Mãe de estudante ferido por bomba da PM diz que vai processar estado
Gustavo de 19 anos teve fratura na mão e passará por nova cirurgia.
Para Ana Amélia, jovens podem morrer em ações da PM nos protestos.
O estudante Gustavo Camargo foi ferido na mão por uma bomba (Foto: Arquivo Pessoal)
A mãe do estudante de arquitetura Gustavo Camargo atingido por uma
bomba de gás disparada por um policial militar no protesto desta
terça-feira (12) contra o aumento da tarifa do transporte público na
capital paulista, Ana Amélia Camargos, afirmou que vai processar o
estado e pedir indenização do estado de São Paulo.Gustavo teve fratura exposta, quebrou alguns ossos da mão e o tendão foi rompido, segundo familiares. Ele passou por uma operação nesta terça-feira para limpar o ferimento e deve passar por nova cirurgia nesta quinta-feira para reconstrução do membro no Hospital Albert Einstein, na Zona Sul de São Paulo. Segundo Ana Amélia, os médicos estão céticos e não sabem se ele recuperará o movimento da mão.
Estudante com fratura exposta no dedo após
bomba da PM (Foto: Isabela Leite/G1)
Para Ana Amélia, que é advogada trabalhista, manifestantes correm o
risco de morrer em um protesto em São Paulo. O filho de 19 anos foi
atingido por um estilhaço de ferro do mecanismo que faz a bomba
explodir.bomba da PM (Foto: Isabela Leite/G1)
“Acho um absurdo, você tem um filho que está pacificamente na passeata e tem todo direito de se manifestar. Não teve reação dos black blocs, a polícia foi para ser violenta, perseguir as pessoas, não tinha para onde correr, fez um corredor polonês e começou a jogar bomba”, disse.
“Qualquer jovem pacificamente, de uma manifestação democrática pode simplesmente morrer, ter um membro amputado, ter uma deficiência desnecessária pelos policiais”, completou.
Ela afirmou que vai registrar um boletim de ocorrência e procurar outros advogados para saber como proceder com a ação. O G1 procurou a SSP para se posicionar sobre a bomba que explodiu no estudante, mas até o fechamento desta reportagem a pasta não se manifestou.
O Movimento Passe Livre (MPL) afirmou na manhã desta quarta-feira (13) que houve "repressão forte e desnecessária" da Polícia Militar no início do protesto. Segundo Luize Tavares, do MPL, cerca de 20 pessoas feridas foram levadas a hospitais. A maioria delas foi encaminhada ao Hospital das Clínicas e alguns à Santa Casa. “Deve ter um número ainda maior de pessoas que não foram aos hospitais”, disse.
Luize afirmou que pouco antes do início do protesto, uma grávida de seis meses levou um chute de um policial na barriga, caiu e fraturou a costela. “Ela recebeu os primeiros socorros no Metrô [Estação Paulista da Linha Amarela], mas por conta da fratura não conseguia andar e foi levada ao hospital de táxi”, disse Luize. O bebê não corre risco de morte.
Além dessa grávida, Luize disse que recebeu a informação de outra gestante que também ficou ferida.
Luize comparou o ato desta terça-feira com a “quinta-feira sangrenta de junho de 2013”.
O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que os policiais militares lançaram bombas de efeito moral contra manifestantes nesta terça porque eles tentaram “romper o bloqueio” montado pela PM.
Secretário
O secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, afirmou nesta quarta-feira (13) que a polícia vai repetir a operação feita durante o ato de terça-feira (12) e impor o trajeto todas as vezes que os manifestantes não quiserem cumprir o caminho informado.
saiba mais
"Movimento que não informa o trajeto é o Passe Livre e quando isso
acontecer, obviamente, nós vamos estabelecer o traçado e fazer de tudo e
preservar milhões de pessoas que não estão participando da
manifestação, como foi feito ontem [ato desta terça]", disse."Venho novamente solicitar que as lideranças e o movimento MPL entrem em
contato com a Secretaria da Segurança Pública e as autoridades de trânsito para informar qual será o traçado para que nós possamos organizar o trânsito, o transporte e a segurança. Ganham com isso os manifestantes e a cidade que não terá baderna e vandalismo", completou.
Para o MPL, a PM não pode pautar o trajeto. “No ano passado, a PM convidou o MPL para falar sobre os trajetos. Mas nós definimos o trajeto com quem está no ato, não com a polícia”, disse. “Quando houve a repressão a gente percebeu que era uma emboscada, bomba atrás de bomba e o Centro cercado por policiais”, completou.
Houve dois casos de depredação, com vidros quebrados em uma agência bancária na Consolação e no Instituto Cervantes. A polícia diz ter apreendido duas bombas durante a manifestação.
(O G1 acompanhou o protesto em TEMPO REAL, com fotos e vídeos)
Veja principais momentos da manifestação, minuto a minuto:
17h: Começa a concentração na Praça do Ciclista
17h40: Homem é detido pela PM por portar uma corrente
18h54: Manifestantes começam a discutir o trajeto
19h07: PM faz cordão de isolamento para grupo não descer pela Rebouças
19h21: PM joga mais de 10 bombas na esquina da Avenida Paulista com a Consolação
19h30: Manifestantes descem ruas da região fazendo barricadas com lixo
19h40: Manifestantes correm pela Rua da Consolação, sentido Centro
20h: Novo confronto em Higienópolis, na região da Rua Sergipe
20h40: Rua da Consolação é liberada sentido Centro
21h08: Tumulto em frente ao Theatro Municipal
21h22: Avenida Paulista é liberada ao trânsito
21h31: Secretário Alexandre de Moraes defende atuação da PM
Jovem ferida durante ato contra aumento do transporte em SP (Foto: Glauco Araújo/G1)
Bombas lançadas pela PM dispersa manifestantes na Avenida Paulista (Foto: Reprodução/TV Globo)
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