3.01.2010

Chocolate Amargo




Todos já sabem que o chocolate é rico em calorias e gorduras saturadas podendo contribuir para o aumento dos níveis de colesterol, riscos de doenças cardiovasculares e aumento de peso quando consumido em grandes quantidades. No entanto, a ciência trás boas notícias para os que apreciam o chocolate amargo.
Segundo um estudo publicado no “Journal of the American Medical Association” (2003), duas barras pequenas (10g cada) de chocolate amargo ao dia podem reduzir a pressão arterial em hipertensos e diminuir os riscos de infartos e derrames. Este dado foi comprovado por um estudo conduzido pela “Universidade de Glasgow” e “Instituto Nacional para Pesquisa de Alimentos e Nutrição “ (Itália,2003) com 12 voluntários, no qual a presença de antioxidantes foi aumentada em 20% nos indivíduos que ingeriram 100 gramas de chocolate meio amargo, em relação ao grupo que ingeriu chocolate ao leite. Segundo o estudo, a presença de leite no chocolate interfere na capacidade de absorção dos antioxidantes podendo neutralizar seus benefícios.
Uma maior ingestão de antioxidantes reduz a taxa de radicais livres na corrente sanguínea, cuja concentração está relacionada a doenças cardiovasculares e alguns tumores. Somente o chocolate amargo possui uma grande concentração de cacau de onde provém os flavonóides e o polifenol, substâncias com poderes antioxidantes que reduzem o depósito de placas de gordura nas artérias prevenindo infartos e derrames. Em média, o chocolate amargo possui o triplo de antioxidantes do que o chocolate ao leite e branco.
No entanto, vale lembrar que os possíveis benefícios do chocolate meio amargo referem-se a uma quantidade limitada, ou seja, exagerar no chocolate pode provocar efeitos indesejáveis à saúde devido a sua elevada concentração de gorduras saturadas e açúcar simples.
Saiba mais sobre o chocolate amargo:
Os benefícios do chocolate à nossa saúde estão relacionados à sua grande oferta de flavonóides, substâncias fartamente encontradas em alguns vegetais e que promovem o bom funcionamento dos nossos vasos sanguíneos.
Essas substâncias são as mesmas que fazem a boa fama dos chás verde e preto e da casca das frutas vermelhas, só que o cacau apresenta uma concentração especialmente generosa do subtipo flavanol (epicatequina, catequina, e procianidinas), que ultimamente tem sido apontado como o componente que mais tem efeito na nossa saúde vascular.
Sabemos hoje que o consumo de chocolate com altas doses de flavanols, leia-se chocolate amargo, promove uma série de efeitos benéficos ao nosso corpo:
1) aumento dos níveis de óxido nítrico, considerado um dos principais combustíveis para a saúde dos nossos vasos sanguíneos;
2) redução da agregação das plaquetas, ação que é igual à da aspirina;
3) aumento dos níveis do HDL - nosso colesterol bom - entre outras ações antioxidantes;
4) redução de marcadores de inflamação - lembrando que aterosclerose é igual a inflamação;
5) redução da resistência à insulina, facilitando sua ação nas células;
6) aumento do fluxo sanguíneo periférico (nos membros) e nas artérias do coração;
7) redução da pressão arterial;
8) aumento do fluxo sanguíneo cerebral e/ou atividade neuronal durante uma tarefa cognitiva. E os efeitos chegam até à pele, com aumento de sua microcirculação sanguínea e maior nível de fotoproteção.
Mas qual é a dose boa?
Um estudo publicado recentemente pelo Journal of Nutrition, jornal oficial da Sociedade Americana de Nutrição, trouxe as primeiras evidências de que o benefício do chocolate amargo pode ter comportamento semelhante ao do vinho tinto: o padrão de consumo moderado é mais benéfico do que o não consumo ou o exagero.
Onze mil moradores da região de Molise no sul da Itália com mais de 35 anos de idade foram avaliados, e cerca de cinco mil indivíduos sem doenças crônicas e que não faziam qualquer tipo de dieta especial foram selecionados.
Desses cinco mil, identificou-se um subgrupo de 1317 pessoas que não faziam uso de qualquer tipo de chocolate e outro subgrupo de 824 pessoas que comiam chocolate amargo regularmente. Esse grupo de pessoas que consumia chocolate amargo regularmente apresentava um índice 17% mais baixo do marcador de inflamação proteína c-reativa de alta sensibilidade.
Índices altos desse marcador estão associados a um maior nível de aterosclerose, maior risco de infarto no coração e derrame cerebral. Além disso, pesquisas revelam que a redução dos níveis de Proteína C-Reativa de um grau moderado para um grau leve está associada a uma redução relativa do risco de eventos vasculares em cerca de 30%.
Os efeitos positivos dos componentes do chocolate em reduzir marcadores de inflamação já haviam sido demonstrados em "tubo de ensaio", mas essa foi a primeira vez que o efeito foi demonstrado em uma grande amostra populacional.
Apesar do maior nível de ingestão calórica no grupo que consumia chocolate, não houve diferença no índice de massa corporal entre os grupos, ou seja, quem consumia chocolate não era mais gordo.
Outro ponto importante revelado pela pesquisa foi que a dose de uma porção de chocolate (20g) a cada três dias (até 6.7g por dia), esteve associada aos menores níveis de inflamação. Acima dessa dose, os efeitos foram mais discretos. Meia barra de 100 gramas por semana parece ser uma dose inteligente.
Dr. Ricardo Teixeira

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