De maiô ou biquíni, foliãs unem conforto e criatividade contra calor em blocos do Rio
Looks mínimos têm sido escolha frequente no carnaval de rua. Com pouca roupa e muita atitude, mulheres querem liberdade e rechaçam assédio: 'Os caras é que têm que se tocar', diz foliã.
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Integrante da Cia de Mystérios e Novidades, com seios à mostra, à
frente do bloco Escravos da Mauá (Foto: Marco Antônio Martins/G1)
O carnaval não é lembrado exatamente pelo excesso de roupas, mas quem
vem curtindo o pré-carnaval do Rio já deve ter reparado que as mulheres
têm escolhido looks mínimos para cair na folia. Muitas foliãs deixam
saias, blusas e shorts em casa e as escolhas, com aposta no conforto e
na liberdade, têm sido por maiôs e biquínis, que conquistam adeptas nos
blocos da cidade. Há até quem tire a blusa e caia na folia com os seios
descobertos.
A produtora de moda Paloma Borges, de 25 anos, curte a folia assim: livre e despreocupada.
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A produtora de moda Paloma Borges aposta nos looks minimalistas para a folia (Foto: Paloma Borges/Arquivo Pessoal)
“Eu costumo me permitir bastante no carnaval e quero sair exatamente
como eu sinto vontade. Eu acho que o carnaval é um momento de liberdade e
catarse, as pessoas são ali o que elas querem ser e acho que essa
liberdade escorre pra hora de você se vestir”, opina ela.
Paloma acredita que o debate sobre feminismo tem incentivado mais
mulheres a se permitirem vestir como querem, inclusive com pouca roupa.
“Acho que, cada vez mais, as mulheres estão lembrando que podem vestir o que quiserem, sem passar calor, e que ninguém tem que se privar de usar o que quer por causa de assédio ou do que um cara vai falar. Os caras é que têm que se tocar de que você estar na rua não dá direito a ele fazer nada e se manter no lugar dele”, opina.
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Andréa investiu no maiô e adorou o conforto do look (Foto: Arquivo pessoal)
A internacionalista – assim se chama quem é formado em Relações
Internacionais – Andréa Ribeiro, de 30 anos, caiu pela primeira vez na
folia usando maiô neste pré-carnaval.
“Eu vi esse maiô e falei: ‘Cara, preciso ir com ele no bloco’ (...)
Tinha uma outra menina olhando um maiô e ela perguntou: ‘Ah, mas como é
que usa, com short?’. Eu falei: ‘Pra que short, gente, vai assim! Se a
gente usa pra ir pra praia, porque não pra ir pro bloco?’”, questiona
Andréa, que adorou o conforto da roupa e diz que não sofreu assédio. “Eu
fui de carro e andei só um pedaço do trajeto. As pessoas olharam sim,
mas não foi nada invasivo não. Umas pessoas comentaram que acharam
legal, foi tranquilo.”
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Maiô escolhido pela produtora executiva Eva manda recado (Foto: Arquivo Pessoal)
Na turma da pouca roupa com muita atitude, também engrossa o coro a
produtora executiva de cinema Eva Netto, de 42 anos. Ela escolheu um
maiô ousado, em que um dos lados manda um recado a quem faz julgamentos (veja na foto acima).
“Acho que a mensagem que fica é a seguinte: Eu não tenho que limitar o meu corpo por conta do julgamento alheio. Usar uma roupa assim é dizer: ‘Mundo, não me restrinja’. Eu posso, sim, fazer o que quero. A gente é rainha do nosso reino”, diz Eva.
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