Como confiar numa imprensa que atropela a democracia? Por Aluízio Carvalho de Santana. No Portal Vermelho.
Considero que o
trabalho da imprensa, em geral, vem sendo bastante tendencioso na
cobertura dos eventos que envolvem a Operação Lava Jato, incluindo as
recentes manifestações de rua. Em alguns casos, e isso é notório, beira a
má-fé.
Por Aluízio Carvalho de Santana*
Nada
existe de concreto contra a presidente, a não ser o inconformismo dos
derrotados nas urnas, sendo que uma pequena parcela ainda comete o
disparate de clamar pela volta dos militares.
De utilidade pública o jornalismo sempre será, mas a questão é que
atualmente ele é pautado por empresas que usam e abusam de seu direito
de livre expressão para manipular os fatos, distorcendo e influenciando a
opinião pública conforme seus interesses. Todo mundo sabe que a Rede Globo, a Band, a Record, são anti-PT, assim como as classes rica e média, pois esses segmentos sabem que estão lidando com uma agremiação política que investe em programas sociais destinados a tirar, e comprovadamente vêm tirando, milhões de pessoas da miséria.
E para quem sempre teve privilégios, incomoda demais ver pessoas simples conseguirem progredir na vida mediante a implantação de cotas nas universidades e programas como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida, entre outros. Lembram-se do programa “Mais Médicos”, que a princípio recrutou profissionais de Cuba? No começo foi só crítica e condenação, mas hoje a maioria dos doutores participantes é de brasileiros. Portanto, a coisa tem muito de viés político, sim.
As manifestações são legítimas e deve ser mostradas? É óbvio que sim! Mas a imprensa tem que mostrar o que está por trás dos objetivos dos manifestantes e dar vez e voz aos dois lados (ou mais) que envolvem a questão. E não é o que vem ocorrendo. O que se vê é a divulgação diária e incessante de notícias baseadas apenas em suspeitas, sem a devida e necessária comprovação.
A maioria delas é baseada em ‘vazamentos seletivos’, ou seja, atacam apenas e tão somente um lado (o PT), na tentativa de demonizar apenas um partido e seus integrantes, passando por cima de um direito inalienável: o da ampla defesa, que tem sido sistematicamente negado aos acusados. E os ensinamentos jurídicos têm um conceito básico primordial: ao acusador cabe o ônus da prova.
O ex-presidente Lula, pelo que fiquei sabendo, já apresentou à Justiça um pedido de “Direito de Resposta”, assim como fez o falecido governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, em 1984, para desmentir a campanha sórdida que a Rede Globo movia contra ele. Isso é jornalismo sério? Porque outros políticos citados em delações na mesma Lava Jato não viram pautas de reportagens que apontem de que crimes são suspeitos? Qual a razão para tratamentos tão diferentes?
No entanto, graças à internet, ficamos sabendo de coisas que revelam quem está por trás desse tipo de jornalismo marrom na Globo. Conforme o site Diário do Centro Mundo (DCM), o jornalista Erick Bretas, que tem cargo de diretor de mídias na emissora, “se fantasia de Moro no Facebook, mediante um avatar, para pregar o golpe e a prisão de Lula”. O responsável pelo site, o também jornalista Paulo Nogueira, garante que Bretas será processado por divulgar que o DCM é financiado pelo PT.
E num depoimento “em off” para o mesmo DCM, outro jornalista revela o que acontece no jornal O Globo, e eu reproduzo aqui: “...vocês sabiam que o editor de política do jornal em Brasília, Paulo Celso Pereira, é primo em primeiro grau do Aécio Neves? Aécio foi seu padrinho de casamento e eles se falam diariamente. Ou seja, desde a campanha eleitoral, tudo o que os repórteres apuram junto ao PT é repassado diretamente, sem escalas, para o Aécio.”
Neste relato, entendo que o tratamento diferenciado se explica. E me permitam observar o seguinte: por significativas que tenham sido as manifestações do último domingo, 13 de março, elas representam muito pouco frente aos 51,4 milhões de eleitores que reelegeram a presidente Dilma Rousseff para um segundo mandato de quatro anos, que deve ser democraticamente cumprido até o fim.
Afinal, nada existe de concreto contra a presidente, a não ser o inconformismo dos derrotados nas urnas, sendo que uma pequena parcela ainda comete o disparate de clamar pela volta dos militares ao poder e apoiam um falso nacionalista e homofóbico, chamado Bolsonaro. Minha nota ao trabalho jornalístico da imprensa sobre as manifestações de domingo, 13 de março de 2016, é 5. E a melhor cobertura foi a dos blogs e dos sites jornalísticos.
*É jornalista de Campinas (SP)
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