Quem começa garante que vira mania. Especialistas alertam para os cuidados antes de sair por aí
Rio - Depois que começa a correr, muita gente diz
que não consegue mais parar. A corrida ajuda a liberar endorfina, que
traz inúmeros benefícios
ao organismo, como aumento de disposição, melhora no sistema
imunológico e alívio de dores. A serotonina, substância produzida pelo
sistema nervoso, também é responsável pela sensação de bem-estar. Por
isso, quando fica sem treinar, o corpo sente falta das substâncias
liberadas pelo exercício.
“Eu sou viciada nisso”, confessa a jornalista Rose Novaes, de 35 anos, que começou a correr há seis. Para ela, o principal ganho
do esporte foi acabar com o efeito sanfona. “Fiquei magra para sempre”,
brinca ela, que já viajou para fora do Brasil atrás de uma boa corrida.
Inspirados pelo espírito olímpico na cidade
que mais parece uma academia ao ar livre, muitos corredores de fim de
semana “invadem” pistas, calçadões, ruas e parques. Outros, acabam se
tornando frequentadores assíduos de grupos ou eventos de corridas
organizadas. É o caso da professora Patrícia Longhi, de 37 anos. “Eu não
gostava de correr, comecei para perder peso depois da gravidez. Mas aí
fui gostando e fiquei viciada”, comenta Patrícia, que começou há pouco
mais de um ano.Em janeiro deste ano, ela resolveu contratar uma assessoria especializada e hoje corre nos cinco dias úteis da semana, com treinos que variam de três a oito quilômetros. Aos domingos, chega a percorrer de 15 a 21 quilômetros. Patrícia já correu duas edições de meia maratona e outras duas corridas de 25km em ladeiras. Os benefícios? “Passei a ter mais pique para cuidar dos meus filhos, a ter mais paciência, menos estresse, mais disposição”, diz.
Mania para muitos cariocas, a atividade aeróbica, superdemocrática, tem enorme gasto calórico e pode ser feita ao ar livre. Para o professor da academia Physical, André Luiz da Silva, os iniciantes devem alternar corrida com caminhada, mantendo intensidade moderada, sem esquecer da hidratação antes, durante e depois. “É fundamental usar roupas leves, tênis adequados e ter a supervisão de um profissional de Educação Física”, aconselha. “A musculação é importante aliada, porque trabalha fortalecimento dos músculos envolvidos na corrida”, recomenda.
Novos hábitos e ganhos emocionais
O funcionário público Roberto Velloso, de 34 anos, que começou a correr há cerca de um ano e meio. Membro de um grupo de corrida da Nike, calça o tênis e vai às ruas até cinco dias por semana. Percorre, dependendo da intensidade do treino, de cinco a 20 quilômetros. “Tudo fica bom. O desgaste emocional diminui, você esquece tudo. Aquilo vira seu mundo, sua realidade. É como se te teletransportasse para um lugar só de alegrias”, comenta, entusiasmado.
Roberto destaca ainda os benefícios para a perda de peso e o fortalecimento muscular, além de consequências mais indiretas: “Fiz novas amizades, que me ajudaram a melhorar meus hábitos alimentares”.
Ortopedistas alertam para lesões
Antes de iniciar o treino é preciso saber o que se deve ou não fazer. Para o ortopedista Augusto Thadeu Cardoso Filho, especialista em Cirurgia do Joelho e Trauma do Esporte, é preciso respeitar os limites do corpo. “Isso quer dizer que a qualquer sinal de dor é necessário parar. Atletas de fim de semana são os mais suscetíveis a lesões”, comenta.
As mais comuns são distensão muscular, entorse de tornozelo e fascite plantar. “O ideal é que se procure antes um cardiologista e um ortopedista”, afirma. O ortopedista Karlos Celso de Mesquita lembra: “Sedentários que fazem esforço prolongado sem preparação adequada podem comprometer as estruturas dos membros inferiores e sofrer até fraturas”. Assim como Augusto, ele indica a caminhada como alternativa à corrida.
Colaborou o estagiário Caio Sartori
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