Cientistas catalogam "zoológico" de bactérias do intestino humano
05/03
O intestino humano é praticamente um zoo, repleto de bactérias das mais variadas, mostra um novo estudo divulgado hoje. E os cientistas afirmam: essa é uma boa notícia.
Os primeiros resultados de um esforço internacional para catalogar os milhões de genes “estrangeiros” dentro do corpo humano descobriu cerca de 170 espécies diferentes de bactérias vivendo no sistema digestivo da maioria da população. A pesquisa também revelou que quem sofre de doenças inflamatórias intestinais têm uma menor diversidade no trato intestinal. O estudo foi publicado na edição desta semana da revista científica Nature.
Mais de 99% dos tipos de genes encontrados no corpo não são, na verdade, humanos, e sim de microorganismos. Portanto, catalogar os genomas das bactérias que vivem dentro de nós vai melhorar muito o mapeamento do genoma humano, diz um dos autores do estudo, o geneticista chinês Jun Wang.
As bactérias “governam o planeta, inclusive os nossos corpos”, escreveu por email Jeroen Raes, pesquisador do Laboratório Europeu de Biologia Molecular, que também assina o estudo. “Acredito que é importante que as pessoas entendam que nós não somos completamente humanos -- somos colônias de bactérias ambulantes, e elas são cruciais para a nossa saúde e bem-estar”.
Examinando 124 adultos, os cientistas descobriram que os sistemas digestivos da maioria das pessoas têm muito em comum. Pelo menos 57 espécies de bactérias estavam presentes em praticamente todo mundo. Em geral, foram catalogadas cerca de mil espécies diferentes de bactérias e os autores calculam que deve haver ainda outras 150 por descobrir.
O pesquisador Jeffrey Gordon, da Universidade de Washington, que estuda o papel da flora intestinal na obesidade e não esteve envolvido na descoberta, classificou os resultados como “extraordinários e inspiradores”. Ele disse que eles podem trazer uma nova compreensão a respeito da evolução tanto humana quanto de microorganismos.
Raes disse que os estudos normalmente ignoram a influência da flora intestinal, mas “este mapeamento vai nos permitir estudar o papel da flora em muitas doenças, como Crohn, diabetes, obesidade, entre outros”.
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Antissépticos podem tornar bactérias resistentes aos antibióticos
Um estudo realizado por pesquisadores irlandeses, especializados no combate as infecções hospitalares, identificou que os antissépticos podem tornar as bactérias mais resistentes não só a estes produtos, mas também aos antibióticos.
Os cientistas da Universidade Nacional da Irlanda em Galway chegaram à conclusão após acrescentar quantidades crescentes de desinfetante a cultivos em laboratório de pseudomonas aeruginosa, uma bactéria responsável por infecções nos hospitais.
Segundo o estudo, publicado na edição de janeiro da revista "Microbiology", a bactéria sobreviveu ao desinfetante e seu DNA mudou para fazê-la resistente aos antibióticos do tipo da ciprofloxacina, apesar não ter sido exposta a estes remédios.
Os desinfetantes são utilizados para limpar diferentes superfícies nos hospitais, com objetivo de evitar a proliferação das bactérias.
Conforme o autor principal do estudo, Gérard Fleming, a elevadas concentrações não parece haver problema, mas "os resíduos de desinfetantes diluídos de forma incorreta e que permanecem na superfície em um hospital podem gerar o crescimento de bactérias resistentes aos antibióticos".
A ameaça para a saúde é grande, já que se as bactérias sobrevivem aos desinfetantes e contaminam um paciente, este será tratado com antibióticos resistentes as bactérias.
A pseudomonas aeruginosa é uma bactéria oportunista que ataca normalmente pessoas cujo sistema imunológico está debilitado, como doentes de fibrose cística e diabetes.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, pelo menos 8,7% dos pacientes contraem infecções durante a hospitalização. EFE
(EFE).-
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