10.21.2011

É possível driblar o medo de dirigir

Algumas pessoas ficam tensas e apavoradas só de pensar em sentar no banco do motorista. Mas o problema tem solução.

Camila Neves / Valmira Aviles - revista AnaMaria

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(Foto: Thinkstock)
Suas mãos suam só de pensar em conduzir o carro até a esquina? Em alguns casos, esse sentimento é considerado uma simples ansiedade. Em outros, porém, pode ser avaliado como um medo patológico e deve ser tratado. “A principal causa observada entre as minhas pacientes é o medo da crítica, de ser motivo de piada por não saber executar uma baliza, por exemplo”, explica Cecília Bellina, psicóloga especialista no tratamento do medo de dirigir.
Ela conta que 85% dos frequentadores de sua clínica são do sexo feminino: “Tenho uma cliente que não consegue dirigir porque o pai falava que carro é só para homem. Mas o machismo tem diminuído, e a tendência é não existir mais esse tipo de cliente daqui a vinte anos”, conta a psicóloga. Para superar o medo do volante, a primeira coisa que a mulher tem que descobrir é se ela de fato sabe dirigir. Se a resposta for positiva, o próximo passo é enfrentar a fobia: “Escolha dez destinos que você deseja ir e tente um por vez. Vai chegar um momento em que a emoção diminui, fica mais controlada”, diz Cecília.
Problema comum
Mesmo quem tem experiência ao volante não se esquece do tempo em que as pernas tremiam, as mãos ficavam úmidas e a boca secava na hora de dar marcha a ré num espaço apertado ou quando aparecia um sinal fechado na ladeira. Há motoristas que, mesmo depois de rodar bastante, ainda apresentam esses sintomas. Boa parte deles chega a desistir de dirigir. Segundo a psicóloga Neuza Corassa, autora do livro Vença o Medo de Dirigir (Editora Gente), pelo menos 10% dos motoristas precisam de ajuda para vencer a ansiedade ao volante — um problema que pode se transformar em fobia. “Normalmente, são pessoas que exigem muito de si mesmas e acabam desistindo de dirigir diante dos primeiros erros”, explica. Confira algumas recomendações da especialista:
• Treine direção pelo menos duas vezes por semana.
• Para algumas pessoas, entrar no carro é mais difícil que o treino propriamente dito. Não invente desculpas.
• Não peça ajuda ao companheiro, para evitar desentendimentos. É melhor recorrer a um profissional.
• Há técnicas de relaxamento para baixar o nível de noradrenalina e diminuir a sensação de pânico.
• Quando o medo provoca taquicardia, tremedeira ou falta de ar, é hora de procurar um psicólogo.
Instrutores psicólogos
Muitas vezes, a solução está nos cursos oferecidos por auto-escolas especializadas em orientar quem tem pavor de dirigir. Os profissionais dessas auto-escolas não são apenas instrutores, mas também psicólogos com a missão de desbloquear o motorista medroso. Isso porque a aversão ao volante pode estar ligada a problemas emocionais como perfeccionismo, baixa auto-estima e síndrome do pânico. Confira as dicas dos especialistas para superar esse obstáculo.
1. Avalie suas habilidades
A qualidade de muitas auto-escolas é duvidosa. Mesmo o exame prático feito pelo Detran não avalia bem se a pessoa está mesmo em condições de dirigir. Portanto, ter uma carteira de habilitação não significa que você saiba conduzir um automóvel adequadamente. Peça para alguém experiente e compreensivo avaliar seu desempenho. Dessa forma, você se sentirá mais segura. Só não vale ficar chateada com as críticas. Ao contrário, use isso como incentivo para persistir e continuar aprendendo.
2. Apenas tire o carro da garagem
Vença a ansiedade e, gradativamente, comece a entrar em contato com o carro. todos os dias, mesmo suando frio, apenas tire o veículo da garagem. Repita esse exercício até que o desconforto diminua.
3. Escolha o carro certo
Você pode até querer dirigir um 2.0, mas é preciso ter habilidade para treinar com um carro tão potente. Um teste de coordenação motora pode dizer qual é o veículo mais indicado para você.
4. Persista!
Não desista de tudo se, em sua primeira saída longe do bairro, o carro morrer ou você receber algum xingamento. Pense que situações como essas são normais e que todas as pessoas passam por isso – até o valentão que acabou de xingar a sua mãe.
5. Dê uma voltinha rápida
O próximo passo é dar uma volta no quarteirão. Se você não se sentir 100% segura, peça para uma amiga ir junto, mas encare o desafio. Segundo os especialistas, após sete ou oito repetições o medo não vai mais te dominar.
6. Não queira ser perfeita
Para Cecília Bellina, a principal característica de quem tem medo de dirigir é o perfeccionismo. “O medo, na realidade, é de não fazer as coisas da maneira correta e ser alvo de críticas”, diz. Tenha consciência de que você não precisa ser perfeita em tudo.
7. Amplie o trajeto
Depois dessa experiência, escolha um horário bem tranqüilo e aumente o trajeto em seu bairro. Trafegue por três ou quatro quadras, quantas vezes for necessário.
8. Escreva suas metas
Em um pedaço de papel, escreva a frase “Quero dirigir para ir...”. Complete a sentença com os lugares de costume: padaria, escola das crianças, supermercado, banco, etc. Liste 10 destinos diferentes por ordem crescente de dificuldade. Cumpra uma meta por semana até conseguir completar a lista.
9. Treinamento intensivo
Se seu problema é pôr o carro na garagem, estacionar entre dois veículos ou controlar os pedais numa subida, não desanime. 80% dos motoristas não sabem estacionar ou sofrem nas ladeiras. Treine várias vezes a tarefa que considera difícil.
10. Fora, carona chato!
Pode ser seu namorado, seu filho ou a colega de trabalho. Enquanto está ganhando confiança ao volante, não dê carona a pessoas que só fazem críticas negativas ou vivem dando palpites do tipo “Cuidado com a lombada! Olha o sinal! Ultrapasse aquele carro!”.

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