Um estudo divulgado nesta segunda-feira na publicação especializada Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS) indica que os efeitos colaterais de medicamentos, mesmo com os avanços da ciência, talvez sejam inevitáveis.
Para fazer efeito, as moléculas dos medicamentos
precisam se ligar às proteínas do nosso organismo por "bolsos únicos". O
problema é que, às vezes, elas se ligam, além do alvo pretendido, com
proteínas que não tem nada a ver com o problema a ser combatido. O
resultado são os efeitos colaterais. Um exemplo disto é a sulfonamida,
um tipo de antibiótico que é usado em diversos casos, mas, por outro
lado, pode ter efeitos no sistema nervoso que vão de náusea e dor de
cabeça a alucinação e psicose.
A ideia de que uma pequena molécula pode ter apenas uma proteína-alvo não pode ser suportada
Jeffrey Skolnick
Pesquisador do Instituto de Tecnologia da Geórgia
O que o novo estudo indica é que a quantidade desses
"bolsos únicos" é menor do que se imaginava: não existiriam mais do que
500 deles. Ou seja, as chances de uma molécula atingir um alvo
inesperado são relativamente altas. Além disso, seria muito difícil
criar moléculas que atuem apenas em alvos específicos, sem "atingir"
outros não planejados.
"Nosso estudo provê uma racionalização do porquê de
várias drogas terem significantes efeitos colaterais - porque é
intrínseco ao processo", diz Jeffrey Skolnick, do Instituto de
Tecnologia da Geórgia (EUA). "Existe apenas um pequeno número de
diferentes bolsos de ligação. A chance de haver uma geometria em uma
composição de aminoácido que se conectará à mesma ligação (de outras
proteínas) se torna muito maior do qualquer um teria antecipado. Isso
significa que a ideia de que uma pequena molécula pode ter apenas uma
proteína-alvo não pode ser suportada."
Apesar da possibilidade de ser impossível evitar todos
os efeitos colaterais, o estudo indica que é possível deixa-los menos
perigosos. Caberia aos cientistas e laboratórios entender melhor quais
são esses bolsos de ligação e como eles funcionam para evitar afetar
aqueles relacionados com processos fundamentais do nosso corpo.
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