A resistência aos antibióticos é, segundo a Organização
Mundial de Saúde (OMS), uma das maiores ameaças ao combate às doenças
infecciosas e pode, só na União Europeia (UE), custar 1,5 mil milhões de
dólares, provocar 25 mil mortos por ano e matar mais pessoas do que o
cancro até 2050.
Face
a isto, a UE está empenhada na redução do tempo de investigação de
novos antibióticos que, atualmente, supera uma década. O objetivo é
encontrar, rapidamente, novas alternativas terapêuticas, já que os
antibióticos atualmente disponíveis são ineficazes para combater as
novas estirpes de bactérias que surgem diariamente.Para alertar a população em geral e os profissionais de saúde para a problemática da resistência aos antibióticos e dos problemas daí decorrentes, como o aumento do número de infecções hospitalares, o Centro Europeu para a Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) assinala, a 18 de Novembro, o Dia Europeu dos Antibióticos. Pela primeira vez, a OMS une esforços e marca toda a semana, de 16 a 22 de Novembro, como a Semana Mundial para a Consciencialização do Antibiótico (World Antibiotic Awareness Week).
Os antibióticos são utilizados para combater infecções bacterianas e tornaram a medicina moderna possível. Com a criação de fármacos como a penicilina, assistiu-se a uma redução dramática da mortalidade associada a várias infecções simples e comuns e verificou-se um enorme avanço na área da segurança dos procedimentos cirúrgicos. No entanto, a sua eficácia encontra-se hoje altamente ameaçada pela crescente presença de bactérias resistentes («super-bugs»), que os tornam ineficazes.
A resistência aos antibióticos tem um enorme impacto na saúde pública: tratamentos e hospitalizações mais prolongadas, maior mortalidade e infecções mais agressivas. Em Portugal, a DGS calcula que cerca de um em cada dez doentes (10,7%) contraia uma infecção nas unidades de saúde nacionais, muito acima da média da UE (6%). Para estes números contribuem a má utilização dos antibióticos e as práticas de diagnóstico e profilaxia desadequadas. O problema tem raízes biológicas, técnicas e, principalmente, comportamentais, como a prescrição e o consumo excessivo e inadequado de antibióticos e o seu uso no setor veterinário (carne para consumo humano).
Este panorama é especialmente preocupante tendo em conta que nas últimas três décadas apenas duas novas classes de novos antibióticos foram descobertas, ao passo que nos cinquenta anos anteriores foram descobertas onze. O número de antibióticos que se torna obsoleto excede, assim, em larga escala o número de novas terapias que são aprovadas. O crescimento da resistência antimicrobiana combinado com a taxa de atrito no desenvolvimento de novos medicamentos tornam crucial o investimento em pesquisa e desenvolvimento, tentando assegurar que existe uma variedade de antibióticos para tratar infecções raras e comuns.
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