1.07.2017

Queixa de sequestro em Uber vai para MP


Deputado denuncia caso de empresária que se diz ameaçada e roubada por motorista armado

 Rio - Revelada com exclusividade pelo DIA ontem, a denúncia de uma passageira contra um motorista de Uber, acusado de ameaçá-la com uma arma e sequestrá-la junto com a filha, uma bebê de seis meses, já está nas mãos da Justiça. Ao tomar conhecimento do caso pelo jornal, o deputado estadual Dionísio Lins (PP) entrou ontem com uma ação na Promotoria de Tutela Coletiva da Defesa do Consumidor e Contribuinte do Ministério Público do Rio.
Ele pede que sejam tomadas as medidas legais para que se apure o caso e também pretende cobrar uma posição da Uber sobre o ressarcimento dos R$ 12 mil que a vítima afirma ter sido obrigada a entregar ao motorista.
“É preciso saber se a direção do aplicativo vai ressarcir os R$ 12 mil roubados da passageira e se vai prestar algum tipo de atendimento psicológico, já que hoje existe apenas a profissão de taxistas regulamentada por lei”, disse o deputado. Ele informou ainda que vai solicitar às secretarias de Fazenda municipal e estadual a relação com o nome e endereço de todos os motoristas cadastrados no Uber e como é feito o processo de cadastramento.
A empresária de Niterói conta que viveu três horas de agonia em carro onde foi levada junto com a filha Reprodução
A vítima, uma empresária que mora em Niterói, afirma que embarcou em Icaraí com destino a Piratininga, na Região Oceânica do município, mas o motorista a rendeu com uma arma e mudou a rota, levando-a até Petrópolis, a 75 km de Niterói. Ela conta que rodou dentro do carro por três horas, sofrendo ameaças, e foi abandonada com a bebê na cidade da Região Serrana, após o motorista roubar seu celular e a quantia em dinheiro que tinha em sua bolsa.
Delegado responsável pelo caso, Robson da Costa, titular da 77ª DP (Icaraí), diz que solicitou o Boletim de Ocorrência feito pela vítima em Petrópolis, em caráter de urgência, e ontem mesmo já estava com o documento em mãos. “Vamos dar início às diligências, identificando o suspeito e fazendo o recolhimento das imagens de segurança do local, a princípio”, explicou.
Deputado cobra ficha criminal
O deputado quer saber ainda se a Uber levanta a ficha criminal de seus motoristas. “Há muito tempo estamos cobrando do representante do Uber na cidade, o senhor Fábio Sabba, como é feito o processo de seleção para atuar na empresa, se é feito um levantamento de bons antecedentes desses motoristas, onde são cadastrados, as certidões negativas que o Uber diz ter em seu poder, além de toda a documentação necessária para seu funcionamento na atividade de transporte de passageiros”, completou.
Após saber do caso, usuários do aplicativo em Niterói disseram estar receosos quanto à segurança do serviço. “Uso bastante o Uber, mas é importante saber quem é essa pessoa. Posso ser mais uma vítima se esse motorista ainda estiver na Uber”, disse a engenheira Paula Matheus, 31. Outra usuária preferiu não se identificar, pois se o motorista estiver solto, teme pela sua segurança. “Hoje está tudo tão violento. Moro bem perto de onde a menina pegou o carro. Não sei se volto a usar o app”, contou a estudante.
Taxa extra para garantir segurança
Desde quinta-feira, a Uber não informa se o motorista envolvido na denúncia de sequestro já foi identificado ou notificado pela empresa. E mantém o que disse anteriormente em nota oficial: “Em caso de investigações e processos judiciais, a Uber colabora com as autoridades nos termos da Lei”.
Coincidência ou não, a Uber está cobrando aos usuários, desde ontem, uma taxa de R$ 0,75 por viagem em todo o país. Segundo a empresa, a taxa é para “manter o crescimento saudável da plataforma no Brasil, que ajudará a apoiar iniciativas de segurança para motoristas parceiros e usuários, além de outros custos operacionais”.
Questionada sobre quais seriam essas ‘iniciativas’, a Uber não retornou até o fechamento desta reportagem. A tarifa do UberX, categoria mais barata do serviço, tem preço base de R$ 2 e cobra R$ 1,40 por quilômetro rodado, mais R$ 0,15 por minuto de viagem. Já o serviço Black tem preço base de R$ 4, cobra R$ 2 por quilômetro rodado e mais R$ 0,23 por minuto de viagem.

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