12.12.2015

Após trocar relator, 'tropa de choque' de Cunha, apoiada pelo PSDB, atua para tirar presidente

Deputados questionam ‘voto de minerva’ de Araújo em caso de empate.
Parecer do novo relator deve ser apresentado nesta terça-feira (15).

Fernanda Calgaro e Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
José Carlos Araújo Conselho de Ética (Foto: Reprodução/TV Câmara)José Carlos Araújo já manifestou no plenário do Conselho de Ética sua apreensão com a tentativa de aliados de Cunha para tirá-lo do comando do colegiado (Foto: Reprodução/TV Câmara)
Após o deputado Fausto Pinato (PRB-SP) ser destituído da relatoria do processo de cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a "tropa de choque" do peemedebista mira agora no presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA). Os aliados do presidente da Câmara querem que o deputadod do PSD se declare impedido de votar em caso de empate, sob a argumentação de que "não age com isenção".
Nas últimas semanas, a troca de farpas entre Araújo e Eduardo Cunha e seus aliados tem sido constante. O presidente do colegiado diz que há "golpe" e os acusa de manobrar para atrasar os trabalhos do conselho. Os parlamentarares próximos a Cunha, por sua vez, criticam a sua postura de Araújo à frente do conselho.
Na última quarta-feira (9), o deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos homens da "tropa de choque", entrou com um pedido formal questionando o "voto de minerva" de Araújo, para que ele deixe de usar essa prerrogativa. O conselho é formado, contando o presidente do colegiado, por 21 integrantes titulares. Pelo regimento, o presidente pode desempatar votações.
Marun, entretanto, alega que Araújo já declarou, em entrevista a uma rádio local da Bahia, a sua posição contra o presidente da Câmara. O aliado de Cunha lista ainda uma série de decisões durante as sessões que demonstrariam o posicionamento do parlamentar baiano. "O seu desejo de punir está contaminando o processo", disse o peemedebista ao G1.

Araújo também é alvo de ataques de Manoel Júnior (PMDB-PB), outro aliado Cunha. "O senhor tem sido um descumpridor contumaz o regimento da Casa", disse Manoel durante uma das sessões.
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Agressões no Conselho de Ética (JN) (Foto: Reprodução Rede Globo)Wellington Ribeiro (gravata azul), um dos integrantes da 'tropa de choque' de Cunha, trocou tapas com o petista Zé Geraldo na sessão da última quinta-feira (10) do Conselho de Ética (Foto: Reprodução Rede Globo)
Para o deputado Wellington Roberto (PR-PB), que protagonizou uma briga nesta semana com o petista Zé Geraldo (PA), também defende o impedimento de José Carlos Araújo votar para desempatar impasses no plenário. "O presidente já está mostrando um lado tendencioso", enfatizou.

A estratégia da "tropa de choque" de desqualificar o presidente do conselho foi classificada de "golpe" por deputados adversários de Cunha. O próprio Araújo já se queixou durante sessões do colegiado sobre a articulação que está sendo feita para tirar poderes dele.
Manobra protelatória
O questionamento é visto por alguns como parte de mais uma manobra para atrasar o andamento dos trabalhos do Conselho de Ética. Na próxima terça-feira (15), o novo relator do caso, deputado Marcos Rogério (PDT-RO), deve apresentar o seu parecer pelo prosseguimento das investigações por suposta quebra de decoro parlamentar.
Segundo o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força Sindical, um dos defensores mais aguerridos de Eduardo Cunha, a expectativa é que os aliados do peemedebista apresentem nesta semana um novo pedido de vista (mais tempo para analisar).

Paulinho afirmou, porém, que poderá defender a votação no relatório, se o texto se restringir a "questões formais", sem adentrar o mérito da denúncia.

O relator do processo já adiantou ao G1 que vai defender a admissibilidade e ressaltou não temer recurso por "antecipação de julgamento". Na visão de Marcos Rogério, as investigações sobre o presidente da Câmara devem prosseguir porque a representação apresentada contra o peemedebista cumpre "requisitos formais".

"Tem alguns dos nossos companheiros que pretendem pedir vista. Eu acho que não vou. Como Marcos Rogério é uma pessoa centrada, acho que ele vai fazer tudo dentro da legalidade. A tendência é o processo seguir, sem adentrar no mérito da denúncia", disse Paulinho.
VALE ESTE - Tropa de Choque Cunha e governo (Foto: Editoria de Arte/G1)

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