1) O vinho é mais feminino do que masculino. Até
semanticamente, porque tirando o substantivo que o designa, todos os
outros são femininos: a vinha, a uva, a colheita, a safra, a garrafa, a
taça … e a folha de parreira que cobriu (?) dona Eva.
2) Uma medida de vinho — uma garrafa ou um copo — tem muito mais água do que álcool.
ÁGUA – Cerca de 80% do vinho é constituído de água. elemento. O vinho pode, portanto, contribuir para a hidratação.
AÇÚCARES – No processo da fermentação, o açúcar da uva representado pela glicose e frutose, é transformado em álcool, porém, uma certa quantidade residual permanece, cerca de 1 a 3g/l nos vinhos secos.
VITAMINAS – A uva contém em sua composição uma série de vitaminas que são transferidas para o vinho. As principais detectadas são: B1 (TIAMINA – B2 (RIBOFLAVINA) – NIACINA (ÁCIDO NICOTÍNICO) – B6 (PIRIDOXINA) – B12 (COBALAMINA) – A (RETINOL) – C (ÁCIDO ASCÓRBICO). Cada uma delas funcionando como catalisadores nas reações orgânicas e ação preventiva de doenças específicas, (como a Tiamina na prevenção do Beri-Beri).
SAIS MINERAIS – O vinho possui uma quantidade significativa de oligoelementos como: Potássio, Cálcio, Fósforo, Zinco, Cobre, Flúor, Alumínio, Iodo, Magnésio, Boro, etc.
ÁLCOOL ETÍLICO – A participação do álcool na composição do vinho gira em torno de 7 a 14 g/litro, nos vinhos secos, que são os mais consumidos. Esse dado vem expresso no rótulo em % p/Vol. ou GL (Gay Lussac), que traduz a porcentagem ou teor de álcool por volume.
3 Pode-se fazer vinho branco com uvas tintas, mas não se pode fazer vinho tinto com uvas brancas. E isso porque quando se colocam os bagos de uva nos tonéis, e que eles começam a ser prensados – seja com o pé, a chamada “pisa”, seja por máquinas – o primeiro líquido que sai é branco, como a polpa da uva.
Então, se imediatamente se retirarem as cascas de uva tinta, as polpas e o mosto estarão produzindo um vinho branco; se esperarmos algumas horas (de 6 a 12h), estaremos produzindo um vinho rosé.
Mas o inverso não ocorre. Se prensarmos as cascas de uma uva branca ela não produzirá um vinho de outra cor.
4) As garrafas de vinho têm, na sua imensa maioria, 750 ml porque o vidro soprado foi descoberto pelos artesãos de Murano(Veneza) no século XVII. E essa medida era a maior autorizada pelas autoridades, para evitar que os sopradores sofressem embolia pulmonar.
Como hoje o processo é industrial, pode-se fazer a Magnum (1,5 litros e até de 12 litros. Veja abaixo (aquelas pequeninhas, de avião, nem menciono).
5) Os outros tamanhos das garrafas de vinho, são: meia = 375 ml; magnum (acima); jeroboam = 3 lit; rehoboam = 4, 5 lit; matusalem = 6 lit; salmanazar = 9 lit; balthazar = 12 lit
Obs: primeiro: tem garrafas ainda maiores, (nabucodonossor, melchior, mas aí já é raridade para excêntricos); 2) há variedade de nomenclatura de países para países: esta é a tabela francesa; 3) também para as garrafas de champagne, há outra classificação. Mas o que importa está acima.
Saúde … e força, para erguer uma ampola de 12 litros!
No Japão, o maior importador de Beaujolais do mundo, com sete milhões de garrafas, o lançamento se dá num resort em Hakone, a oeste de Tóquio, numa banheira cheia de vinho…
Essa distribuição é “militarmente” planejada. Ainda hoje, 66 anos depois, milhares de pessoas se reúnem à meia-noite e um minuto para prová-lo. Mas nunca antes. Contam que o presidente Mitterrand recebeu o primeiro-ministro alemão numa terça-feira anterior à quinta do lançamento e resolveu surprêende-lo com uma prova antecipada. Não conseguiu, sendo presidente da França!
Ele é produzido 100% com a uva Gammay.
E ao contrário do ciclo milenar da produção de um vinho: colheita, prensagem, armazenamento (mais de um ano), engarrafamento e distribuição, um punhado de produtores de Lyon decidiu, desde 1951, pular essa etapa — e acertaram no milhar! Bolaram uma jogada de marketing espetacular: fixaram uma data-réveillon para a distribuição dos Beaujolais no mundo. Como já disse, no primeiro minuto da terceira quinta-feira de novembro, em toda a França e em todos os distribuidores da marca, no mundo, um cartaz similar anuncia:
Ou seja: faz-se a colheita no fim do verão e, “vite, vite”, a vinificação e o engarrafamento. Cerca de 2 meses depois, sem barricas, sem descanso, sem maturação, milhares de garrafas têm que estar prontas para embarcar mundo afora. E, pelo menos idealmente, devem ser consumidas até o 31 de dezembro do próprio ano.
Rótulo?
Esse é o rótulo do Beaujolais engarrafado pelo veterano Joseph Drouhim, distribuído no Brasil com grande competência pela Mistral.
Cor?
Um violeta claro e brilhante como o olhar da Elizabeth Taylor. <
Paladar?
Como os demais, tem gosto de compota (sem açúcar) de frutas do campo, com predomínio de amoras, framboesas, cassis e morango. Porém (eu não desisto), lá longe tem “sugestões” de banana (terebentina), no final da boca. Mas é agradável, preenche o paladar e apresenta aspereza.
“Não morde”, dizia um crítico. É uma espécie de caramelo de vinho.
Moral da história: esqueçam o discurso. O Beaujolais é um vinho jovem, sem memória nem responsabilidade. Está mais ligado ao hedonismo do que à degustação tradicional. Não tem pedigree, nem se propõe: é um vinho solto, sem ontem nem amanhã.
Simples assim.
Obs: com todo o respeito pelo herói e primeiro presidente americano, reparem nas bochechas vermelhinhas: é do vinho Madeira!
Mas como é um vinho genuinamente português, vamos começar pelo começo, como pregava o Conselheiro Acácio. A Ilha A Ilha da Madeira está ligada à história de Portugal há pelo menos 6 séculos.
Só no século 18, no entanto, quando a Inglaterra e Portugal firmaram um tratado pelo qual os vinhos portugueses pagavam 1/3 a menos do que quaisquer outros vinhos para entrarem na Grã-Bretanha, o Madeira começou a sua carreira internacional. Não só porque abastecer o sedento (?) mercado inglês já era um ótimo negócio, mas porque aumentaram exponencialmente as exportações de vinhos fortificados (Porto e Madeira) para as Índias e para a América do Norte. E foi nessas viagens que ele aprendeu a fazer da adversidade (o jogo do mar e as longas distâncias) a sua essência e a sua diferença.
Tanto que os produtores da ilha passaram a enviar tonéis para as Índias (junto com outras mercadorias), que passou passou a ser chamado de Vinho da Roda ou de Vinho Torna Viagem., porque como os comerciantes de então não sabiam avaliar a demanda, enviavam tudo o que podiam — e voltava muito vinho Madeira.
Resultado (surpreeendente): o vinho voltava melhor! O calor e o movimento das caravelas faziam bem ao vinho…
Então, e movidos pela evidência de que o calor MELHORAVA o vinho, porque a aceleração do seu envelhecimento aumentavam a COMPLEXIDADE e SINGULARIDADE do Vinho Madeira, os vinhateiros das encostas de Funchal começaram a investir na técnica de ESTUFAGEM, que consistia (e consiste) em obter o mesmo efeito do Vinho Torna Viagem — sem sair da Ilha da Madeira!
Isto é, ou por aquecimento direto, ou por circulação de ar, ou por vapor de água circulando nas serpentinas de cobre que mergulhavam no vinho, se obtém o sabor inigualável deste longevo Cônsul de Portugal (o embaixador é o Porto). Essa técnica em qualquer outra elaboração de um vinho corresponderia a um tiro na cabeça: morte certa.
O Madeira é produzido com as uvas locais Tinta Negra, Sercial, Boal, Verdelho e a Malvasia, estas quatro últimas as como melhor resultado. Estas da foto foram degustadas na Churrascaria Palace, provavelmente a única churrascaria no Rio com essas preciosidades na vasta adega.
Mas deles todo, o Madeira pra chamar de meu, mesmo, é o Sercial 10 anos. Um néctar para se beber preenchido de silêncio, mentalizando uma oração à N. Sra. de Fátima para agradecer o milagre da vida!
2) Uma medida de vinho — uma garrafa ou um copo — tem muito mais água do que álcool.
ÁGUA – Cerca de 80% do vinho é constituído de água. elemento. O vinho pode, portanto, contribuir para a hidratação.
AÇÚCARES – No processo da fermentação, o açúcar da uva representado pela glicose e frutose, é transformado em álcool, porém, uma certa quantidade residual permanece, cerca de 1 a 3g/l nos vinhos secos.
VITAMINAS – A uva contém em sua composição uma série de vitaminas que são transferidas para o vinho. As principais detectadas são: B1 (TIAMINA – B2 (RIBOFLAVINA) – NIACINA (ÁCIDO NICOTÍNICO) – B6 (PIRIDOXINA) – B12 (COBALAMINA) – A (RETINOL) – C (ÁCIDO ASCÓRBICO). Cada uma delas funcionando como catalisadores nas reações orgânicas e ação preventiva de doenças específicas, (como a Tiamina na prevenção do Beri-Beri).
SAIS MINERAIS – O vinho possui uma quantidade significativa de oligoelementos como: Potássio, Cálcio, Fósforo, Zinco, Cobre, Flúor, Alumínio, Iodo, Magnésio, Boro, etc.
ÁLCOOL ETÍLICO – A participação do álcool na composição do vinho gira em torno de 7 a 14 g/litro, nos vinhos secos, que são os mais consumidos. Esse dado vem expresso no rótulo em % p/Vol. ou GL (Gay Lussac), que traduz a porcentagem ou teor de álcool por volume.
3 Pode-se fazer vinho branco com uvas tintas, mas não se pode fazer vinho tinto com uvas brancas. E isso porque quando se colocam os bagos de uva nos tonéis, e que eles começam a ser prensados – seja com o pé, a chamada “pisa”, seja por máquinas – o primeiro líquido que sai é branco, como a polpa da uva.
Então, se imediatamente se retirarem as cascas de uva tinta, as polpas e o mosto estarão produzindo um vinho branco; se esperarmos algumas horas (de 6 a 12h), estaremos produzindo um vinho rosé.
Mas o inverso não ocorre. Se prensarmos as cascas de uma uva branca ela não produzirá um vinho de outra cor.
4) As garrafas de vinho têm, na sua imensa maioria, 750 ml porque o vidro soprado foi descoberto pelos artesãos de Murano(Veneza) no século XVII. E essa medida era a maior autorizada pelas autoridades, para evitar que os sopradores sofressem embolia pulmonar.
Como hoje o processo é industrial, pode-se fazer a Magnum (1,5 litros e até de 12 litros. Veja abaixo (aquelas pequeninhas, de avião, nem menciono).
5) Os outros tamanhos das garrafas de vinho, são: meia = 375 ml; magnum (acima); jeroboam = 3 lit; rehoboam = 4, 5 lit; matusalem = 6 lit; salmanazar = 9 lit; balthazar = 12 lit
Obs: primeiro: tem garrafas ainda maiores, (nabucodonossor, melchior, mas aí já é raridade para excêntricos); 2) há variedade de nomenclatura de países para países: esta é a tabela francesa; 3) também para as garrafas de champagne, há outra classificação. Mas o que importa está acima.
Saúde … e força, para erguer uma ampola de 12 litros!
Um vinho solto, sem ontem nem amanhã
Há muitos anos reproduzo, tentando atualizá-lo, o post da “chegada do Beaujolais”. E geralmente (re)começo assim: hoje é quinta-feira, a terceira de novembro, data em que às 12.01 da madrugada o Beaujolais 2016 será distribuído por mais de 100 países.No Japão, o maior importador de Beaujolais do mundo, com sete milhões de garrafas, o lançamento se dá num resort em Hakone, a oeste de Tóquio, numa banheira cheia de vinho…
Essa distribuição é “militarmente” planejada. Ainda hoje, 66 anos depois, milhares de pessoas se reúnem à meia-noite e um minuto para prová-lo. Mas nunca antes. Contam que o presidente Mitterrand recebeu o primeiro-ministro alemão numa terça-feira anterior à quinta do lançamento e resolveu surprêende-lo com uma prova antecipada. Não conseguiu, sendo presidente da França!
Ele é produzido 100% com a uva Gammay.
E ao contrário do ciclo milenar da produção de um vinho: colheita, prensagem, armazenamento (mais de um ano), engarrafamento e distribuição, um punhado de produtores de Lyon decidiu, desde 1951, pular essa etapa — e acertaram no milhar! Bolaram uma jogada de marketing espetacular: fixaram uma data-réveillon para a distribuição dos Beaujolais no mundo. Como já disse, no primeiro minuto da terceira quinta-feira de novembro, em toda a França e em todos os distribuidores da marca, no mundo, um cartaz similar anuncia:
Ou seja: faz-se a colheita no fim do verão e, “vite, vite”, a vinificação e o engarrafamento. Cerca de 2 meses depois, sem barricas, sem descanso, sem maturação, milhares de garrafas têm que estar prontas para embarcar mundo afora. E, pelo menos idealmente, devem ser consumidas até o 31 de dezembro do próprio ano.
Rótulo?
Esse é o rótulo do Beaujolais engarrafado pelo veterano Joseph Drouhim, distribuído no Brasil com grande competência pela Mistral.
Cor?
Um violeta claro e brilhante como o olhar da Elizabeth Taylor. <
Paladar?
Como os demais, tem gosto de compota (sem açúcar) de frutas do campo, com predomínio de amoras, framboesas, cassis e morango. Porém (eu não desisto), lá longe tem “sugestões” de banana (terebentina), no final da boca. Mas é agradável, preenche o paladar e apresenta aspereza.
“Não morde”, dizia um crítico. É uma espécie de caramelo de vinho.
Moral da história: esqueçam o discurso. O Beaujolais é um vinho jovem, sem memória nem responsabilidade. Está mais ligado ao hedonismo do que à degustação tradicional. Não tem pedigree, nem se propõe: é um vinho solto, sem ontem nem amanhã.
Simples assim.
Um vinho instigante
Qual? O vinho Madeira, é claro. E até o George Washington sabia disso, tanto que brindou a Independência dos EUA, em 1776, com vinho Madeira!Obs: com todo o respeito pelo herói e primeiro presidente americano, reparem nas bochechas vermelhinhas: é do vinho Madeira!
Mas como é um vinho genuinamente português, vamos começar pelo começo, como pregava o Conselheiro Acácio. A Ilha A Ilha da Madeira está ligada à história de Portugal há pelo menos 6 séculos.
Só no século 18, no entanto, quando a Inglaterra e Portugal firmaram um tratado pelo qual os vinhos portugueses pagavam 1/3 a menos do que quaisquer outros vinhos para entrarem na Grã-Bretanha, o Madeira começou a sua carreira internacional. Não só porque abastecer o sedento (?) mercado inglês já era um ótimo negócio, mas porque aumentaram exponencialmente as exportações de vinhos fortificados (Porto e Madeira) para as Índias e para a América do Norte. E foi nessas viagens que ele aprendeu a fazer da adversidade (o jogo do mar e as longas distâncias) a sua essência e a sua diferença.
Tanto que os produtores da ilha passaram a enviar tonéis para as Índias (junto com outras mercadorias), que passou passou a ser chamado de Vinho da Roda ou de Vinho Torna Viagem., porque como os comerciantes de então não sabiam avaliar a demanda, enviavam tudo o que podiam — e voltava muito vinho Madeira.
Resultado (surpreeendente): o vinho voltava melhor! O calor e o movimento das caravelas faziam bem ao vinho…
Então, e movidos pela evidência de que o calor MELHORAVA o vinho, porque a aceleração do seu envelhecimento aumentavam a COMPLEXIDADE e SINGULARIDADE do Vinho Madeira, os vinhateiros das encostas de Funchal começaram a investir na técnica de ESTUFAGEM, que consistia (e consiste) em obter o mesmo efeito do Vinho Torna Viagem — sem sair da Ilha da Madeira!
Isto é, ou por aquecimento direto, ou por circulação de ar, ou por vapor de água circulando nas serpentinas de cobre que mergulhavam no vinho, se obtém o sabor inigualável deste longevo Cônsul de Portugal (o embaixador é o Porto). Essa técnica em qualquer outra elaboração de um vinho corresponderia a um tiro na cabeça: morte certa.
O Madeira é produzido com as uvas locais Tinta Negra, Sercial, Boal, Verdelho e a Malvasia, estas quatro últimas as como melhor resultado. Estas da foto foram degustadas na Churrascaria Palace, provavelmente a única churrascaria no Rio com essas preciosidades na vasta adega.
Mas deles todo, o Madeira pra chamar de meu, mesmo, é o Sercial 10 anos. Um néctar para se beber preenchido de silêncio, mentalizando uma oração à N. Sra. de Fátima para agradecer o milagre da vida!
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