7.16.2012

FDA aprova primeiro comprimido 'anti-Aids'

EUA aprovam venda do Truvada, primeiro remédio preventivo contra a Aids

O Truvada é o primeiro tratamento preventivo contra a Aids.
O Truvada é o primeiro tratamento preventivo contra a Aids.
DR

A Agência americana de Medicamentos (FDA) aprovou nesta segunda-feira a venda no mercado do anti-retroviral Truvada, o primeiro tratamento de prevenção contra a aids. Para as autoridades sanitárias, o remédio pode contribuir para reduzir novas infecções. O Truvada já foi testado em seis países, entre eles, o Brasil.

"A aprovação do Truvada é uma etapa importante na luta contra a aids", declarou a diretora da Agência americana, Margaret Hamburg.
Tomado diariamente, o remédio deve agir como um profilático antes do contato com um portador do vírus, combinado com práticas sexuais seguras como o uso de preservativos, testes regulares e tratamento de outras doenças venéreas. Assim, a transmissão do vírus aos adultos de alto risco pode ser limitada.

Brasil participou da experiência
A cada ano, cerca de 50 mil adultos e adolescentes americanos são contaminados pelo vírus HIV, apesar dos métodos de prevenção, das estratégias de educação, dos testes e dos cuidados em relação às pessoas já portadoras.
O objetivo dos Estados Unidos é reduzir em 25% o número de novas contaminações, até 2015. O custo do tratamento com o Truvada varia entre US$12 mil e US$14 mil por ano.
A eficiência do remédio já foi demonstrada em ensaios clínicos em seis países, entre eles, o Brasil, junto a 2.499 homens homossexuais soronegativos, entre 2007 e 2009. O risco de contaminação foi reduzido em 44% nos participantes que também usaram preservativos.
Nenhum efeito secundário foi constatado durante os testes clínicos; os efeitos mais comuns seriam diarreia, náusea, dores abdominais, dor de cabeça e perda de peso. Os efeitos secundários mais graves, e raros, teriam repercussão nos rins e os ossos.
O sinal verde para a venda do remédio acontece pouco antes da Conferência Internacional sobre a Aids que acontecerá em Washington, de 22 a 27 de julho.


DA FRANCE PRESSE
A FDA (agência que regula remédios e alimentos nos Estados Unidos) anunciou nesta segunda-feira a aprovação do Truvada, do laboratório Gilead Sciences, como primeira pílula para ajudar a prevenir o HIV em alguns grupos de risco.

Paul Sakuma/Associated Press
Pílula do Truvada, da Gilead Sciences, recém-aprovada como droga preventiva contra o HIV
Pílula do Truvada, da Gilead Sciences, recém-aprovada como droga preventiva contra o HIV
"O Truvada é para utilizar na profilaxia prévia à exposição em combinação com práticas de sexo seguro para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco. O Truvada é o primeiro remédio aprovado com esta indicação", afirmou a FDA.
O Truvada é encontrado no mercado americano desde 2004 como tratamento para pessoas infectados com HIV, indicado em combinação com outros remédios antirretrovirais.
Em maio, um painel assessor da FDA pediu para aprovar o Truvada como prevenção para pessoas não infectadas, depois que testes clínicos mostraram que este medicamento pode reduzir o risco de HIV em homens homossexuais de 44 a 73%.
SÓ GRUPOS DE RISCO
A aprovação do Truvada como estratégia de prevenção não significa que ele deve ser usado indiscriminadamente. Como todo medicamento antirretroviral, ele possui efeitos alguns efeitos colaterais. Entre eles vômito, diarreia, náuseas e tontura. Em alguns poucos casos mais graves, há registros de intoxicação do fígado e até de enfraquecimento dos ossos.
Por isso, somente pessoas em grupos de risco muito específicos, como alguém sem o vírus que tem um parceiro infectado pelo HIV, deve tomar o remédio.
O FDA lembra ainda que o remédio é apenas auxiliar. O uso do preservativo não deve ser interrompido.
Além disso, é preciso haver rigor com o horário e as doses da medicação para que o efeito preventivo seja atingido.

Famosos que contraíram HIV

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O cantor Cazuza, que morreu em decorrência da Aids em 1990 >> O cantor e compositor Cazuza durante show no Palace, em São Paulo, em 1988.(São Paulo (SP), 1988, foto de Masao Goto


1ª pílula de prevenção ao vírus da aids

Antes só usado no tratamento, Truvada pode agora ser utilizado para evitar a doença. No Brasil, a droga já foi registrada e, portanto, pode ser comercializada

Medicamento Truvada
Truvada: medicamento poderá ajudar pessoas com alto risco de contrair o vírus HIV a evitar a doença (Divulgação)
O FDA, órgão do governo americano que controla drogas e alimentos, anunciou nesta segunda-feira a aprovação do Truvada, fabricado pelo laboratório Gilead Sciences, como primeira pílula para ajudar a prevenir a contração do HIV em grupos de alto risco. O órgão ressalta, porém, que o medicamento é incapaz de evitar a doença sozinho: deve ser usado com outros meios, como a camisinha.

Saiba mais

TRUVADA
O Truvada, comercializado desde 2004, é a combinação de outras duas drogas, mais antigas, usadas no combate ao HIV: Emtriva e Viread. Os médicos normalmente receitam a medicação como parte de um coquetel que dificulta a proliferação do vírus, reduzindo as chances de a aids se desenvolver.

A capacidade de prevenção do Truvada foi anunciada pela primeira vez em 2010 como um dos grandes avanços médicos na luta contra a epidemia de aids. Um estudo de três anos descobriu que doses diárias diminuíam o risco de infecção em homens saudáveis em 44%, quando acompanhados por orientação e pelo uso de preservativo.
O Truvada costuma provocar, como efeito colateral, vômitos, diarreia, náuseas e tontura.  Há casos também de intoxicação do fígado, perda óssea e alteração da função renal.

O remédio já está no mercado para tratar a doença. A aprovação do FDA permite que a empresa Gilead Sciences, fabricante da medicação, venda a droga formalmente nas condições estabelecidas pelo órgão.
"O Truvada é para ser utilizado na profilaxia prévia à exposição, em combinação com práticas de sexo seguro, para prevenir as infecções do HIV adquiridas por via sexual em adultos de alto risco. O Truvada é o primeiro remédio aprovado com esta indicação", afirmou o FDA.
Com a decisão do FDA, médicos estão autorizados a prescrever o Truvada nos Estados Unidos a grupos como prostitutas ou casais em que um dos parceiros é soropositivo. Ricardo Shobbie Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), porém, afirma que, como os estudos mais conclusivos até o momento dizem respeito a homens que fazem sexo com homens, a droga deve inicialmente ser indicada para esse grupo. José Valdez Madruga, infectologista e coordenador de Pesquisa em Novos Medicamentos do Centro de Referência e Tratamento de Aids (CRT), de São Paulo, também afirma que, por enquanto, os estudos com resultados mais fortes analisaram grupos homossexuais.
A posição definitiva do FDA veio dois meses após o órgão ter se mostrado favorável a um estudo que indicou que o medicamento pode reduzir de 44% a 73% o risco de contração do HIV em homens homossexuais. Na mesma semana, um comitê do FDA se reuniu e os especialistas se posicionaram a favor do uso do Truvada para esses fins.
O Truvada é encontrado no mercado americano desde 2004 como tratamento para pessoas infectadas com HIV. O medicamento é usado em combinação com outros remédios antirretrovirais. Agora, com a aprovação do FDA, a droga passa a ser recomendada também para pessoas não infectadas.
Apesar de comemorada por grande parte da comunidade científica, a nova indicação para o Truvada foi rejeitada por alguns grupos de prevenção a aids, como a Aids Healthcare Foundation, dos Estados Unidos. De acordo com a organização, o uso contínuo do medicamento pode induzir a uma falsa sensação de segurança. Isso levaria, segundo a organização, a um menor uso de métodos preventivos mais eficazes, como a camisinha.

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Brasil — Em maio, logo após o primeiro sinal verde do FDA em relação ao uso do Truvada para a prevenção do HIV, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) registrou o medicamento no Brasil. A droga, no entanto, não passou a ser utilizada automaticamente no país. De acordo com o Ministério da Saúde, a inclusão do medicamento no coquetel distribuído no país foi analisada há dois anos e não foi encontrada a necessidade na troca das drogas.
Segundo Diaz, o Truvada é uma alternativa mais cara para o coquetel que já é distribuído pelo Ministério da Saúde. "Ele encarece o tratamento sem necessidade, já usamos medicamentos similares e mais baratos", diz. Mas, como a droga é devidamente registrada no país, ela pode ser receitada e comercializada.

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