"Sempre existiu desde minha época, da época do meu pai e também de Marcelo, sem dúvida nenhuma"
O executivo Emílio Odebrecht, presidente do Conselho de Administração da empresa, afirmou nesta segunda-feira (13), em depoimento ao juiz Sérgio Moro, que "sempre existiu" caixa dois para doações de campanha. "Sim, sabia que existia uso de recursos não contabilizados. Sempre foi modelo reinante no país e que veio até recentemente. O que houve impedimento foi a partir de 2014, 2015. Até então, sempre existiu. Desde minha época, da época do meu pai [Norberto] e também de Marcelo, sem dúvida nenhuma", afirmou o pai de Marcelo Odebrecht em depoimento sigiloso, mas que teve trechos vazados para a imprensa.Norberto Odebercht fundou a empreiteira em 1944. Em 1991, ele transferiu a presidência para seu filho, Emílio, passando a ocupar a Presidência do Conselho de Administração. Em 2009, a presidência foi transferida para Marcelo Odebrecht.
Emílio foi arrolado como testemunha de defesa de Marcelo Odebrecht, presidente do grupo, na ação que acusa o ex-ministro Antonio Palocci de agir em favor dos interesses da empresa. Segundo Emílio, a Odebrecht doava para todos os partidos, por dentro e por fora, com recursos oficiais e não oficiais. "Na minha época, as coisas eram muito mais simples. Não tinha a complexidade que a organização passou a ter, trabalhando em mais de 20 países e lidando com 'n' negócios", afirmou.
O empresário afirmou que na época dele havia apenas um "responsável" por operacionalizar os recursos não contabilizados, repassando-os a políticos ou partidos beneficiados. "Existia uma regra: ou a gente não contribuía para ninguém, ou para todos", completou.
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Emílio afirmou ainda que nunca tratou de pagamentos ilícitos com Palocci, mas "não tem dúvidas" de que ele pode ter sido um dos operadores do PT e recebido recursos em favor do partido. Contudo, o empresário afirmou que não sabe dizer se o "italiano" citado nas planilhas da empresa é Palocci. "Existem muitos apelidos na organização, eu seria leviano, irresponsável. Ele [italiano] pode ser também nosso Palocci. (...) Não sei dizer se efetivamente era o doutor Palocci, mas com certeza ele também era identificado como "italiano".
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