Eles dizem estar “preocupados com o impeachment de motivação política” de Dilma, que instaurou um governo “não eleito”.
“A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados”, diz o manifesto.
O documento também aborda a questão da falta de representatividade do gabinete do vice-presidente exercendo a Presidência interinamente, Michel Temer. “Lamentamos que o governo interino no Brasil tenha substituído um Ministério diversificado, dirigido pela primeira presidente mulher [do Brasil], por um Ministério composto por homens brancos, em um país onde a maioria se identifica como negros ou pardos”.
“Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis”, afirma o texto.
O manifesto pede que os senadores brasileiros, que votarão no processo de impeachment a partir desta quinta-feira (25/08), “respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram”. “O Brasil emergiu de uma ditadura há apenas 30 anos, e esses eventos podem atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas”, diz o texto.
Os signatários finalizam a declaração alertando para as consequências que o impedimento de Dilma pode ter para a América Latina. “O Brasil é uma grande potência regional e tem a maior economia da América Latina. Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região”, afirmam.
Na quinta-feira (25/08), o Senado brasileiro retomará as discussões e julgará o impeachment da presidenta. Caso o Senado aprove o impedimento, Dilma será destituída oficialmente do cargo e ficará inelegível por oito anos.
Cultura
Artistas e intelectuais estrangeiros manifestam apoio a Dilma
Um grupo de artistas e intelectuais estrangeiros divulgou um manifesto em apoio à presidenta eleita Dilma Rousseff, contra o processo fraudulento de impeachment contra ela no Senado e pela democracia no Brasil. No texto, personalidades como o cineasta Oliver Stone (Platoon), a atriz Susan Sarandon (Thelma & Louise) e o ator Viggo Mortensen (Senhor dos Anéis), Danny Glover (ator) e Noam Chomsky (linguista) reforçam a denúncia internacional do ataque à democracia brasileira.
Colagem a partir de imagens de Wikipedia
O texto fala da preocupação dos
artistas e intelectuais com o processo de impeachment contra a
presidenta Dilma ter motivação política. “A base jurídica para o
impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências
convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do
impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar
investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados”,
ressalta o documento. “Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e
com todos aqueles que lutam por democracia e justiça em todo o Brasil”,
diz a carta, que tem versão em inglês e português. Na carta, o grupo lamenta que o governo interino no Brasil tenha feito substituições dos ministérios sem se preocupar com a diversidade das raças no país. O texto trata ainda da extinção de ministérios importantes como o de Políticas para as Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. “Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis”, destaca.
Para os artistas, o que está acontecendo pode atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. Eles destacam ainda a importância do Brasil na América Latina e fazem um apelo para que os parlamentares que votarão no processo de impeachment respeitem o resultado das urnas.
O manifesto trata ainda da jovem democracia instaurada no Brasil após um longo período de ditatura militar. “Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram (...) Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem-sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região”, afirma a mensagem.
Entre os signatários, estão também Eve Ensler (autora de Monólogos da Vagina), Brian Eno (músico), Harry Belafonte (cantor) Tariq Ali (escritor e cineasta), Alan Cumming (ator), Frances de la Tour (atriz), Deborah Eisenberg (escritora), Stephen Fry (ator), Daniel Hunt (cineasta), Naomi Klein (escritora), Ken Loach (cineasta), Tom Morello (músico), Michael Ondaatje (escritor), Arundhati Roy (escritora), John Sayles (diretor e roteirista), Wallace Shawn (ator) e Vivianne Westwood (estilista).
Organizações dos EUA também denunciam “golpe legislativo”
A iniciativa se soma a uma série de manifestações contrárias ao impeachment vindas de todas as partes do mundo. De acordo com a Folha de S. Paulo, paralelamente à carta dos artistas, uma declaração de um grupo de 44 organizações norte-americanas também afirma que a democracia brasileira está “em grave risco”. Entre as entidades que assinam o documento está a central sindical AFL-CIO, que possui mais de 12 milhões de membros.
“Em maio passado, o Congresso brasileiro orquestrou um golpe legislativo, afastando a presidenta Dilma Rousseff em meio a acusações forjadas de má gestão fiscal. Deputados e senadores usaram um discurso de ódio sexista, invocando crenças religiosas e até mesmo elogiado o torturador da presidenta Rousseff em sua campanha de difamação”, diz a declaração.
No início do mês, o senador norte-americano Bernie Sanders condenou o golpe de Estado em curso e pediu apoio aos trabalhadores brasileiros.
Leia o manifesto na íntegra:
Nos solidarizamos com nossos colegas artistas e com todos aqueles que lutam pela democracia e justiça em todo o Brasil.
Estamos preocupados com o impeachment de motivação política da presidenta, o qual instalou um governo provisório não eleito. A base jurídica para o impeachment em curso é amplamente questionável e existem evidências convincentes mostrando que os principais promotores da campanha do impeachment estão tentando remover a presidenta com o objetivo de parar investigações de corrupção nas quais eles próprios estão implicados.
Lamentamos que o governo interino no Brasil tenha substituído um ministério diversificado, dirigido pela primeira presidente mulher, por um ministério compostos por homens brancos, em um país onde a maioria se identifica como negros ou pardos. Tal governo também eliminou o Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Visto que o Brasil é o quinto país mais populoso do mundo, estes acontecimentos são de grande importância para todos os que se preocupam com igualdade e direitos civis.
Esperamos que os senadores brasileiros respeitem o processo eleitoral de 2014, quando mais de 100 milhões de pessoas votaram. O Brasil emergiu de uma ditadura há apenas 30 anos, e esses eventos podem atrasar o progresso do país em termos de inclusão social e econômica por décadas. O Brasil é uma grande potência regional e tem a maior economia da América Latina. Se este ataque contra suas instituições democráticas for bem sucedido, as ondas de choque negativas irão reverberar em toda a região.
Tariq Ali – escritor, jornalista e cineasta Harry Belafonte – ativista, cantor e ator Noam Chomsky – linguista Alan Cumming – ator Frances de la Tour – atriz Deborah Eisenberg – escritora, atriz e professora Brian Eno – compositor, cantor e produtor Eve Ensler – dramaturga Stephen Fry – ator e diretor Danny Glover – ator e diretor Daniel Hunt – produtor musical e cineasta Naomi Klein – jornalista e escritora Ken Loach – cineasta Tom Morello – músico Viggo Mortensen – ator Michael Ondaatje – novelista e poeta Arundhati Roy – escritor e ativista Susan Sarandon – atriz John Sayles – roteirista e diretor Wallace Shawn – ator, dramaturgo e comediante Oliver Stone – cineasta Vivienne Westwood – estilista
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