De maiô ou biquíni, foliãs unem conforto e criatividade contra calor em blocos do Rio
Looks mínimos têm sido escolha frequente no carnaval de rua. Com pouca roupa e muita atitude, mulheres querem liberdade e rechaçam assédio: 'Os caras é que têm que se tocar', diz foliã.
O carnaval não é lembrado exatamente pelo excesso de roupas, mas quem
vem curtindo o pré-carnaval do Rio já deve ter reparado que as mulheres
têm escolhido looks mínimos para cair na folia. Muitas foliãs deixam
saias, blusas e shorts em casa e as escolhas, com aposta no conforto e
na liberdade, têm sido por maiôs e biquínis, que conquistam adeptas nos
blocos da cidade. Há até quem tire a blusa e caia na folia com os seios
descobertos.
A produtora de moda Paloma Borges, de 25 anos, curte a folia assim: livre e despreocupada.
“Eu costumo me permitir bastante no carnaval e quero sair exatamente
como eu sinto vontade. Eu acho que o carnaval é um momento de liberdade e
catarse, as pessoas são ali o que elas querem ser e acho que essa
liberdade escorre pra hora de você se vestir”, opina ela.
Paloma acredita que o debate sobre feminismo tem incentivado mais
mulheres a se permitirem vestir como querem, inclusive com pouca roupa.
“Acho que, cada vez mais, as mulheres estão lembrando que podem vestir o que quiserem, sem passar calor, e que ninguém tem que se privar de usar o que quer por causa de assédio ou do que um cara vai falar. Os caras é que têm que se tocar de que você estar na rua não dá direito a ele fazer nada e se manter no lugar dele”, opina.
A internacionalista – assim se chama quem é formado em Relações
Internacionais – Andréa Ribeiro, de 30 anos, caiu pela primeira vez na
folia usando maiô neste pré-carnaval.
“Eu vi esse maiô e falei: ‘Cara, preciso ir com ele no bloco’ (...)
Tinha uma outra menina olhando um maiô e ela perguntou: ‘Ah, mas como é
que usa, com short?’. Eu falei: ‘Pra que short, gente, vai assim! Se a
gente usa pra ir pra praia, porque não pra ir pro bloco?’”, questiona
Andréa, que adorou o conforto da roupa e diz que não sofreu assédio. “Eu
fui de carro e andei só um pedaço do trajeto. As pessoas olharam sim,
mas não foi nada invasivo não. Umas pessoas comentaram que acharam
legal, foi tranquilo.”
Na turma da pouca roupa com muita atitude, também engrossa o coro a
produtora executiva de cinema Eva Netto, de 42 anos. Ela escolheu um
maiô ousado, em que um dos lados manda um recado a quem faz julgamentos (veja na foto acima).
“Acho que a mensagem que fica é a seguinte: Eu não tenho que limitar o meu corpo por conta do julgamento alheio. Usar uma roupa assim é dizer: ‘Mundo, não me restrinja’. Eu posso, sim, fazer o que quero. A gente é rainha do nosso reino”, diz Eva.
Nenhum comentário:
Postar um comentário