A socióloga Thais Moya e o jornalista Mauro Lopes, do 247, apresentam sua segunda análise das pesquisas do Datafolha desde 2015 e demonstram: "1) Bolsonaro cresceu consistentemente e está consolidado numa fatia de 20% do eleitorado; 2) o golpe e seus protagonistas afundaram de maneira irremediável; 3) o único nome que a democracia tem para derrotar o candidato de perfil fascista é Lula"; o TSE e o STF irão tirar ilegalmente da disputa o único que pode evitar a tragédia fascista?
31 DE AGOSTO DE 2018
Por Thais Moya e Mauro Lopes- O fracasso do golpe de 2015/16 funcionou como uma alavanca para o candidato de extrema-direita de perfil fascista e o fato é que Bolsonaro cresce lenta mas continuamente desde dezembro de 2015. É o que mostra a segunda análise que fizemos das pesquisas Datafolha do período -a primeira análise, que você pode ler aqui, indicou como os principais protagonistas do golpe, Temer, Aécio e Alckmin, enterraram-se na lama da rejeição popular e Lula foi consagrado.
Ou seja: o golpe de Estado contra a presidente Dilma e a democracia manteve e aprofundou a polarização política dos últimos 30 anos no país entre petismo e o antipetismo, substituindo o PSDB por Bolsonaro no polo antipetista de maneira avassaladora -você pode assistir à análise do sociólogo Marcos Coimbra sobre esse fenômeno na entrevista que ele concedeu há duas semanas à TV 247 (aqui). No polo petista, Lula.
Veja o quadro a seguir. Ele indica como Bolsonaro cresce lentamente mas sem parar desde dezembro de 2015. É certo que desde junho de 2016 ele tem rodeado a margem de erro em torno dos 17%, mas as linhas de tendência tanto no cenário com Lula como no cenário sem o ex-presidente é inequívoca:
Com exceção do início de 2017, quando teve um salto que quase duplicou seu eleitorado, de 8 para 14 pontos percentuais, seu crescimento tem sido em torno de 2 milhões de eleitores a cada semestre. Parece pouco, mas é sólido e muito forte, tendo em vista que seus adversários, abaixo dessa marca, estão acumulando quedas e períodos de estagnação.
Não parece haver espaço para uma mudança tão brusca que altere o cenário atual até dia 7 de outubro. A campanha eleitoral no horário eleitoral gratuito em rádio e TV que começa nesta sexta (31) é a derradeira chance de Alckmin, Marina e Ciro desbancarem Bolsonaro do segundo turno -mas a consistência do candidato de ultradireita indica que a hipótese não é provável.
Examine o quadro com as linhas de tendência nos cenários com e sem Lula. Mesmo no cenário sem o ex-presidente, Marina, Ciro e Alckmin estão estagnados ou em queda. O cenário sem Lula apareceu nas pesquisas apenas em junho de 2017.
Em 2018, somente Lula e Bolsonaro apresentaram crescimento consistente. O número de indecisos e desiludidos (brancos, nulos e ninguém) diminui cenário com o ex-presidente. É patente que o único candidato com base popular que permite fôlego para acompanhar a tendência de crescimento do candidato petista, mesmo que com mais de quinze pontos abaixo, é Bolsonaro.
Parece verdade que, até 7 de outubro, Bolsonaro não vai conseguir romper o teto que o mantém abaixo dos 20%, principalmente, porque quanto mais fica conhecido, mais sua rejeição aumenta, conforme indicado no quadro a seguir.
Hoje, sua rejeição é a maior em relação a todos os demais candidatos; segundo o Datafolha, 39% da população afirmou que não votaria nele em hipótese alguma. A questão é que não parece provável que outro candidato o alcance até o primeiro turno, o que significa que, se a candidatura de Lula for impugnada, está quase certo que Bolsonaro estará no segundo turno, com potencial de crescimento -com Lula na disputa, o pleito tem grande chance de ser resolvido no primeiro turno.
O quadro é impressionante. A rejeição a Bolsonaro cresce fortemente enquanto a de Lula tem uma queda brutal, mais uma indicação da derrota da narrativa golpista e da Lava Jato em relação ao grande líder popular do país.
O discurso e as ações do deputado são repugnantes para muitas pessoas, mas será o suficiente para evitar sua eleição num eventual segundo turno contra candidatos em decadência e identificados com o golpe, como Marina e Alckmin, ou ainda sem liderança consistente no eleitorado, como Haddad e Ciro?
O cenário indica três conclusões meridianas: 1) Bolsonaro cresceu consistentemente e está consolidado numa fatia de 20% do eleitorado; 2) o golpe e seus protagonistas afundaram de maneira irremediável; 3) o único nome que a democracia tem para derrotar o candidato de perfil fascista é Lula.
É esta questão -e não outra- que está nas mãos dos juízes e juízas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e do Supremo Tribunal Federal (STF): eles irão excluir ilegalmente da corrida eleitoral o único candidato que é a garantia de evitar que o país escorregue para uma trágica aventura fascista? O Brasil e o mundo, depois da liminar da ONU, olham para o TSE e o STF, especialmente para os ministros Rosa Weber, que preside do TSE, e Luís Roberto Barroso, que é o relator do caso de Lula na corte eleitoral.
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