Pertencer
era chato demais. Tudo o que se torna obrigação tende a limitar os
prazeres.E qualquer tipo de limitação tende a aborrecer-me os
sentidos.Era por isso que preferia a solidão dos pensamentos à dinâmica
da obrigatoriedade. A gente só tem que gostar daquilo que possa nos
acrescentar algo. E nesse “algo” eu não estou citando tédio, marasmo e
muito menos preguiça. Se a sua presença não me excita desejo nem
vontades, esqueça...Eu não estarei disponível nem agora e nem mais
tarde.Se a sua presença não me inspira ao inimaginável...melhor procurar
outro caminho. Porque eu sou o misto mais complexo entre desejo e medo e
há somente uma linha muito tênue entre essas duas vertentes que dominam
o meu ser : nunca sei quando é hora de ir, e sempre que vou não vejo a
hora de voltar. Não sei pertencer.Não sei ser. Não sei de mim. Mas sei
que sinto e isso já o bastante. Dentro do turbilhão de coisas que passam
dentro de mim, saber que não estou vazia por completo me conforta,
mesmo sendo um prazer dolorido, mesmo sendo uma paz momentânea. Mas não
importa, os poucos minutos em que me sinto em casa já fazem valer toda a
existência. Um momento pode ser infinitamente repleto de boas
lembranças ... E talvez sejam eles que nos façam suportar os dias de
tédio, as dores do peito, as dúvidas profundas. Talvez seja, talvez....
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