OMS classificou hambúrguer, linguiça, bacon e presunto como cancerígenos
Rio - Um novo vilão aparece como protagonista na dieta dos brasileiros.
Relatório divulgado ontem pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
classifica alimentos processados como bacon, hambúrguer e salsicha como
cancerígenos para os seres humanos. A carne vermelha não escapou da
análise dos cientistas — ela foi considerada fator de risco provável
para o desenvolvimento do câncer. O estudo, conduzido por 22
especialistas de dez países diferentes e divulgado pela Agência
Internacional de Pesquisa do Câncer (IARC, na sigla em inglês), ligada à
OMS, mostrou que, quanto maior for o consumo de embutidos, mais
probabilidade de se desenvolver o câncer colorretal — cada porção de 50
gramas (o que equivale à metade de um bife) aumenta o risco de se
adquirir a doença em 18%.
A análise do especialista concorda com a opinião dos consumidores. Quem está habituado a incluir carnes e processados na dieta não se sente ameaçado e mostra que não pretende fazer mudanças em seu cardápio. “Sempre comprei muita salsicha e não vou deixar de comprar. Tudo dá câncer! Não abro mão do meu cachorro-quente”, contou o taxista Jorge Antônio dos Santos, de 63 anos.
Segundo a nutricionista Danielle Neiva, bacon, salsicha e presunto podem ser substituídos pelo peito de peru assado, cortado em fatias e conservado na geladeira. “Outra opção é usar pastinhas de queijo cottage, salsinha e cebolinha; ricota com cenoura; grão de bico e limão e cottage” , exemplifica, destacando que frutas, verduras, legumes e cereais integrais ricos em vitaminas, fibras e outros compostos auxiliam as defesas naturais do corpo a destruirem carcinogênicos antes que causem danos às células. “Esses tipos de alimentos também podem bloquear ou reverter os estágios iniciais do processo de carcinogênese e, portanto, devem ser consumidos com frequência”, acrescenta.
Ainda segundo a nutricionista, o brasileiro ingere cerca de 45 quilos de carne e processados por ano, o que representa menos de 100 gramas por semana. Mas esse consumo não está ameaçado. Para o especialista em varejo Marco Quintarelli a notícia não deve gerar um impacto negativo no mercado. “As pessoas se valem da relação custo-benefício. A carne está custando R$ 20 o quilo, enquanto a linguiça, a salsicha custam por volta de R$ 8. Então as pessoas trocam mesmo um produto por outro porque é mais barato”, diz.
Por outro lado, a notícia pode gerar um efeito positivo. Ele complementa que a novidade pode levar a indústria alimentícia a produzir produtos menos nocivos, com pouco sódio e nitrato, substâncias presentes nos embutidos. “Mas isso deve acontecer a longo prazo”, ressalva.
Instituição que reúne grandes produtoras de carne, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) destacou que, apesar do estudo, o consumo de carne vermelha e outras proteínas traz benefícios nutricionais à saúde humana que “já foram comprovados por pesquisas científicas em todo o mundo”. Ainda segundo a nota, as produtoras investem “no desenvolvimento de proteínas saudáveis por meio de ações que fomentam a segurança alimentar, a saúde do rebanho e, principalmente, a qualidade da carne.”
Reportagem Marina Brandão
Já o consumo de 100 gramas de carne vermelha
aumenta o risco em 17%. Segundo o estudo, os processados agora estão no
mesmo patamar de carcinogênicos como o tabaco, amianto e fumaça de óleo
diesel. Já a carne vermelha (de boi, porco, carneiro,bode e cavalo) é
comparada a substâncias presentes em herbicidas.
Dados da própria OMS mostram que o câncer colorretal, que afeta parte
do intestino grosso e o reto, é hoje o segundo mais diagnosticado em
mulheres e o terceiro em homens, matando 694 mil pessoas por ano. No
Brasil, segundo o Instituto Nacional do Câncer, em 2014, foram
detectados 32,6 mil novos casos dessa doença, sendo 15 mil em homens e
17,5 mil em mulheres. A doença é tratável e, na maioria dos casos,
curável se for detectada precocemente, quando ainda não se espalhou para
outros órgãos.
O Inca orienta que as carnes salgadas e
defumadas, embutidos e alimentos industrializados devem ser evitados,
por conta do excesso de sal e a presença de conservantes. Mas ressalva
que quem não consegue limar os alimentos da dieta, limitem sua ingestão a
menos de 500 gramas por semana, o que equivale a cinco bifes.
Presidente da Sociedade Brasileira
de Coloproctologia, Fábio Campos concorda que não é preciso cortar o
consumo de carne. “Esse é um câncer fácil de prevenir, tanto através de
uma dieta equilibrada, quanto pela realização de exames de colonoscopia.
Não é preciso deixar de comer nada; apenas manter uma vida saudável e
uma alimentação moderada. Além disso, comer a carne juntamente de
verduras, legumes e fibras ajuda proteger o intestino. O bom senso é
fundamental”, conclui.A análise do especialista concorda com a opinião dos consumidores. Quem está habituado a incluir carnes e processados na dieta não se sente ameaçado e mostra que não pretende fazer mudanças em seu cardápio. “Sempre comprei muita salsicha e não vou deixar de comprar. Tudo dá câncer! Não abro mão do meu cachorro-quente”, contou o taxista Jorge Antônio dos Santos, de 63 anos.
Segundo o diretor do Iarc, Christopher Wild, as
descobertas dão mais suporte às recomendações sanitárias atuais para
limitar o consumo de carne. Mesmo assim, ele sugere que as novas
recomendações não sejam encaradas de forma alarmista, já que a carne
vermelha tem valor nutricional. “Esses resultados são importantes para
permitir governos e agências regulatórias internacionais para conduzirem
avaliações, de modo a equilibrar riscos e benefícios de comer carne
vermelha ou processada e para fornecer as melhores recomendações diárias
possíveis”.
Em nota, o chefe do programa de monografias da
agência internacional, Kurt Straif, reforçou o posicionamento do colega.
“Para um indivíduo, o risco de desenvolver câncer colorretal em razão
do consumo de carne processada permanece pequeno, mas é preciso
ressaltar que esse risco aumenta com a quantidade de carne consumida”,
afirmou.Segundo a nutricionista Danielle Neiva, bacon, salsicha e presunto podem ser substituídos pelo peito de peru assado, cortado em fatias e conservado na geladeira. “Outra opção é usar pastinhas de queijo cottage, salsinha e cebolinha; ricota com cenoura; grão de bico e limão e cottage” , exemplifica, destacando que frutas, verduras, legumes e cereais integrais ricos em vitaminas, fibras e outros compostos auxiliam as defesas naturais do corpo a destruirem carcinogênicos antes que causem danos às células. “Esses tipos de alimentos também podem bloquear ou reverter os estágios iniciais do processo de carcinogênese e, portanto, devem ser consumidos com frequência”, acrescenta.
Ainda segundo a nutricionista, o brasileiro ingere cerca de 45 quilos de carne e processados por ano, o que representa menos de 100 gramas por semana. Mas esse consumo não está ameaçado. Para o especialista em varejo Marco Quintarelli a notícia não deve gerar um impacto negativo no mercado. “As pessoas se valem da relação custo-benefício. A carne está custando R$ 20 o quilo, enquanto a linguiça, a salsicha custam por volta de R$ 8. Então as pessoas trocam mesmo um produto por outro porque é mais barato”, diz.
Por outro lado, a notícia pode gerar um efeito positivo. Ele complementa que a novidade pode levar a indústria alimentícia a produzir produtos menos nocivos, com pouco sódio e nitrato, substâncias presentes nos embutidos. “Mas isso deve acontecer a longo prazo”, ressalva.
Instituição que reúne grandes produtoras de carne, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) destacou que, apesar do estudo, o consumo de carne vermelha e outras proteínas traz benefícios nutricionais à saúde humana que “já foram comprovados por pesquisas científicas em todo o mundo”. Ainda segundo a nota, as produtoras investem “no desenvolvimento de proteínas saudáveis por meio de ações que fomentam a segurança alimentar, a saúde do rebanho e, principalmente, a qualidade da carne.”
Reportagem Marina Brandão
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