Procedimento é indicado para pessoas que não obtiveram sucesso no tratamento clínico convencional
O Conselho Federal de Medicina (CFM) reconheceu, através da Resolução nº 2.172/2017 a cirurgia metabólica
como opção terapêutica para pacientes portadores de diabetes mellitus
tipo 2 (DM2) que tenham índice de massa corpórea (IMC) entre 30 kg/m2 e
34,9 kg/m2, desde que a enfermidade não tenha sido controlada com
tratamento clínico. O texto já foi enviado ao Diário Oficial da União e
somente entra em vigor após sua publicação.
Durante muito tempo pacientes com diabetes tipo 2
não conseguiam ter acesso ao tratamento cirurgia por causa do peso.
Isso porque os critérios estipulados para conceder o direito de o
paciente ser operado era o de apresentar índice de massa corpórea maior
que 35 kg/m2 com doenças associadas ou acima de 40 kg/m2.
"O IMC não é mais um segregador de inclusão e
pacientes com maior complicações cardiovasculares podem ser indicados
para a cirurgia", afirma o cirurgião Ricardo Cohen, coordenador do
centro de obesidade e diabetes do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.
De acordo com ele, a média de IMC de uma pessoa com
diabetes é de 30 kg/m2. Com isso será possível incluir a maioria dos
pacientes no procedimento cirúrgico.
Para poder realizar a cirurgia, o paciente também
precisa ter tentado o tratamento clínico por no mínimo dois anos e
preferencialmente ter sido diagnosticado com diabetes há menos de 10
anos. É indicado também que o paciente esteja dentro da faixa-etária de
30 a 70 anos. Além disso, o CFM estipula também que é necessário que a
indicação de cirurgia se dará por dois especialistas em endocrinologia.
Cohen explica que os pacintes que realizarem o
tratamento cirúrgico poderão diminuir a quantidade de remédios
consumidos e alguns podem até não precisar mais de medicamentos. Da
mesma forma, de acordo com o cirurgião, a cirurgia também pode diminuir
os riscos de morte por derrames ou infartos.
Em relação à segurança, Cohen diz que a cirurgia
metabólica é tão segura quanto tirar uma vesícula ou um útero. "O índice
de mortalidade dessa cirurgia é de 0,13%", ressalta o especialista.
A incidência de diabetes tipo dois é uma das
principais causas de acidente cardiovascular (AVC), síndrome
coronariana, insuficiência renal e cegueira, tendo atingido neste século
status de epidemia. No Brasil, o número de pessoas com diabetes em
2015, com idade entre 20 e 79 anos, atingiu a marca de 14,3 milhões,
havendo a expectativa de que em 2040 chegue a 23,3 milhões de pessoas.
Somente hospitais de grande porte que realizem
cirurgias de alta complexidade, que contém com plantonista hospitalar
24h e Unidade de Terapia Intensiva (UTI), além de equipes
multidisciplinares e multiprofissionais experientes no tratamento de
diabetes e cirurgia gastrointestinal, poderão ser escolhidos para
realização de cirurgia metabólica.
Como é feita a cirurgia metabólica
As operação metabólica utilizada será a
gastrojejunal em Y de Roux ( bypass em Y de Roux). Ela consiste em uma
redução do estômago, diminuindo assim a absorção dos alimentos. A
operação é feita sob anestesia geral, por videolaparoscopia, com entre 4
a 5 pequenas incisões que variam de 0,5 a 1,2 cm. A média de duração da
cirurgia é de 45 a 60 minutos. Obviamente na rara eventualidade de uma
complicação intra operatória, esse procedimentos pode ter maior duração.
O tempo médio de internação é de 48 horas.
Somente em casos de contraindicação ou desvantagem
da DGJYR, a gastrectomia vertical (GV) será a opção disponível. Nenhuma
outra técnica cirúrgica é reconhecida para o tratamento desses
pacientes.
Pós-operatório
Mesmo que alguns pacientes não precisem mais tomar
medicamentos contra o diabetes tipo dois, ainda assim é necessário o
acompanhamento médico para o resto da vida para evitar o retorno da
doença. Isso porque o diabetes é uma condição de saúde crônica e
necessita de um acompanhamento multidisciplinar para manter a segurança e
qualidade de vida do paciente,
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