Em carta a Dilma, Temer diz ter sido vice decorativo
Em tom de desabafo, vice-presidente Michel Temer (PMDB) chorou suas mágoas e apontou em carta a presidente Dilma Rousseff “fatos reveladores” da desconfiança que o governo possui em relação a ele e ao PMDB; mais tarde, ele disse que se surpreendeu com a divulgação do texto, “em face da confidencialidade”: “Eu já tinha me decepcionado quando os ministros Edinho Silva (Comunicação Social) e Jaques Wagner (Casa Civil) divulgaram versões equivocadas do meu último encontro com a presidente, me deixando mal jurídica e politicamente”; pela manhã, a presidente Dilma disse não ver motivos para desconfiar de Temer, “um milímetro”Ordem no Planalto é deixar Temer agir e se expor como um 'traidor'
Para interlocutores da presidente Dilma Rousseff, o vice peemedebista se caracteriza como “conspirador” perante a opinião pública, toda vez que se reúne com opositores. Quer ganhar a presidência sem ter votos, como é próprio do seu partido (PMDB).
Brasília
- O governo adotou a estratégia de evitar ao máximo o confronto com o
vice-presidente Michel Temer que tem se movimentado em conversas com
opositores da presidenta Dilma Rousseff e levantado um clima de
desconfiança sobre sua lealdade. As afirmações e reafirmações de Dilma
sobre a confiança no vice tem o objetivo de deixar para Temer a
iniciativa de um possível rompimento. As rugas expostas pelo
vice-presidente na noite dessa segunda-feira em uma rede social
sinalizam que a estratégia pode dar resultado.
Por Luciana Lima do iG Brasília
Os caciques do partido irão a público hoje falar do teor da carta na tentativa de amenizar a repercussão negativa, mas internamente as críticas foram muito duras. “Ele repetiu seu papel predileto, de gerente de RH”, criticou Renan Calheiros a um grupo de senadores lembrando do que disse publicamente em abril deste ano.
"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH (Recursos Humanos), para distribuir cargos e boquinhas", afirmou Renan.
Outro senador ligado à cúpula do PMDB também considerou “muito ruim” a carta de Michel Temer por tratar apenas de interesses pessoais e “nenhuma linha sobre a grave situação política, econômica e social do país”.
Mesmo de sorriso amarelo, os principais caciques do partido combinaram de falar que a carta de Michel Temer é um “desabafo em tom pessoal e que revela a vontade do vice presidente em participar mais das formulações do governo”.
Além disso, existem avaliações de dentro do
Planalto de que Temer, com seus movimentos e com o seu silêncio sobre o
pedido de impeachment, tem construído a imagem de traidor, em vez de da
postura esperada de um vice.
Interlocutores da presidente evitam
criticar diretamente o vice, mas atribuem a postura obscura a um erro de
parlamentares que estão no entorno do vice. Para ministros mais
próximos, o entorno de Temer comete um erro básico na politica que é
passar a imagem de conspiração, em vez de construir a ideia de um vice
que sai mais forte do processo por ter ajudado Dilma a superar a crise
política.
Some-se a isso, a avaliação interna de que o
governo conseguirá votos suficientes para derrotar a proposta de
impeachment ainda na comissão especial criada para votar o assunto. Para
o governo, a oposição tem subestimado a mobilização das ruas contra o
impeachment que deverá ser engrossada, na avaliação do Planalto, por
pessoas que não apoiam a presidente, mas também não aceitam o
impeachment, sem um motivo que legalmente o justifique.
A oposição, de acordo com o governo, não
dimensiona corretamente o ambiente a ser criado nas ruas por quem não
apoia Dilma, mas considera o pedido de impeachment um “rompimento
democrático”. Um dos fatores que tem tranquilizados interlocutores da
presidente tem sido medido pelos auxiliares de Dilma nas redes sociais.
Antes
do pedido de impeachment ser encaminhado pelo presidente da Câmara,
Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Dilma contava com 15% de menções positivas nas
redes sociais. Depois disso, Dilma, segundo interlocutores, obteve uma
media de 25% de menções favoráveis.Por Luciana Lima do iG Brasília
Carta de Temer repercute mal no PMDB
Caciques do partido vão se pronunciar sobre documento nesta terça-feira
A carta do vice-presidente Michel Temer à presidente Dilma Rousseff repercutiu muito mal na cúpula do PMDB. Segundo interlocutores próximos à direção do partido, a avaliação é que o vice se “apequenou" ao insistir em cargos no governo. Na carta, Temer menciona os cargos perdidos dos ex-ministros Moreira Franco e Edinho Araújo. Também fala nos ministérios dados ao líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani.Os caciques do partido irão a público hoje falar do teor da carta na tentativa de amenizar a repercussão negativa, mas internamente as críticas foram muito duras. “Ele repetiu seu papel predileto, de gerente de RH”, criticou Renan Calheiros a um grupo de senadores lembrando do que disse publicamente em abril deste ano.
"O pior papel que o PMDB pode fazer é substituir o PT naquilo que o PT tem de pior, que é no aparelhamento do Estado. O PMDB não pode transformar a coordenação política, sua participação no governo, em uma articulação de RH (Recursos Humanos), para distribuir cargos e boquinhas", afirmou Renan.
Outro senador ligado à cúpula do PMDB também considerou “muito ruim” a carta de Michel Temer por tratar apenas de interesses pessoais e “nenhuma linha sobre a grave situação política, econômica e social do país”.
Mesmo de sorriso amarelo, os principais caciques do partido combinaram de falar que a carta de Michel Temer é um “desabafo em tom pessoal e que revela a vontade do vice presidente em participar mais das formulações do governo”.
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