Metrô e BRT poderão ser restritos ao público dos Jogos Olímpicos
Em
dias e horários de competições que atraírem mais gente que modais
possam carregar, somente quem tiver o cartão de transporte olímpico
poderão usar principais linhas e estações
Gustavo Ribeiro
Rio - O público dos Jogos Olímpicos terá prioridade nos transportes
de massa do Rio durante o evento, que será realizado entre 5 e 21 de
agosto. Em dias e horários de competições que atraírem mais gente do que
o metrô, o trem ou o BRT forem capaz de carregar, somente passageiros
que possuírem o cartão de transporte olímpico — que custará R$ 25 por
dia — poderão usar as principais linhas e estações de acesso aos locais
de torneio.
A prefeitura ainda estuda
os dias e horários nos quais precisará restringir o uso de alguns
serviços de transporte aos cariocas que não estiverem indo às
competições. Os visitantes não poderão chegar de carro aos Jogos.
“É
possível que em alguns dias de pico na Barra, por exemplo, o metrô da
Linha 4 não comporte o cidadão do dia a dia mais os espectadores dos
Jogos. Daremos preferência ao público dos Jogos e direcionaremos os
outros modais, o ônibus, o BRT, para uso do cidadão comum”, avisa o
secretário municipal de Transportes, Rafael Picciani.
A auxiliar de tesouraria Dircéia de Oliveira, 54
anos, a doméstica Maria Lúcia Souza, 60 anos, e José de Oliveira Santos,
51 anos, acham cariocas vão ser prejudicados
Foto: Ernesto Carriço / Agência O Dia
Segundo ele, a medida será tomada em respeito não
só ao “cliente olímpico”, mas também à população da cidade. “O morador
do Rio tem o direito de saber que aquele modal vai estar lotado de gente
indo para o jogo. Ele não quer ir no tumulto, quer pegar outra opção
que o tire dessa confusão”, ressalta Picciani.
Além da Linha 4, que será inaugurada em julho e vai ligar Ipanema à Barra, os serviços
mais sujeitos a medidas restritivas são o Lote Zero do Transoeste,
atualmente em obras entre o Terminal Alvorada e o Jardim Oceânico, trens
e estações da SuperVia que dão acesso ao Engenhão e ao Complexo
Esportivo de Deodoro e o metrô em direção ao Maracanã. Os dias 12, 16 e
17 de agosto serão prováveis datas de restrições na Barra e no Maracanã.
O cartão olímpico permitirá o livre embarque em qualquer meio de transporte
ao longo do dia e será vendido em estações de alta capacidade de metrô,
trem, BRT, aeroportos e na rodoviária. Haverá três opções de bilhete:
para um dia, R$ 25; para três dias, R$ 70; e para sete dias, R$ 160.
O
bilhete especial poderá ser adquirido tanto pelo público que for aos
jogos quanto pelos demais cariocas. As roletas ficarão destravadas nos
horários de saída de algumas competições para evitar tumulto. Cariocas ficam indignados com a restrição
Engenheiro
de Transportes da Uerj, Alexandre Rojas ressalta que restringir o
transporte é uma medida comum em eventos de grande porte no mundo. “O
Rio está sintonizado com o pessoal de Londres, e lá foi feito exatamente
isso. Não é uma boa situação para o carioca, mas é indispensável para
onde há esse tipo de evento”, afirma.
Nas ruas, a notícia deixou
passageiros indignados. “Acho ridículo, porque se é o carioca que mora
aqui, ele tem que ter privilégio, não o turista. Que gracinha. É lindo
isso”, desabafou a doméstica Maria Lúcia Souza, 60 anos.
“A gente
já sofre todo dia no transporte e ainda vai ter opção a menos pra dar
lugar pra turista?”, critica a auxiliar de tesouraria Dircéia de
Oliveira, 54.
“Vai favorecer só o pessoal que vem de fora. A gente mesmo vai ser prejudicado”, opina José de Oliveira Santos, 51.
Na
final da Copa de 2014, o ramal da SuperVia que chegava ao Maracanã
também ficou exclusivo para os visitantes do estádio. Para Rojas, em
alguns casos os cariocas não vão sentir impacto, porque ainda não
dependem de transportes como o BRT Transolímpico, a Linha 4 e o Lote
Zero do Transoeste, que estão em obras.
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