José Serra, para variar, meteu o bedelho na política econômica do Governo, para o silencioso desespero de Henrique Meirelles, o “quase-todo-poderoso” ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.
Anunciou que o Banco Central vai baixar os juros, em razão da queda (?) da inflação.
Como a matéria é numérica, cabe checar o que diz o “presidente adjunto” do Banco Central e as taxas, de juros e de inflação, do longo e criminoso período em que a autoridade monetária manteve a taxa Selic em 14,25%.
Um período que começou no dia 29 de julho do ano passado.
Há duas maneiras de analisar, pela inflação passada – que remunera parte dos títulos públicos já em mercado- e pela expectativa de inflação, que sugere o “prêmio” que será pago ao investido que, naquele momento, pelo comprador dos títulos.
Estes prêmios – o passado e o futuro – são, simplificadamente quantificados pela diferença entre as duas taxas: quando mais renderam os juros do que a inflação fez o dinheiro perder valor.
Em julho do ano passado, quando se estabeleceram os 14,5%, a inflação em 12 meses era de 9,56% em 12 meses.
Hoje, com os mesmos 14,5%, a taxa de inflação acumulada em um ano está em cerca de 8,5%.
Portanto, o juro real ( Selic – IPCA) já está maior em cerca de 1%.
Se usarmos o critério da expectativa da inflação (tomando como fonte o Boletim Focus, do BC, que apura as previsões das instituições financeiras) tem-se as seguintes diferenças.
No final de julho do ano passado – em um erro evidente – o “mercado” projetava uma taxa de inflação para os 12 meses seguintes de 5,67%.
Durante todo o período em que a inflação excedeu estas previsões, os juros reais foram – embora enormes – menores que o ganho esperado pelo mercado.
E estes ganhos foram se ampliando desde abril, quando o garrote da crise começou reduzir as taxas de inflação.
Hoje, a expectativa de inflação para os 12 meses a seguir é de 5,07%, meio ponto menor do que esperavam há um ano, para os mesmos 14,25%, imutáveis.
Não é preciso ser genial para ver que a taxa de juros reais subiu, embora a nominal permaneça inalterada.
A possível redução em 0,25% ou até 0,5% da taxa Selic, portanto, quer dizer pouco ou nada.
Mais ou menos tanto quanto José Serra tem a dizer em matéria de economia.
Aguarda-se, apenas, o retumbante pronunciamento de Marina Silva em defesa da independência do Banco Central contra as interferências políticas, outro acontecimento de relevo nas finanças e na produção brasileiras.
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