Professor da Unifesp explica os sintomas, tratamentos e
perspectivas sobre a qualidade de vida de pacientes com a doença.
Estima-se que no Brasil, 35 mil pessoas são portadores da esclerose múltipla. “Esta é uma doença crônica do sistema nervoso central que afeta o cérebro e a medula espinhal e que interfere na capacidade de controlar funções, como caminhar, enxergar, falar, urinar e outras”, explica Feres Chaddad Neto. Segundo o neurocirurgião e professor de Neurocirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a esclerose múltipla é uma doença degenerativa e que não tem cura. Portanto, quanto mais cedo for diagnosticada, melhores são as perspectivas de controle dos sintomas.
Segundo o neurocirurgião, ela afeta gravemente a qualidade de vida dos pacientes e incide geralmente entre 20 e 50 anos de idade, predominando entre as mulheres. Ela não é contagiosa ou mental (psiquiátrica). “Na esclerose múltipla, o sistema de defesa do corpo (imunológico) fica desregulado e começa a produzir uma grande quantidade de citocina, uma proteína programada para reconhecer e combater vírus e bactérias, que passa a atacar a mielina, a substância que recobre os neurônios, cuja finalidade é facilitar a transmissão dos sinais elétricos nervosos dentro do sistema nervoso”, explica o professor Chaddad Neto. “Quando a mielina é destruída, as fibras nervosas são também atingidas, o que altera ou interrompe os impulsos nervosos entre elas (sinapses).”
De acordo com o neurocirurgião, a fase inicial da esclerose múltipla é bastante sutil. Os sintomas são transitórios, podem ocorrer a qualquer momento e duram, aproximadamente, uma semana. “Tais características fazem com que o paciente não dê importância às primeiras manifestações da doença que é remitente-recorrente, ou seja, os sintomas vão e voltam independentemente do tratamento”, relata.
Os primeiros sinais que podem aparecer são pequenas turvações na visão, ou pequenas alterações no controle da bexiga. Com a evolução do quadro, surgem outros sintomas, como fraqueza, tremores, formigamento nas pernas ou de apenas um lado do corpo, diplopia (visão dupla) ou perda visual prolongada, desequilíbrio e descontrole dos esfíncteres, ou mesmo alterações de comportamento, como mudanças bruscas de humor e depressão, até disfunções sexuais como impotência.
Uma vez confirmado o diagnóstico de esclerose múltipla, o paciente necessita de acompanhamento médico e tratamento para o resto da vida. O controle medicamentoso tem como objetivos principais abreviar a fase aguda e tentar aumentar o intervalo entre um surto e outro. No primeiro caso, os corticosteróides são drogas úteis para reduzir a intensidade dos surtos. No segundo, os imunossupressores e imunomoduladores ajudam a espaçar os episódios de recorrência e o impacto negativo que provocam na vida dos pacientes. Além disso, a fisioterapia motora, a terapia ocupacional e o tratamento fonoaudiólogo podem ser indicados em casos individuais.
“Embora limitadora, a maioria dos pacientes com esclerose múltipla tem uma vida normal e uma expectativa de vida semelhante à população saudável“, afirma o médico. “Por isso, é fundamental que o diagnóstico seja feito o mais breve possível, para evitar o avanço da doença e garantir a qualidade de vida dos pacientes”.
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