Medicamentos, álcool e direção
Todos os doentes deviam conhecer as diferentes interacções entre álcool e medicamentos. Porque há medicamentos que provocam alterações na capacidade de reacção e na visão dos condutores, alterações essas que podem ser agravadas pela ingestão de bebidas alcoólicas.
Os efeitos dos medicamentos sobre quem conduz são por si só frequentes, embora com manifestações diferentes.
Mas há medicamentos que afetam a condução, reduzindo os reflexos e provocando o torpor ou provocando alterações comportamentais (caso dos calmantes, dos indutores de sono, dos anti-histamínicos, dos medicamentos para a epilepsia e hipertensão) modificando a acuidade da visão (pode ser o caso dos medicamentos que se utilizam para alivio das cólicas e de alguns antidepressivos).
Como é evidente e bem sabido, as bebidas alcoólicas potenciam os efeitos dos medicamentos. Vejamos alguns dados. Há medicamentos cujos efeitos se prolongam durante horas (é o caso dos anti-inflamatórios, dos tranquilizantes e dos anti-hipertensores).
Os soníferos e os tranquilizantes que, regra geral, se tomam à noite, ao deitar, mantêm os seus efeitos sobre o sistema nervoso até ao dia seguinte, diminuindo o estado de atenção e os reflexos. Conduzir qualquer veículo reveste-se de riscos acrescidos.
Convém esclarecer que nem todos os medicamentos têm as mesmas contra-indicações face ao álcool. Casos há em que a ingestão de álcool, numa proporção adequada até melhora os efeitos farmacológicos de alguns medicamentos (é o caso dos que servem para tratar a hipertensão arterial). O álcool ingerido em pequenas quantidades é aceitável e pode gerar boa convivência.
Mas havendo uma diversidade de medicamentos com comportamentos muito variáveis perante o álcool, convém corrigir as posições extremadas, pelo que se recomenda que o doente se informe junto do seu médico ou farmacêutico sobre se pode ou não ingerir bebidas alcoólicas e em que condições pode conduzir.
Na verdade, há medicamentos que durante a condução provocam alterações de comportamento, o condutor pode muito bem ignorar o poder induzido pela associação do álcool por certos medicamentos. Mas conhecem-se hoje resultados trágicos de acidentes de viação em que o condutor manifestamente havia ingerido algum tipo de medicamentos com efeito psicoactivo. A educação rodoviária e a educação para a saúde deviam apostar mais nesta informação básica.
Seis dúvidas frequentes - sabia que:
São poucos os antibióticos que obrigam a não ingerir bebidas alcoólicas durante o tratamento?
- A toxicidade para o fígado do paracetamol é maior quando se ingere álcool em grandes quantidades?
- Os medicamentos que toma para se acalmar diminuem a sua capacidade de raciocínio, os reflexos e a concentração na condução e a realização de tarefas de precisão, quando ingere álcool?
- Os medicamentos que toma para as alergias reagem da mesma forma com o álcool?
- Os medicamentos para o reumatismo, dores e febre têm um efeito muito intensificado se acaso ingerir bebidas alcoólicas?
- Alguns medicamentos para a diabetes, se beber álcool, podem provocar reacções de tal forma graves que ponham a vida do doente em risco?
Texto de:Beja Santos
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