12.21.2009

Entenda os principais termos sobre mudança climática discutida na Conferência do Clima de Copenhague


Glossário traz 23 definições essenciais sobre aquecimento global.


A Conferência sobre Mudança Climática das Nações Unidas, conhecida por COP 15, reuniu representantes de 193 países, entre os quais o Brasil. O objetivo foi negociar medidas contra o desarranjo climático conhecido por aquecimento global - a alta anormal da temperatura causada pela emissão de gases de efeito estufa.





Combustíveis fósseis – são combustíveis como o petróleo, o gás natural e o carvão mineral que são produzidos pela decomposição contínua de matéria orgânica animal e vegetal através de eras geológicas. A sua produção é extremamente lenta, muito mais lenta do que a taxa de consumo atual e, portanto, não são renováveis na escala de tempo humana.


CO2 equivalente (CO2e) – CO2e. ou CO2eq. significa “equivalente de dióxido de carbono”, uma medida internacionalmente padronizada de quantidade de gases de efeito estufa (GEE) como o dióxido de carbono (CO2) e o metano. A equivalência leva em conta o potencial de aquecimento global dos gases envolvidos e calcula quanto de CO2 seria emitido se todos os GEEs fossem emitidos como esse gás. As emissões são medidas em toneladas métricas de CO2e por ano, ou através de múltiplos como milhões de toneladas (MtCO2e) ou bilhões de toneladas (GtCO2e). O dióxido de carbono equivalente é o resultado da multiplicação das toneladas emitidas do GEE pelo seu potencial de aquecimento global. Por exemplo, o potencial de aquecimento global do gás metano é 21 vezes maior do que o potencial do CO2. Então, dizemos que o CO2 equivalente do metano é igual a 21.

Desmatamento – é a remoção de florestas do solo. Os desmatamentos resultam na perda de um importante sumidouro para o dióxido de carbono, que são as florestas.

Desmatamento Evitado – é a redução na taxa de desmatamento de uma área, de modo que a taxa de desmatamento resultante seja menor do que num cenário sem intervenção para diminuir o processo de conversão da floresta.


Dióxido de carbono (CO2) – gás que ocorre naturalmente, representando aproximadamente 0,036% da atmosfera, emitido na queima de combustíveis fósseis e biomassa, nas mudanças de uso da terra e em outros processos industriais. É o principal gás de efeito estufa e é utilizado como referência perante os outros.

Efeito estufa – é um fenômeno natural de retenção do calor (radiação infravermelha) emitido pela Terra, que, por sua vez, é resultado do aquecimento da superfície terrestre pela radiação solar. Este processo natural que fornece a temperatura necessária para o estabelecimento e sustento da vida na
Terra, é possível graças aos gases de efeito estufa cujas moléculas capturam calor na atmosfera terrestre.

Emissões – liberação de gases de efeito estufa na atmosfera numa área específica e num período determinado.


Emissões antrópicas – emissões produzidas como resultado da ação humana. Por exemplo, estão sendo lançadas grandes quantidades de gás carbônico na atmosfera por tais atividades como a queima de combustíveis fósseis, agricultura, fabricação de cimento etc.

Energia renovável – energia renovável é a energia derivada de fontes que não usam combustíveis esgotáveis (água - energia hidroelétrica; vento – energia eólica; sol - energia solar; marés e fontes geotérmicas). Alguns materiais combustíveis como biomassa, também podem ser considerados renováveis. Geralmente, a geração de energia renovável (com a exceção de geotérmica e hidrelétrica) não emite gases de efeito estufa.

Estoques de carbono – incluem o carbono armazenado em vegetação (sobre e debaixo do solo), matéria em decomposição no solo e produtos madeireiros.


Gases de efeito estufa (GEE) – constituintes gasosos da atmosfera, naturais ou antrópicos, que absorvem e reemitem radiação infravermelha. Segundo o Protocolo de Quioto, são eles: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hexafluoreto de enxofre (SF6), acompanhados por duas famílias de gases, hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs).

Mitigação – Ações para reduzir as emissões de GEE e, consequentemente, os efeitos das mudanças climáticas.

Mudança climática – mudança que possa ser, direta ou indiretamente, atribuída à atividade humana, que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis.


Partes – podem ser países isoladamente ou blocos econômicos, como por exemplo, a União Europeia.

Partes Anexo I – o Anexo I da UNFCCC é integrado pelas Partes signatárias da Convenção e pelos países industrializados da antiga União Soviética e do Leste Europeu. A divisão entre Partes Anexo I e Partes Não Anexo I tem como objetivo separar as partes segundo a responsabilidade pelo aumento da concentração atmosférica de gases de efeito estufa. As Partes Anexo I possuem metas de limitação ou redução de emissões.

Partes Não Anexo I – as Partes Não Anexo I são todas as Partes da UNFCCC não listadas no Anexo I, entre as quais o Brasil, que não possuem metas quantificadas de redução de emissões.

Permanência – o carbono armazenado por sequestro em um reservatório pode ser liberado novamente. Apenas reservatórios permanentes são aceitáveis para propósitos de política climática.

Primeiro Período de Compromisso – o primeiro período de compromisso refere-se ao período compreendido entre 2008 e 2012.

Protocolo – um protocolo está sempre ligado a uma convenção existente, mas é um acordo separado e adicional que deve ser assinado e ratificado pelas “Partes” signatárias à convenção. Os protocolos fortalecem uma convenção geralmente somando compromissos novos e mais detalhados.

Protocolo de Kyoto – instrumento jurídico internacional complementar e vinculado à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, que traz elementos adicionais à Convenção. Entre as principais inovações estabelecidas pelo Protocolo, destacam-se os compromissos de limitação ou redução quantificada de emissões de gases de efeito estufa.

Ratificação – depois de assinar um tratado internacional como a UNFCCC ou o Protocolo de Kyoto, um país tem que ratificar isso, frequentemente com a aprovação de seu parlamento ou outra legislatura. O instrumento de ratificação deve ser depositado com o curador (neste caso o Secretário-Geral da ONU) para começar a contagem de 90 dias a se tornar uma “Parte” integrante. Há limiares mínimos de ratificações para a entrada em partido de tratados internacionais.

Redd – Redução de Emissões oriundas de Desmatamento e Degradação florestal, segundo o conceito adotado pela Convenção de Clima da ONU, se refere à política que será definida durante a COP 15, na Dinamarca (em dezembro de 2009). Trata-se de uma política para incentivar os países em desenvolvimento a tomarem medidas para a conservação florestal, gestão sustentável das florestas, e redução de desmatamento e degradação, e que em conjunto, resultem incentivos positivos pelas reduções de emissão de carbono oriundas do desmatamento, desde que tais reduções sejam mensuráveis, verificáveis, quantificáveis e demonstráveis.


Sequestro de carbono – captura de CO2 da atmosfera pela fotossíntese, também chamada fixação de carbono. Usa-se também a expressão Carbon Offset Projects para designar projetos de compensação de carbono.

Sumidouros – quaisquer processos, atividades ou mecanismos, incluindo a biomassa e, em especial, florestas e oceanos, que têm a propriedade de remover um gás de efeito estufa e aerossóis da atmosfera.

*Verbetes extraídos do livro “Perguntas e Respostas sobre o Aquecimento Global”, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), escrito por Erika de Paula Pedro Pinto, Paulo Moutinho, Liana Rodrigues, Flávia Gabriela Oyo França, Paula Franco Moreira e Laura Dietzsch

Um comentário:

Antonio Celso da Costa Brandão disse...

Para Dinamarca, acordo climático foi 'melhor que nada'


COPENHAGUE - O primeiro-ministro dinamarquês, Lars Loekke Rasmussen, defendeu ontem o bastante criticado acordo climático resultante da conferência patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em Copenhague. Segundo Rasmussen, o acordo obtido "foi melhor que nada". Ele disse que o encontro seria um fracasso se não houvesse resultado algum e notou ainda que a presença dos chefes de Estado foi fundamental para se romper o impasse na reta final.

O resultado do encontro no qual a Dinamarca atuou como anfitriã "não foi um resultado ruim", disse Rasmussen à emissora TV2. "Nós fomos capazes de levar à mesma mesa os Estados Unidos, China, Índia, Brasil, África do Sul, Europa, países pobres e pequenas ilhas, para fechar um acordo em Copenhague", disse.

O Acordo de Copenhague foi bastante condenado como um pacto que excluía os pobres, no momento em que o mundo é ameaçado por desastrosas mudanças climáticas. O acordo não tem força de lei, foi feito após duas semanas de negociações tensas e fechado por líderes de EUA, China, Índia, Brasil, África do Sul e as mais importantes nações da Europa.

A conferência da ONU estabeleceu um compromisso de limitar o aquecimento global em no máximo 2ºC. Não ficaram expressas, porém, as importantes metas para redução das emissões de gases causadores do efeito estufa para 2020 e 2050. Essas metas são consideradas cruciais para evitar o aumento das temperaturas. O acordo também promete o envio de US$ 100 bilhões a nações pobres, que podem ser as principais vítimas do aquecimento global, mas não fixa como esses pagamentos devem ser feitos.

Críticas

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, afirmou hoje que um pequeno grupo de países acabou atrapalhando o acordo, ao esperar benefícios financeiros com o pacto. Em um podcast que deve ser divulgado ainda hoje, Brown elogia o fato de haver um acordo, mas adverte que lições foram aprendidas sobre a forma de conduzir essas negociações.

O premier notou que é importante evitar o impasse ocorrido em Copenhague, que "ameaçou" as negociações. Ele não mencionou nenhum país especificamente, mas o secretário britânico para Mudanças Climáticas, Ed Miliband, acusou anteriormente a China de "sequestrar" a conferência, ao bloquear um acordo com força de lei. Em artigo escrito no jornal britânico "The Guardian", Miliband acusou também Sudão, Bolívia e outros países latino-americanos não especificados de atrapalharem um acordo.

Já o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, afirmou hoje que Pequim teve um papel "importante e construtivo" nas negociações em Copenhague. As declarações foram divulgadas em entrevista à agência estatal Xinhua.

A China é o maior emissor de gases causadores do efeito estufa no mundo, à frente dos EUA. Segundo Wen, o Acordo de Copenhague estabelece "metas de longo prazo" para a comunidade global. O primeiro-ministro chinês afirmou que seu país deseja "trabalhar com todos os lados, usando o encontro de Copenhague como um novo ponto de partida para o completo cumprimento dos compromissos". As informações são da Dow Jones.

Fonte: AE - Agencia Estado