11.27.2016

Depois de Geddel, Temer terá que demitir Padilha

A entrevista do ex-ministro Marcelo Calero ao Fantástico foi devastadora para o governo de Michel Temer, que já está nas cordas; além de reiterar que foi pressionado por Temer e por Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, a atender um interesse privado do ex-ministro Geddel Vieira Lima, ele deu a entender que gravou Padilha numa situação constrangedora, mas que não poderia confirmar para não atrapalhar as investigações da Polícia Federal; a Temer, que o chamou de indigno, por ter feito as gravações, ele mandou um recado: "o servidor público tem que ser leal, mas não pode ser cúmplice"; ele também repetiu que Temer pediu a ele que aceitasse as pressões ilegítimas de Geddel, ao dizer que "a política tem dessas coisas"; para continuar respirando por aparelhos, Temer terá que demitir Padilha – de preferência, antes que apareçam as gravações 
247 – O escândalo La Vue, o espigão de 107 metros de altura, que agride o patrimônio histórico de Salvador, não se encerra com a demissão de Geddel Faria Lima, o braço direito de Michel Temer que tem um imóvel de R$ 2,4 milhões no empreendimento e pressionou seu colega Marcelo Calero a liberar obra embargada.
Em entrevista à jornalista Renata Lo Prete, exibida nesta noite no Fantástico, Calero deu um depoimento contundente, que deixa o governo Temer, já nas cordas, numa situação ainda pior.
Para continuar respirando por aparelhos, Temer terá que demitir outro de seus principais assessores: o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. Isso porque Calero deixa claro que a Polícia Federal e a procuradoria-geral da República já têm em seu poder gravações que comprometem Padilha.
Calero apenas disse que não poderia confirmar para não atrapalhar as investigações, mas fica claro que tanto Padilha como Geddel foram gravados, em ligações telefônicas – o que é perfeitamente legal.
O ex-ministro da Cultura também mandou um recado para Temer, que o chamou de indigno por ter feito as gravações. "O servidor público tem que ser leal, mas não pode ser cúmplice."
Ele também repetiu que Temer pediu a ele que aceitasse as pressões ilegítimas de Geddel, ao dizer que "a política tem dessas coisas."
Ou seja: o conselho de Temer era para que se buscasse a Advocacia-Geral da União, de modo a se buscar uma solução jurídica que permitisse atender ao pedido de Geddel.
Em coletiva nesta tarde, Temer disse apenas ter "arbitrado conflitos", mas não havia conflito algum, apenas a pressão de um ministro corrupto, Geddel Vieira Lima, sobre um ministro honesto, Marcelo Calero, para que ele praticasse um ato de corrupção e liberasse uma obra ilegal.
Calero também disse ter ficado chocado ao ver que, em plena crise econômica, a maior da história do País, que foi causada pelo golpe de 2016, as principais autoridades da República se dedicam a interesses paroquiais.
Em entrevista ao 247, o ex-ministro da AGU, José Eduardo Cardozo, diz que a participação de Temer no episódio pode levar a seu impeachment por crime de responsabilidade, uma vez que seu eventual delito, o de patrocinar o interesse privado de Geddel, se deu no atual mandato (leia aqui).

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