O jornalista Luis Costa Pinto afirmou nesta
segunda-feira, 16, que o Senado irá escrever o obituário político do
senador Aécio Neves (PSDB-MG) ao votar a decisão do Supremo Tribunal
Federal sobre o seu afastamento do cargo e recolhimento noturno; "Mesmo
sobrevivendo à votação converter-se-á num pária do Parlamento. É refém
desde sempre das más alianças que celebrou. Dele não se pode dizer,
sequer, que 'o Rei está nu', pois nunca atingiu a Regência", afirma
Leia um trecho:
Merece, ainda assim, o perdão do plenário e de um Poder Legislativo que sequer instaurou procedimento no Conselho de Ética contra ele?
É disso o que tratará o plenário do Senado a partir das 10h da manhã de 17 de outubro de 2017: o neto de Tancredo Neves, personagem que encolheu a dimensão de Minas Gerais na política brasileira, presidente do PSDB que enxovalhou a legenda levando-a a se tornar trincheira de um personalismo sem igual e jamais lançado mão por biografias bem maiores do que a dele como Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, José Richa, Franco Montoro, Euclides Scalco, Egídio Ferreira Lima e Cristina Tavares, merece um voto de confiança dos seus pares para seguir imune a punições?
Desfulanizada a tese sobre a qual debaterão os 79 outros senadores (Aécio não poderá ir à sessão e o presidente da Mesa, Eunício Oliveira, não vota), ouso dizer: o obituário político de Neves, Aécio; está a ser impresso nos prelos de quem assiste com espanto à vertiginosa degradação de alguém que parecia ter nascido para liderar e se esmerou, ao contrário, em constranger e envergonhar seus pares. Há 30 votos seguros contra Aécio no plenário – logo, ele restringe sua cabala a 49 colegas dos quais precisa extrair 41 votos favoráveis. Estimo que possa atingir uma votação de 44 votos, mas funcionários do Senado já entabulam bolões em que o mineiro surge com 33, 34 votos. E um experiente político, acostumado a antecipar placares do Legislativo, garante-me que o ainda presidente do PSDB não terá 39 votos no plenário. Apostas no pano verde do Salão Azul.
E assim morrerá Neves, que mesmo sobrevivendo à votação converter-se-á num pária do Parlamento. É refém desde sempre das más alianças que celebrou. Dele não se pode dizer, sequer, que "o Rei está nu", pois nunca atingiu a Regência. Tampouco se dirá que "o príncipe está no limbo", uma vez que jamais atuou na cena política como um seguidor dileto de Maquiavel –atuações que renderam a FH o apelido de Príncipe da Sociologia, e a Lula o de Príncipe Barbudo (um, pela ciência; o outro, pelo empirismo – ambos qualificam o debate político nacional). Que se vá, então, no populacho e se defina desde já: o rato está nu, no limbo.
Leia o artigo na íntegra no Poder 360.
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