Deputados questionam ‘voto de minerva’ de Araújo em caso de empate.
Parecer do novo relator deve ser apresentado nesta terça-feira (15).
José
Carlos Araújo já manifestou no plenário do Conselho de Ética sua
apreensão com a tentativa de aliados de Cunha para tirá-lo do comando do
colegiado (Foto: Reprodução/TV Câmara)
Após o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) ser destituído da relatoria do processo
de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a "tropa de choque" do
peemedebista mira agora no presidente do Conselho de Ética, deputado
José Carlos Araújo (PSD-BA). Os aliados do presidente da Câmara querem
que o deputadod do PSD se declare impedido de votar em caso de empate,
sob a argumentação de que "não age com isenção".Nas últimas semanas, a troca de farpas entre Araújo e Eduardo Cunha e seus aliados tem sido constante. O presidente do colegiado diz que há "golpe" e os acusa de manobrar para atrasar os trabalhos do conselho. Os parlamentarares próximos a Cunha, por sua vez, criticam a sua postura de Araújo à frente do conselho.
Na última quarta-feira (9), o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos homens da "tropa de choque", entrou com um pedido formal questionando o "voto de minerva" de Araújo, para que ele deixe de usar essa prerrogativa. O conselho é formado, contando o presidente do colegiado, por 21 integrantes titulares. Pelo regimento, o presidente pode desempatar votações.
Marun, entretanto, alega que Araújo já declarou, em entrevista a uma rádio local da Bahia, a sua posição contra o presidente da Câmara. O aliado de Cunha lista ainda uma série de decisões durante as sessões que demonstrariam o posicionamento do parlamentar baiano. "O seu desejo de punir está contaminando o processo", disse o peemedebista ao G1.
Araújo também é alvo de ataques de Manoel Júnior (PMDB-PB), outro aliado Cunha. "O senhor tem sido um descumpridor contumaz o regimento da Casa", disse Manoel durante uma das sessões.
A estratégia da "tropa de choque" de desqualificar o presidente do conselho foi classificada de "golpe" por deputados adversários de Cunha. O próprio Araújo já se queixou durante sessões do colegiado sobre a articulação que está sendo feita para tirar poderes dele.
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O questionamento é visto por alguns como parte de mais uma manobra para atrasar o andamento dos trabalhos do Conselho de Ética. Na próxima terça-feira (15), o novo relator do caso, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), deve apresentar o seu parecer pelo prosseguimento das investigações por suposta quebra de decoro parlamentar.
Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, um dos defensores mais aguerridos de Eduardo Cunha, a expectativa é que os aliados do peemedebista apresentem nesta semana um novo pedido de vista (mais tempo para analisar).
Paulinho afirmou, porém, que poderá defender a votação no relatório, se o texto se restringir a "questões formais", sem adentrar o mérito da denúncia.
O relator do processo já adiantou ao G1 que vai defender a admissibilidade e ressaltou não temer recurso por "antecipação de julgamento". Na visão de Marcos Rogério, as investigações sobre o presidente da Câmara devem prosseguir porque a representação apresentada contra o peemedebista cumpre "requisitos formais".
"Tem alguns dos nossos companheiros que pretendem pedir vista. Eu acho que não vou. Como Marcos Rogério é uma pessoa centrada, acho que ele vai fazer tudo dentro da legalidade. A tendência é o processo seguir, sem adentrar no mérito da denúncia", disse Paulinho.
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