVÓ, QUAL SERÁ A MELHOR ESCOLHA?


Especialistas crêem que as escolinhas preparam melhor o bebê para a vida ‘lá fora’. Mas a vovó deve participar também

Rio - De um lado, o carinho e o colinho da vovó. Do outro, bebês brincando com outras crianças na creche, falando, usando sozinhos a colherinha... As mães que precisam trabalhar fora não têm como escapar do dilema: o bebê vai ficar com a avó ou na escolinha? Recente estudo feito pelo Institute of Education (IE - Instituto de Educação) de Londres, Inglaterra, concluiu que crianças que aos 9 meses já freqüentavam creches estavam, aos 3 anos de idade, mais preparadas para a vida escolar.

A investigação envolveu 4.800 crianças inglesas nascidas em 2000 e 2001. Em média, as que foram cedo para creches e berçários conseguiram mais pontos numa avaliação que mediu a sua compreensão das cores, letras, números, tamanhos, comparações e formas. Entretanto, crianças cujas famílias tinham alto nível de escolaridade apresentaram vocabulário maior quando criadas por um dos avós — na maioria dos casos, pela avó materna.

Ao concluir o estudo, os especialistas em Educação argumentaram que as vovós e vovôs que tomam conta dos netos merecem apoio em vez de críticas. E devem ser estimulados a participar do dia a dia da criança na escola.

A empresária Belizária Duarte, 28 anos, adotou a creche a pedido da pediatra de Clara, de 2 anos. A menina ficou com a avó nos primeiros meses de vida, mas freqüentemente ficava gripada. “Ela me sugeriu a creche-escola para que a Clara pudesse criar anticorpos e ficar mais resistente não só em relação à saúde, mas também à vida. Ela também precisava melhorar o comportamento, porque era bastante teimosa para dormir”, conta.

A avó de Clara, Norma Duarte, 51 anos, está gostando das mudanças, mas sente falta da rotina com a criança. “É difícil ficar longe dela, mas foi bom porque ela já aprendeu novas palavras e sabe se defender agora. Estou participando das atividades da creche, assim fico um pouco mais perto da minha netinha”, revela.

LIÇÕES SOBRE COMO CONVIVER EM SOCIEDADE

Segundo a pedagoga da creche CEL, Vitória Padila, o grande diferencial da escolinha é a socialização e o aprendizado sobre partilhar. “As professoras estimulam atividades em que as crianças troquem os brinquedos, além de aulinhas com músicas, que educam naturalmente. Para as avós, o ideal é que participem mais da rotina na creche. Isto vai ajudá-la a lidar melhor em casa com os netos”, sugere.

Joana Ribeiro, 29 anos, teve que deixar a filha Alice aos 9 meses na creche por causa do trabalho. Hoje a menina tem 4 anos e Joana acredita que foi a melhor opção. “Entre outras vantagens, ela ampliou seu vocabulário rápido, com a convivência com outras crianças. Eu era bem tímida e fui criada pelos meus avós. Ela é muito diferente, tem mais desenvoltura”, diz.

Segundo o IE, pesquisas anteriores concluíram que determinados ambientes pré-escolares — como creches — podem ajudar as crianças a desenvolver o ‘traquejo social’ necessário para enfrentar a vida no futuro.

PROJETO PEDAGÓGICO, SEGURANÇA E HIGIENE

Em relação à escolha da creche, a psicóloga da Clínica Pró-Nascer, Maria Luiza Lara, ressalta que alguns fatores devem ser observados: o projeto pedagógico aplicado; a qualidade e a oferta dos profissionais, desde a professora até a merendeira; além da segurança e da higiene.

“É importante fazer uma pesquisa com várias creches, ouvindo outros pais e observando o comportamento dos que trabalham lá. E esse acompanhamento deve ser contínuo, não basta ser só no momento da matrícula. Assim os pais podem ir trabalhar tranqüilos, sabendo que seu filho está em um lugar saudável propício para seu crescimento”, avalia.

A pediatra do Hospital Professor Edmundo Vasconcelos, Sônia de Lourdes Liston Colina, acha que a idade ideal para entrar na escolinha é aos 2 anos. Até lá, para ela, as avós seriam as pessoas mais capacitadas para oferecer cuidados essenciais. “Até os 2 anos, a criança precisa de mais atenção com saúde, alimentação e segurança. Nessa fase, os cuidados das avós evitam contato com infecções da idade e comuns em ambientes escolares e em creches”, defende. Já para Maria Luiza Lara, os riscos que a creche oferece podem ser observados em qualquer lugar de convivência infantil, como parquinhos.

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