Nada menos que 38% de entrevistados em pesquisa dizem que trocariam relação por aparelho
Rio - Fazer sexo já não é mais prioridade para
muita gente. E a nova geração de ‘abstinentes’ trocaria as relações por
um aparelho: o celular. Pesquisa com 7,5 mil voluntários, incluindo
brasileiros, revelou que quase 40% preferem ficar sem transar por um ano
a abandonar o telefone pelo mesmo tempo.
O levantamento, da Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a empresa de tecnologia Qualcomm, entrevistou pessoas em países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, Brasil, China e Índia. Os participantes foram questionados sobre o que preferiam: ficar um ano sem um determinado aspecto do cotidiano ou sem o celular durante o mesmo período?
Estabelecer limites é importante
Para o psiquiatra André Brasil, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o ‘sinal de alerta’ para a dependência tecnológica deve acender entre o grupo que aceitou viver sem sexo e outras atividades importantes. Além da distância dos aplicativos e das redes sociais, o medo de ficar sem informações importantes é outro aspecto que ‘prende’ as pessoas aos telefones, segundo o especialista.
Reportagem de Beatriz Salomão, Gabriela Mattos e Fernando Souza
O levantamento, da Boston Consulting Group (BCG) em parceria com a empresa de tecnologia Qualcomm, entrevistou pessoas em países como Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, Brasil, China e Índia. Os participantes foram questionados sobre o que preferiam: ficar um ano sem um determinado aspecto do cotidiano ou sem o celular durante o mesmo período?
Em relação ao ato sexual, menos
brasileiros que a média total da pesquisa toparam a ‘abstinência’: 25%.
Americanos e alemães também relataram propensão à troca (33%) um pouco
menor. Por outro lado, 66% dos coreanos abririam mão do sexo.
Mas a atividade mais ‘descartável’ em
prol do aparelho foi jantar fora, com índice de 64%. Em segundo lugar,
vieram renunciar a um dia de folga e ter um animal de estimação (51%).
Os chineses mostraram mais disposição para reduzir o descanso semanal
(55%). As entrevistas foram feitas entre setembro e novembro e os dados,
apresentados esta semana no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
O DIA
foi às ruas da Lapa, ontem, para saber de quais itens da pesquisa os
cariocas abririam mão para não ficar sem o celular durante um ano. De
seis entrevistados, um deixaria de lado as relações sexuais. “Acho que o
sexo não é tão importante para a vida. Mas para não abandonar as outras
situações, a gente acaba acostumando a viver sem o aparelho”, disse o
aposentado Arnoldo Viellena, de 69 anos.
Já as amigas estudantes Carmem Sousa,
23, e Janaira Araújo, 18, deixariam apenas de jantar fora e de folgar.
“Acho que abrir mão de sexo seria loucura. Sou viciada em celular, mas
há certas coisas que não podemos deixar de fazer”, destacou Carmem. Já
para a estudante Ana Lourenço, 28, o pior não é abandonar o aparelho,
mas sim ficar sem internet. “Já viajei e fiquei um mês sem o celular.
Fiquei ótima. Só não conseguiria ficar sem a internet”, ressaltou.
O assistente administrativo Gabriel de Souza,
28, não considera o celular ‘digno’ de ocupar o lugar de nenhuma das
atividades listadas na pesquisa. Ele acrescenta ainda que o dispositivo
tornou as relações mais artificiais. “As pessoas esquecem das
verdadeiras amizades”, analisou. Assim como Gabriel, o professor de
inglês Nelson Luiz Almeida, 29, não é viciado em celular e só o utiliza
no horário de trabalho. “Já fiquei dois anos sem o telefone. Consigo ir à
academia e passear sem utilizá-lo”.Estabelecer limites é importante
Para o psiquiatra André Brasil, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), o ‘sinal de alerta’ para a dependência tecnológica deve acender entre o grupo que aceitou viver sem sexo e outras atividades importantes. Além da distância dos aplicativos e das redes sociais, o medo de ficar sem informações importantes é outro aspecto que ‘prende’ as pessoas aos telefones, segundo o especialista.
“Trocar atividades prazerosas e
necessárias pelo celular pode ser doença”, aponta. Segundo ele, são mais
suscetíveis ao vício pessoas tímidas, retraídas e com traços de
ansiedade e depressão. Para elas, diz André, é mais fácil conviver no
meio virtual do que no real e o aparelho funciona como fuga e ‘remédio’
para a solidão.
Segundo ele, a redução do uso dos dispositivos
eletrônicos deve ser gradativa. Por exemplo, a pessoa pode trocar
algumas horas de uso dos eletrônicos por atividades ‘offline’. Mas a
dica de reduzir o uso vale para todos, viciados ou não. “É importante
estabelecer um limite. O celular não pode atrapalhar a rotina. Se
prejudicar, é melhor não usar”.Reportagem de Beatriz Salomão, Gabriela Mattos e Fernando Souza
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