Amigos, familiares e até um profissional de confiança são seus melhores aliados nessa hora
Livro do plano de saúde na mão, a administradora Flávia Laís, 33 anos, começava sua busca por um neurologista para tratar de uma dor de cabeça que a acompanha há 10 anos. Sem saber quais características pesar, selecionou consultórios próximos de sua casa ou de seu escritório. Dessa seleção, pesquisou nome por nome na internet para ver quais referências encontraria.“Aqueles que eram mencionados em reportagens na internet, ou cujo currículo consegui encontrar na web ganharam pontos. Os que não tinham nada disso, tirei da lista”, conta.Entre as três opções que sobraram, a opção foi feita novamente por proximidade e facilidade de acesso. Depois de tanto esforço e de mais de dois meses de espera por uma consulta, o resultado foi decepcionante.“Cheguei ao consultório, o médico atrasou um hora e meia, me atendeu com pressa, pediu uma série de exames e me mandou embora. Quinze minutos depois eu saía do consultório. E quando quis marcar retorno, não havia data na agenda do médico para os próximos dois meses. Achei péssimo”, reclama.Escolher o profissional que vai cuidar da sua saúde pelo CEP parece ser uma atitude comum entre os pacientes, mas é veementemente desaconselhada pelos médicos. “Tem quem procure pelo bairro, para ver se o profissional está em um endereço famoso, achando que assim encontrará alguém mais capacitado”, afirma Antonio Carlos Lopes, presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.Como a procura não é simples e o número de profissionais é extenso (a proporção é de um médico para cada 578 brasileiros) o conselho é buscar referências em pessoas de confiança. “Familiares e amigos podem indicar um profissional de alto nível, qualidade moral e técnica e que eles já conheçam”, diz Jecé Brandão, gastroenterologista e representante do Conselho Federal de Medicina na Bahia.
Vale também pedir indicação para outro médico de confiança. Se você já tem um ginecologista ou clínico que conhece há tempos, peça para ele te ajudar nessa escolha indicando profissionais.Para Lopes, o ideal é que o especialista seja indicado por um clínico geral que já tenha a visão completa do paciente. “Ele tem condições de recomendar um profissional de forma mais adequada, já que conhece não só a saúde, mas o jeito do paciente. Não existem doenças, mas sim doentes diferentes”, completa.Currículo
Segundo Jecé Brandão, checar o currículo do profissional é válido, mas atenderá parcialmente ao objetivo, já que desta forma é possível avaliar somente se ele é ou não um especialista, mas não como será seu atendimento. No entanto, ele aconselha a consulta à lista do conselho federal ou regional de medicina e a alguma associação de classe para confirmar se o profissional faz parte de alguma delas. “É uma segurança”, reforça.Antonio Lopes faz uma ressalva nesse ponto: o currículo disponível na plataforma Lattes não espelha a competência do médico. “Um paciente disse ter ficado impressionado com as minhas pesquisas e que o meu currículo foi o fator decisivo para ter vindo até o consultório. Eu respondi que ele devia estar enganado já que todas as minhas pesquisas eram feitas com ratos”, relata.Um minutinho de atenção
Analisar o currículo do médico não necessariamente vai dizer o quanto ele é bom. O saber técnico é importante, mas tem o mesmo peso que as qualidades morais, analisa Jecé Brandão. “É preciso ter virtudes de compaixão, generosidade, honestidade.”Para ele, um bom médico deve ter principalmente três qualidades: formação profissional consolidada e continuada, história de vida limpa e decente e preparo para acolher o paciente de forma generosa.“O médico exerce o papel de cuidador, de aliviador do sofrimento. Quando está doente, a pessoa se fragiliza, fica completamente vulnerável e o médico está lá para acudir essa pessoa. Por isso, os profissionais precisam ter sensibilidade e tempo para ouvir”, diz.A atenção dada ao paciente é um dos fatores destacados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) na busca por um médico de confiança. “É preciso que o profissional tenha desenvolvido a escuta. O paciente relata seus sofrimentos e em 70% das vezes dá para saber qual é o problema e é possível até medicar”, afirma Jecé.Lopes reforça que o médico não pode ter pressa e tem que saber ouvir. Além disso, ele enumera outras qualidades como não se colocar em um pedestal, não ter curiosidades sobre a vida pessoal do paciente e não ser autoritário.“Ele tem que explicar ao paciente porque vai receitar determinado remédio, porque a pessoa deve agir de uma determinada maneira e não somente mandar e achar que o paciente vai obedecer”, afirma.Leia também:
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1.14.2016
Como escolher seu médico
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