O Parlamento francês aprovou hoje o prolongamento do estado de
emergência, por três meses, na sequência dos atentados terroristas da
última sexta-feira em Paris.
O presidente François Hollande estabeleceu o estado de emergência pouco depois dos atentados, que deixaram 129 mortos.
Mais ataques são prováveis, adverte diretor da Europol
O diretor da Europol, Rob Wainwright, advertiu hoje, em Bruxelas,
que é "provável" que haja novos atentados na Europa, que assistiu na
sexta-feira em Paris a um ataque sem precedentes, e enfrenta hoje "a
maior ameaça terrorista" dos últimos 10 anos.
- Vamos ser muito claros sobre o significado do que aconteceu em
Paris na última sexta-feira à noite: a meu ver, representa uma escalada
muito séria na ameaça terrorista que enfrentamos na Europa. É a primeira
vez que testemunhamos na região um ataque ao estilo de Bombaim, com
tiroteios indiscriminados em locais públicos, combinados com
homens-bomba - disse Wainwright.
Ao falar à Comissão de Liberdades Civis, Justiça e Assuntos Internos
do Parlamento Europeu, o diretor do Serviço Europeu de Polícia observou
que o que se passou em Paris "é algo que as autoridades européias
receavam desde o ataque em Bombaim, em 2008".
- A realidade do que ocorreu em Bombaim aconteceu agora na Europa -
afirmou, referindo-se aos 10 atentados sincronizados que atingiram a
capital financeira da Índia em novembro de 2008, fazendo 195 mortos.
Considerando que os ataques de Paris, que deixaram 129 mortos, são
também a prova da firme intenção do autoproclamado Estado Islâmico de
"exportar a sua marca de terrorismo para a Europa", o diretor voltou a
chamar a atenção para "a forma mais sofisticada e ameaçadora de
terrorismo" que representa essa organização de radicais islâmicos.
- Estamos a lidar com uma organização terrorista com muitos recursos
e muito determinada, que está agora ativa nas ruas da Europa. É por
isso razoável assumir, e sem exageros, que mais ataques são prováveis, e
penso que esta é a maior ameaça terrorista que a Europa enfrenta nos
últimos 10 anos - acrescentou.
Polícia belga faz novas buscas em vários pontos de Bruxelas
A polícia belga realizou hoje sete operações de buscas
antiterroristas em diferentes pontos da cidade de Bruxelas, uma das
quais diretamente relacionada com os ataques terroristas de sexta,
anunciou a Procuradoria Federal.
A operação, conduzida em Laeken, faz parte do inquérito relacionados
com os atentados de Paris e resultou na identificação de uma pessoa, a
ser ouvida. Essa pessoa pode ser considerada suspeita ou testemunha,
disse o porta-voz da procuradoria.
As buscas, que tiveram lugar em Bruxelas, Jette, Uccle e Molenbeek,
envolveram amigos e membros da família de Bilal Hafdi, um dos
terroristas que se fez explodir nas imediações do Stade de France,
acrescentou o porta-voz. Acrescentou no entanto que as últimas operações
não estão diretamente relacionadas com os atentados de sexta-feira
passada, que provocaram 129 mortos. As operações estavam previstas há
algum tempo, no quadro de um outro inquérito.
Síria não é "incubadora" do Estado Islâmico, diz Bashar Al Assad
O presidente sírio Bashar Al Assad declarou, nessa quarta-feira, que
o seu país, devastado pela guerra, não é a "incubadora" do grupo Estado
Islâmico, culpando o ocidente pela criação de organizações jihadistas.
- Posso afirmar que o EI não tem uma incubadora natural, uma
incubadora social, na Síria - disse o presidente, em entrevista à
emissora de televisão italiana RAI.
O treinamento de jihadistas na Síria para os ataques de Paris foi
feito devido ao apoio da Turquia, Arábia Saudita e do Catar "e, claro,
das políticas ocidentais que apoiaram os terroristas de diferentes
modos", acrescentou.
Segundo ele, o Estado Islâmico "não começou na Síria, começou no
Iraque e, antes disso, no Afeganistão". Bashar Al Assad citou o
ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair, que afirmou que "a guerra do
Iraque ajudou a criar o Estado Islâmico". A confissão de Blair "é a
prova mais importante", afirmou.
Mais de 250 mil pessoas morreram no conflito na Síria e milhões
fugiram, à medida que o Estado Islâmico assumiu o controle de vastas
áreas dos territórios sírio e iraquiano, geridas sob severa
interpretação da lei islâmica.
Assad defendeu que não pode haver qualquer calendário de transição
para as eleições enquanto partes do país estiverem controladas por
rebeldes.
- Esse calendário se inicia depois de começarmos a vencer o
terrorismo. Não se pode conseguir nada em termos políticos enquanto
houver terroristas a se apoderar de muitas áreas na Síria - disse.
Depois disso, "um ano e meio, dois anos são suficientes para qualquer transição", comentou.
Turquia pede frente unida de países muçulmanos contra EI
O presidente turco, o conservador Recep Tayyip Erdogan, apelou hoje à
união de todos os países muçulmanos contra o grupo radical Estado
Islâmico, para que os jihadistas não continuem a fazer atentados como os
de Paris.
- Condeno sem reservas os terroristas que creem na mesma religião
que eu e apelo a todos os dirigentes dos países muçulmanos que criem uma
frente unida. Se não o fizermos, aqueles que atingiram Ancara atacarão
em outros locais, como fizeram em Paris - declarou Erdogan em discurso
em Istambul, durante um fórum sobre energia.
Erdogan insistiu na necessidade "de o mundo inteiro cooperar para
adotar uma posição que impeça" os terroristas de "baterem em outras
portas".
- Se o aumento do fanatismo na Europa não for contido, acontecerão novas calamidades - disse.
A Turquia foi, durante muito tempo, acusada de ser complacente ou
até mesmo de ajudar os grupos rebeldes que combatem o regime de Damasco.
Sob pressão de aliados e após uma série de atentados atribuídos aos
jihadistas em seu território, o governo turco mudou de posição e, desde o
verão, juntou-se à coligação internacional que bombardeia o Estado
Islâmico na Síria e no Iraque.
Depois do atentado em Ancara, em 10 de outubro, que deixou 103
mortos, os turcos têm intensificado as operações nas áreas jihadistas.
Jihadistas tinham planos contra cúpula do G20, mostra investigação
A célula jihadista do Estado Islâmico, que causou a morte de 102
pessoas em outubro, num duplo atentado suicida em Ancara, na Turquia,
tinha planos contra a cúpula do G20, que terminou segunda-feira em
Antalya (Turquia).
A investigação nos computadores que a polícia encontrou nas casas
dos jihadistas vinculados ao atentado de Ancara apontava para o fato de o
encontro do G20 ser um alvo e de que o grupo tinha "feito explorações"
nos hotéis onde os líderes mundiais estiveram hospedados.
Os planos contra a reunião dos líderes mundiais foram encontrados no
computador de Yunus Durmaz, procurado pela polícia e considerado um dos
cérebros do atentado de Ancara, de acordo com o diário turco Hurriyet.
As forças de segurança também encontraram na casa de Durmaz, em
Gaziantep, cidade próxima à fronteira com a Síria, um depósito de armas.
A documentação recolhida revelou também que os jihadistas tinham
estabelecido 26 objetivos em 18 províncias turcas, entre os quais a
comunidade judia e grupos turcos de esquerda.
Por causa desses indícios, foram tomadas medidas adicionais de
segurança em Antalya, para onde foram destacados 12 mil policiais.
Marine Le Pen defende controle de fronteiras européias para combater terrorismo
A presidente da Frente Nacional francesa, Marine Le Pen, defendeu
hoje o restabelecimento do controle das fronteiras européias e a
expulsão dos estrangeiros conhecidos como radicais islâmicos como a
grande prioridade na luta contra o terrorismo.
"Há 12.700 pessoas identificadas por radicalização islâmica" pelos
serviços secretos, das quais "6 mil potencialmente muito perigosas", de
modo que é preciso expulsar os estrangeiros e fazer o mesmo com os que
têm dupla nacionalidade, depois de lhes retirar a nacionalidade
francesa, afirmou Le Pen, em entrevista à Rádio França Internacional.
A líder da Frente Nacional lembrou que "não existem meios para
vigiar todas essas pessoas", como forma de justificar as expulsões.
"Antes de tudo, temos de recuperar o controle das nossas fronteiras",
disse.
Obama anuncia que vetará limitações à entrada de refugiados sírios no país
A Casa Branca anunciou nessa quarta-feira que o presidente Barack
Obama vai vetar qualquer projeto de lei que limite a entrada de sírios
no país. O anúncio foi feito mediante a possibilidade de a Câmara dos
Deputados norte-americana votar, ainda nesta semana, resolução para
bloquear a decisão de Obama de acolher 10 mil refugiados daquele país
até o ano que vem.
Como a maioria no Congresso é republicana e há aproximadamente 26
estados declaradamente contrários à entrada de sírios, a expectativa é
de que restrições possam ser aprovadas. O posicionamento contrário à
acolhida dos refugiados aumentou depois dos atentados de sexta-feira,
porque um dos terroristas teria entrado na França como refugiado.
Apesar disso, porta-vozes e o próprio presidente Obama já reiteraram que não mudarão os planos de acolher mais refugiados.
"Para atender às vidas em jogo, pela importância dos nossos
parceiros do Oriente Médio e da Europa e pela liderança norte-americana
na abordagem da crise de refugiados da Síria, se o presidente for
confrontado com a aprovação do Projeto de Lei 4.038, ele irá vetá-lo",
informou a Casa Branca.
Ontem de manhã, Obama havia criticado o que chamou de "histeria"
doméstica nos EUA, sobre o temor da entrada desses refugiados. "Não
tomamos boas decisões baseadas na histeria e no exagero dos riscos",
afirmou. O presidente criticou os adversários políticos ao dizer que
eles, "aparentemente, têm medo das viúvas e órfãos que chegam ao país".
A decisão sobre a acolhida aos refugiados foi tomada em setembro
deste ano, após pressões da comunidade internacional sobre a Casa Branca
devido ao agravamento da crise na Síria e da emigração em massa de
sírios para a Europa.
Sérvia e Macedônia filtram entrada por nacionalidade
A Sérvia e a Macedônia limitam a passagem dos migrantes em seu
território em função da nacionalidade, deixando entrar apenas sírios,
iraquianos e afegãos, informou hoje o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados (Acnur).
- Desde ontem à tarde, as autoridades sérvias somente autorizam a
entrada no país dos refugiados procedentes do Afeganistão, da Síria e do
Iraque - disse a porta-voz do Acnur, Melita Sunjic.
A vizinha Macedônia também seleciona os migrantes que chegam da
Grécia, tendo criado uma lista de países cujos cidadãos não podem passar
(Marrocos, Sri Lanka, Sudão, Libéria, Congo e Paquistão), acrescentou.
Ao entrar na Sérvia, na região de Miratovac (Sul), os migrantes
devem apresentar os documentos de identidade ou fornecidos pelas
autoridades gregas ou da Macedônias que provem a sua identidade.
Segundo um repórter fotográfico da agência France Press, cerca de
300 migrantes aguardavam, hoje de manhã, a passagem da Grécia para a
Macedônia, em Gevgelija. Forças policiais estão posicionadas ao longo da
fronteira.
Desde o início do ano, mais de 800 mil migrantes chegaram à Europa
pelo mar, muitos por meio dos Balcãs, a maioria procedentes do Oriente
Médio.
Canadá garante que é "parceiro forte" dos EUA no combate
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou hoje que se
mantém como "parceiro forte" na luta internacional contra o Estado
Islâmico, sem reverter a decisão de acabar com os ataques aéreos no
Iraque e na Síria.
"O Canadá deve e vai continuar a ser um forte parceiro da coligação"
internacional contra os jihadistas do Estado Islâmico, disse Trudeau,
após encontro com o presidente norte-americano, Barack Obama,
paralelamente a uma cúpula econômica em Manila, nas Filipinas.
Justin Trudeau, que surpreendeu ao vencer as eleições legislativas
em outubro passado, prometeu acabar com as missões de combate,
limitando-se a participar com ações de ajuda humanitária e de formação
no Iraque.
O novo primeiro-ministro canadense tinha informado recentemente a
Obama que o seu governo iria encerrar os ataques aéreos no Iraque e na
Síria contra o Estado Islâmico sem, no entanto, revelar a data de adoção
da medida.
O Canadá bombardeou várias posições do grupo no Iraque desde outubro
de 2014 e estendeu esses ataques à vizinha Síria em abril deste ano.
A Força Aérea canadense disponibilizou seis caças F-18 para
participar da coligação internacional, dois aviões de vigilância Aurora,
um avião de reabastecimento de aeronaves e voo e dois de transporte.
Cerca de 600 soldados canadenses encontram-se no Kuwait, em apoio logístico.
Além disso, mais de 70 integrantes das forças especiais canadenses
estão, desde setembro de 2014, a auxiliar as forças curdas no Norte do
Iraque. Um soldado foi morto em março, devido a um erro de alvo das
milícias curdas.
Com informações da Agência Brasil, citando a Lusa 19/11/2015 - 10:44:26
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