Renata Hirota.
Lisboa, 21 jan (EFE). - Pesquisadores da Fundação Champalimaud de Lisboa podem estar perto de descobrir a verdadeira função da serotonina, substância química produzida no cérebro e habitualmente vinculada à felicidade.
Conforme um estudo publicado na revista científica americana "Current Biology", ela tem ligação mais direta com a paciência do que com o bem-estar. Apesar de normalmente ser relacionada à sensação de alegria por estar presente em vários antidepressivos, há outras opiniões sobre a verdadeira função dela.
"Há uma impressão generalizada de que a serotonina causa felicidade, mas nossas pesquisas mostram que essa afirmação é contraditória", afirma à Agência Efe o neurocientista americano Zachary Mainen, diretor do Programa de Neurociências da Champalimaud e responsável pela pesquisa.
O grupo de estudo, liderado por Mainen, procura pistas sobre a função principal da serotonina que, segundo suas mais recentes pesquisas, pode ter alguma relação com a paciência. Os cientistas chegaram a essa conclusão depois de realizar experimentos com ratos, nos quais os animais tinham que esperar uma quantidade indeterminada de tempo para receber uma recompensa.
"Os ratos foram manipulados de modo que a serotonina pudesse ser artificialmente ativada através de laser", lembra o especialista.
Os pesquisadores constataram que os ratos esperavam mais tempo sob o efeito da substância. Embora a diferença seja de segundos, Mainen garante que "percentualmente é uma diferença significativa".
Segundo o pesquisador, a relação da serotonina com a sensação de felicidade é uma percepção pública, mas cientificamente é um pouco mais complicado. Ele explica que há pouca informação que relaciona a serotonina como causa direta da sensação de bem-estar.
"Há outras drogas, além dos remédios antidepressivos, que atuam no funcionamento e produção de serotonina, como alucinógenos, entre eles fungos e LSD, mas normalmente não se relaciona com o sentimento de felicidade", detalha o neurocientista.
O mistério sobre a função central dessa substância confundiu cientistas desde que a substância natural foi isolada e nomeada pela primeira vez, em 1948. Muitos estudos defendem efeitos diferentes nos movimentos, tomada de decisões, percepção, ansiedade e, até mesmo, outros efeitos não relacionados as emoções.
"O grande problema é o panorama geral, a função central", resume Mainen.
A serotonina tem efeitos colaterais negativos sobre o apetite e a atividade sexual. Para Mainen, a felicidade não é um efeito direto da substância natural.
"Se o efeito fosse fazer feliz, os efeitos colaterais seriam mais energia e atividade sexual, por exemplo, algo relacionado com essa sensação de alegria", justifica o cientista.
Outro feito que corrobora com a teoria de que a função central da serotonina não é a alegria é que os antidepressivos demoram cerca de três semanas até começar a funcionar.
"Há algum outro processo anterior que demora semanas em se desenvolver, mas ainda não sabemos o que é exatamente", explica.
Sobre os avanços possíveis na área dos medicamentos utilizados em tratamentos de depressão e ansiedade, Mainen destacou que, com esta pesquisa, será possível entender melhor o que a serotonina faz e como os remédios afetam no funcionamento do organismo.
Lisboa, 21 jan (EFE). - Pesquisadores da Fundação Champalimaud de Lisboa podem estar perto de descobrir a verdadeira função da serotonina, substância química produzida no cérebro e habitualmente vinculada à felicidade.
Conforme um estudo publicado na revista científica americana "Current Biology", ela tem ligação mais direta com a paciência do que com o bem-estar. Apesar de normalmente ser relacionada à sensação de alegria por estar presente em vários antidepressivos, há outras opiniões sobre a verdadeira função dela.
"Há uma impressão generalizada de que a serotonina causa felicidade, mas nossas pesquisas mostram que essa afirmação é contraditória", afirma à Agência Efe o neurocientista americano Zachary Mainen, diretor do Programa de Neurociências da Champalimaud e responsável pela pesquisa.
O grupo de estudo, liderado por Mainen, procura pistas sobre a função principal da serotonina que, segundo suas mais recentes pesquisas, pode ter alguma relação com a paciência. Os cientistas chegaram a essa conclusão depois de realizar experimentos com ratos, nos quais os animais tinham que esperar uma quantidade indeterminada de tempo para receber uma recompensa.
"Os ratos foram manipulados de modo que a serotonina pudesse ser artificialmente ativada através de laser", lembra o especialista.
Os pesquisadores constataram que os ratos esperavam mais tempo sob o efeito da substância. Embora a diferença seja de segundos, Mainen garante que "percentualmente é uma diferença significativa".
Segundo o pesquisador, a relação da serotonina com a sensação de felicidade é uma percepção pública, mas cientificamente é um pouco mais complicado. Ele explica que há pouca informação que relaciona a serotonina como causa direta da sensação de bem-estar.
"Há outras drogas, além dos remédios antidepressivos, que atuam no funcionamento e produção de serotonina, como alucinógenos, entre eles fungos e LSD, mas normalmente não se relaciona com o sentimento de felicidade", detalha o neurocientista.
O mistério sobre a função central dessa substância confundiu cientistas desde que a substância natural foi isolada e nomeada pela primeira vez, em 1948. Muitos estudos defendem efeitos diferentes nos movimentos, tomada de decisões, percepção, ansiedade e, até mesmo, outros efeitos não relacionados as emoções.
"O grande problema é o panorama geral, a função central", resume Mainen.
A serotonina tem efeitos colaterais negativos sobre o apetite e a atividade sexual. Para Mainen, a felicidade não é um efeito direto da substância natural.
"Se o efeito fosse fazer feliz, os efeitos colaterais seriam mais energia e atividade sexual, por exemplo, algo relacionado com essa sensação de alegria", justifica o cientista.
Outro feito que corrobora com a teoria de que a função central da serotonina não é a alegria é que os antidepressivos demoram cerca de três semanas até começar a funcionar.
"Há algum outro processo anterior que demora semanas em se desenvolver, mas ainda não sabemos o que é exatamente", explica.
Sobre os avanços possíveis na área dos medicamentos utilizados em tratamentos de depressão e ansiedade, Mainen destacou que, com esta pesquisa, será possível entender melhor o que a serotonina faz e como os remédios afetam no funcionamento do organismo.
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