Neste domingo (17), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, respondeu ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que havia afirmado ser vítima de um complô entre governo e a Procuradoria-geral da República.
"Seria melhor o presidente da Câmara explicar à opinião pública as acusações que lhe são dirigidas ao invés de se vitimizar inventando teses de 'conluios' que nunca existiram", afirmou o ministro à Folha de S. Paulo.
Cardozo destacou ainda que a fato de o inquérito ter sido aberto para apurar vazamentos de mensagens de Léo Pinheiro, obtidas na Operação Lava Jato, tinha como vítimas várias pessoas, "como o ministro Wagner e o próprio Eduardo Cunha".
O ministro também destacou: "Não entendo a razão pela qual ele ficou tão incomodado com a abertura deste inquérito. É estranho. Mas, se houver outro vazamento ilegal contra ele não investigado, como já disse, ele pode representar para mim pedindo apuração. Ele sabe como fazer. Já fez antes. E sempre foi atendido como manda a lei."
Governo e Procuradoria agem juntos contra mim, afirma Cunha
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou que seu maior algoz, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, "trabalha em conjunto" com o governo Dilma Rousseff para atacá-lo. Em entrevista à Folha de S. Paulo, Cunha afirmou ainda que o chefe do Ministério Público Federal está confundindo o "papel de acusador com o de militante político" e ironiza a consistência da ação em que o PGR pede seu afastamento do comando da Câmara. "É risível", avalia.
Na entrevista, Cunha destaca que não vê a possibilidade de ser afastado pelo STF. "A peça que o procurador-geral protocolou é teatral. Tem 11 atos. Vou rebater um a um. Chega a ser esdrúxulo. Ele cita, por exemplo, projeto de um deputado que trata de mudanças na lei da delação. Diz que foi feito com o objetivo de evitar que um delator pudesse mudar o depoimento e me beneficiar. Esse depoimento foi em 10 de junho, tornou-se público 17 de julho. O procurador fez a denúncia contra mim no dia 20 de agosto. O projeto foi protocolado dia 25 de agosto. É posterior, portanto, até à denúncia. Se isso vai ser motivo de afastamento, chega a ser risível", afirmou.
Cunha afirma também que trata doação "com muita transparência". "Essa empresa [a OAS, de Léo Pinheiro] nunca me deu um centavo. Nenhuma das doações dela veio para a minha campanha. Se pedi, não era para mim. Nesse caso era uma doação para o Henrique Eduardo Alves [PMDB] ao governo do Rio Grande do Norte."
Cunha também faz ataques a Janot: "Ele cita requerimentos de pessoas que diz serem meus seguidores na CPI. Diz que é uma "organização criminosa". Se é, por que não entrou contra todo mundo? É uma organização de um só? Ele trata o chefe de um Poder como um delinquente. Nem réu eu sou. Ele está trocando o papel de acusador por militante político."
O presidente da Câmara reforça ainda que é tratado de maneira diferenciada: "É óbvio, nítido, notório que há um tratamento diferenciado em relação a mim. Tentam me usar para disfarçar a situação de outras pessoas. Não quero acusar ninguém. Ao contrário deles, que gostam de dividir bancos de réus, não quero ser réu, quero provar a minha defesa e ter o tratamento igual. Vaza um documento sobre o Jaques Wagner e o ministro da Justiça pede para apurar imediatamente. O meu vaza todo dia e ninguém fala nada. São inúmeros procedimentos, posso falar até amanhã."
Sobre a possibilidade de renúncia, Cunha ironiza: "De quem? Da presidente? Cabe a ela decidir, não a mim [risos]." Ele ainda afirma não ter receio de ser preso: "Não temo nada. Acha que, do jeito que o PGR gosta de mim, se pudesse ter feito, ele já não teria?"
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