Cidade fundada em 1º de março de 1565 faz aniversário com programação intensa
Áreas completamente degradadas e abandonadas do município, como a zona portuária e a região da Grande Madureira são algumas das que têm muito a comemorar, mesmo no dia seguinte à enchente que parou o Rio.
O sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, idealizador do Trem do Samba e da Feira das Yabás, militante incansável da cultura carioca e, claro, nascido e criado na região da Grande Madureira, há 54 anos, é um dos que atestam a melhoria da qualidade de vida na cidade.
“Peguei a época do lotação, o fim dos bondes, a decadência cultural e econômica de Madureira após a chegada dos shopping à cidade. Há até pouco tempo, aqui só tinha igreja. Não tinha mais cinema, vida cultural, nada. Era uma teocracia. A criação do Parque Madureira revolucionou a nossa região. Mudou a vida das pessoas”, elogiou Marquinhos.
O sambista brinca ao lembrar que ninguém
acreditava na promessa do prefeito Eduardo Paes, que tinha fama de
almofadinha ao ser eleito pela primeira vez.
“Era um cara de direita, social-democrata, que virou de centro. Acho que ele se embriagou com a Zona Norte,
com a nossa gente, e tomou gosto por nós. Madureira é como se Nova
Orleans fosse dentro de Nova York. É a África dentro do Rio de Janeiro. A
riqueza cultural aqui é incrível. E ele entendeu isso”, elogiou.Na Zona Portuária, o produtor cultural Raphael Vidal, personagem local que nos bares da região ganhou o apelido de Maluco Fundamental da cidade, é outro que tem o que comemorar.
“A Região Portuária estava abandonada. Os cariocas desconheciam lugares fundamentais da nossa história, como o Morro da Conceição e a Praça da Harmonia. A cidade reencontrou parte de sua própria fundação: Cais do Valongo, Jardim Suspenso do Valongo, Cemitério dos Pretos Novos, Quilombo da Pedra do Sal. E muito mais”, lembra Vidal.
Gestor cultural da Casa Porto, ponto de efervescência na região, ele lembra, no entanto, que nem tudo são flores. E diz que o aniversário da cidade tem de servir, também, para uma reflexão sobre o que é prioridade em cada região do Rio.
“As mudanças foram valiosas para o encontro dos cidadãos nas ruas e praças. Mas precisamos de mais árvores e bancos nas praças, transporte de qualidade, manutenção de ruas e calçadas, coleta seletiva e, principalmente, a fiação subterrânea de cabos de eletricidade, telefonia e internet. Poderemos assim perceber melhor os casarios que ainda contam sobre o nosso passado e aprender mais sobre nós mesmos e nossa cidade”, pediu o “maluco”, que de maluco não tem nada.
História de guerras até a fundação
A região da Cidade do Rio de Janeiro foi descoberta por expedição portuguesa em 1º de janeiro de 1502. Como acreditavam ter chegado à desembocadura de um grande rio, os lusitanos batizaram o que hoje conhecemos como Baía da Guanabara,com o nome de Rio de Janeiro. E pelo jeito parecia mesmo um rio, pois Guanabara, que era como os índios designavam o local, na língua tupi, significa “rio-mar”.
Os anos seguintes trouxeram outras expedições, com colonizadores que se instalaram e ergueram casas. Elas eram chamadas pelos índios de “cari-oca”, ou seja, “casa de branco”. O termo passou a designar brancos, negros, índios e mestiços nascidos aqui. Entretanto, até Estácio de Sá fundar a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, no dia 1º de março de 1565, os portugueses tiveram que travar várias batalhas, tanto contra os índios Tamoios, que habitavam a região, quanto com os franceses, que também estavam de olho nas riquezas do novo mundo e aportaram por aqui em 1555.
Os franceses se aliaram aos Tamoios e passaram a habitar e explorar o lugar. Alertados sobre a ocupação francesa e sua aliança com os Tamoios, os portugueses se prepararam para a guerra. Foi Mém de Sá, governador-geral do Brasil, quem comandou o primeiro ataque, em 1560.
A frota comandada por Estácio de Sá chegou à Guanabara no dia 28 de fevereiro de 1565. Após forte batalha, conseguiu derrotar os tamoios e os franceses. No dia seguinte, ele fundou oficialmente a cidade, celebrando a primeira missa aos pés do morro Pão de Açúcar.
A guerra prosseguiu até 1567, quando os portugueses expulsaram de vez os franceses. Mas, a vitória custou a vida Estácio de Sá. Ele foi atingido por uma flecha e morreu, em 20 de fevereiro de 1567.
PROGRAMAÇÃO
BOLO NA CARIOCA
Em homenagem ao ano olímpico, a Sociedade Amigos da Rua da Carioca e Adjacências (SARCA), festeja o aniversário da cidade com um bolo de 20,16 metros. A festa acontece na Rua da Carioca a partir de meio-dia. A imagem peregrina de São Sebastião será levada ao local pelo arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Dom Orani Tempesta.
FESTAS CULTURAIS
O Circuito Cultural Carioca vai celebrar os 451 anos do Rio de Janeiro, com mais de 30 atrações gratuitas e a preços populares entre 4 e 6 de março.
HISTÓRIA DA CIDADE
Uma exposição gratuita sobre a história do Rio de Janeiro através de suas principais construções no Centro Administrativo São Sebastião, sede da Prefeitura do Rio, de 1º a 12 de março.
RIOS DE POESIA
O Grupo de Teatro da Arena apresenta o espetáculo Rios de Poesia. Livre. Arena Carioca Abelardo Barbosa Chacrinha. Domingo, 16h. Grátis.
BAILE DA CIDADE
A Arena Carioca, em Guaratiba, promove um baile carnavalesco pra celebrar os 451 anos do Rio. 16 anos. Arena Carioca Abelardo Barbosa Chacrinha. Sábado, 20h. Grátis.
O RIO VIROU CAPITAL
Exposição que traça um panorama das transformações ocorridas durante o século 18, época em que cidade se tornou a capital do Vice-Reino do Brasil (1763). Museu de Arte do Rio. Terça a domingo, das 10h às 17h. R$ 10 (Grátis às terças)
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