Manifestação de feministas na Uerj comemora dissertação sobre violência contra a mulher
Com cartazes, os estudantes davam apoio e lembravam que os machistas iriam ser reprovados. Para a educadora Daniela Aizenstein, a escolha do tema deste ano foi acertada e apresentou um avanço para a sociedade.
“É um tema simbólico. Não é todo mundo que se propõe a discutir a questão. Assim, o exame fez com que 7 milhões de brasileiros
discutissem isso, e de um jeito muito particular, porque o edital
dispõe que a violação dos Direitos Humanos, como a defesa da violência
contra a mulher, pode anular a redação”, avaliou ela, que é professora e
coordenadora do curso Poliedro.
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Ao sair
da prova, a estudante Clara Rodrigues, 18, estava otimista com a
redação. “Achei um tema fácil. Consegui dissertar bem principalmente
pelo fato de ser mulher e sofrer isso todos os dias. Espero que isso
possa alertar a sociedade e os meninos que ainda têm pensamento
arcaico”, opinou.
No sábado, o feminismo já havia
aparecido em uma questão de Ciências Humanas, com uma frase de Simone de
Beauvoir,“Não se nasce mulher, torna-se mulher”. O assunto gerou
polêmica e memes nas redes sociais. Os deputados Jair Bolsonaro (PP-RJ) e
Marcos Feliciano (PSC-SP) acusaram o exame de doutrinação. “O João não
nasceu homem e a Maria não nasceu mulher”, ironizou Bolsonaro, em seu
perfil no Facebook.Delegada titular da Divisão de Polícia de Atendimento à Mulher (DPAM), Marcia Noeli Barreto elogiou a escolha da redação. “É importante para o debate, e, principalmente quando esse assunto é posto para os jovens. Minha esperança é que as redações demonstrem que os jovens estão preparados para enfrentar essa violência e tenham a consciência do que está acontecendo. Espero que sejam muitas notas 1000”, disse.
Além da redação, os estudantes fizeram as provas
de Linguagens e Matemática. O motorista de ônibus Albano de Viveiros, 53
anos, que quer cursar história, fez o Enem pela primeira vez e disse
que a prova de Matemática foi a mais complicada. “Chutei tudo o que
podia”, confessou. Já para a estudante Carolina Jonas, 18 anos, a maior
dificuldade foi a prova de Linguagens. “Era muito texto. Não conseguia
mais ler”, reclamou.
Estudantes começam a pensar nos próximos passos
Foram
dois dias de muita... muita adrenalina. O nervosismo que deixou milhões
de corações batendo mais forte neste fim de semana de Enem passou.
Difícil é segurar a ansiedade na espera pelo gabarito oficial e pela
classificação. Qualquer que tenha sido o desempenho de cada um, desistir
não é uma das opções na prova da vida.
A futura engenheira
ambiental Clara Moreira, de 17 anos, enfrentou a maratona de 180
questões em 10 horas pela terceira vez este ano. Apesar de estar
confiante, já pensa em alternativas. “Fui melhor do que nas outras, mas,
a partir de terça, vou cair dentro das específicas para a segunda fase
da Uerj. Se passar, ótimo. Senão, outro ano vem aí!”, ensina a aluna do
3º ano e craque em Enem, que participou das últimas edições para se
testar.
Alexandre de Souza Batista, 30, é um daqueles
candidatos que acabam virando notícia por terem chegado atrasado. Neste
domingo, ele saiu de casa na mesma hora de sábado, mas acabou
encontrando os portões da Uerj, onde prestou o exame, já trancados.
Chegou dois minutos depois. “Fiz boa prova no primeiro dia, mas sou
brasileiro e não desisto nunca. Volto em 2016”, contou ele, que estudou o
ano inteiro para concorrer a uma vaga em Matemática ou Engenharia
Civil.
Estalar de dedos. Unhas indo à boca. Tecladas
frenéticas no celular... A estudante Bruna Ribeiro Boavista, 17, foi
afetada por alguns desses sintomas causados pela expectativa do tão
especulado tema da redação.
“Estudar para concurso é um
projeto de vida. É normal quem não passar dessa vez ficar frustrado por
um tempo, claro, mas o sonho não acabou! Novos vestibulares vêm aí.
Esses estudantes devem reconhecer o que podem fazer diferente na próxima
vez para conseguir a vaga”, recomenda a psicóloga Miriam Pontes de
Farias.Já para os candidatos que vão encarar a segunda fase da Uerj no fim de novembro, é hora de relaxar. Mas só um pouquinho. “Uma pequena pausa, de uns três dias, é um tônico para começar tudo de novo. Fazer alguma atividade prazerosa ajuda a diminuir o estresse”, diz Miriam.
Diretor de ensino do curso preparatório Descomplica, Rubens Oda também tem um recado para acalmar os ânimos. “Saber se foi bem ou não na prova é muito difícil, até porque professores e alunos concordaram que esse Enem foi um dos mais difíceis.”
Menor abstenção desde 2009
A
taxa de abstenção no Enem 2015 foi a menor desde a edição de 2009,
quando o concurso foi reformulado. Segundo o ministro da Educação,
Aloizio Mercadante, o índice de faltas foi de 25,5% este ano. Em 2014,
28,9% dos candidatos inscritos não compareceram.
Nos
dois dias, 740 pessoas foram eliminadas em todo o país. O número de
desclassificados também caiu — na edição passada, 1.519 haviam sido
excluídos durante a aplicação das provas.
De acordo com Mercadante, 677 foram eliminados por uso de equipamentos proibidos pelo edital da prova
O QUE VEM AÍ
GABARITOS
Os
gabaritos das provas objetivas serão divulgados na página do Inep na
internet até quarta-feira, dia 28, no endereço: portal.inep.gov.br/enem.UERJ
A segunda fase do vestibular é dia 29 de novembro, com questões discursivas.
SISU
As inscrições do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) terão início em janeiro. O sistema é uma das principais portas de entrada no Ensino Superior. No Rio, para vagas nas universidades públicas (exceto a Uerj), os candidatos deverão ter participado do Enem 2015.
Colaborou a estagiária Carolina Moura
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