Foi arquivado e protocolado pelo Conselho Superior do Ministério Público de Minas Gerais, na última quinta-feira (4), um inquérito que apurava possíveis irregularidades na construção do aeroporto da cidade de Cláudio, município mineiro a 141 km de Belo Horizonte, em 2010. A obra foi feita em terras do tio-avô de Aécio Neves (PSDB) enquanto o tucano era governador do Estado.
O Ministério Público de Minas iniciou a apuração do caso em 2009 e resolveu arquiva-lo pela primeira vez em 2014, porém, como novas informações surgiram, os deputados estaduais de Minas pediram reabertura das investigações. O valor total do custo da obra foi de R$ 13,9 milhões.
O Conselho Superior do Ministério Público assumiu o inquérito, mas por sete votos a quatro resolveu encerrar de vez as investigações contra o ex-governador e atual senador da República pelo PSDB.

Terras da família de Aécio

A área escolhida para a construção do aeroporto de Cláudio foi um terreno desapropriado do senhor Múcio Guimarães Tolentino, tio-avô do senador Aécio Neves, no ano de 2008. Segundo reportagem da Folha de S.Paulo em julho de 2014, as chaves do aeroporto ficavam com a família do tio-avô.
Aécio Neves sempre sustentou que a escolha do local para a construção foi completamente técnica e que não houve nenhuma tentativa de favorecimento à família.

Histórico de favores familiares

Segundo reportagem da Folha de S.Paulo de setembro de 2015, foi construída em 1983 uma pista de pouso de terra batida no mesmo local, de propriedade do senhor Múcio, com dinheiro público. O valor da obra, atualizado pela inflação, foi de R$ 250, segundo apurou o jornal.
O que chama atenção é que o proprietário da terra onde foi construído o aeroporto, senhor Múcio, também era o prefeito da cidade de Cláudio. E o governador de Minas Gerais era Tancredo Neves, cunhado de Múcio e avô de Aécio Neves.

Indenização salva tio-avô

No ano de 2001, a Justiça bloqueou as contas e bens do tio-avô de Aécio, o impedindo de vender a área, justificando que ele se apropriou de um bem público.
Em 2008, o governo de Minas Gerais, que tinha Aécio Neves como governados, propôs desapropriar a área e pagar uma indenização de R$ 1 milhão a Múcio.
Em maio de 2015, Múcio foi condenado a ressarcir aos cofres públicos o valor de R$ 250 mil, porém, com um detalhe. O juiz que sentenciou o caso, Jacinto Copatto Costa, deu a dívida como paga, pois ordenou que fosse separado do dinheiro que está paralisado da indenização de R$ 1 milhão.
No final da cronologia, o tio-avô de Aécio construiu uma pista de pouso em seu terreno em 1983, foi condenado a pagar R$ 250 mil, porém, no fim da história, por ter tido a sorte de ser o proprietário da área que o governo de Minas resolveu construir um aeroporto vai receber R$ 750 mil.