"A perspectiva real de punição é essencial para alguém decidir colaborar. Quando um réu decide colaborar, ele não fala apenas do crime A pelo qual é investigado, mas dos crimes B, C, D, que sequer eram conhecidos. O que acarreta um efeito cascata de caráter exponencial", diz Dallagnol em entrevista ao jornal o Estado de São Paulo.
O procurador diz ainda que a decisão deve ter efeito prático que transcende o caso de corrupção que devastou a Petrobras. Ela coloca o risco da prisão para criminosos do colarinho branco no País em um horizonte mais próximo. "A razão para a colaboração na Lava Jato é a perspectiva concreta de punição no futuro. Sem perspectiva de punição, o acordo não é a melhor alternativa", afirma Dallagnol.
'Bom negócio'
A perspectiva de punição real para crimes de corrupção faz com que acordos de delação passem a ser "uma alternativa em muitos casos criminais, e não só naqueles que eram pontos fora da curva da impunidade, como Mensalão e Lava Jato".
Investigadores da Lava Jato sempre usaram esse conceito de "ponto fora da curva" para tratar as investigações do escândalo Petrobrás como uma exceção no combate à corrupção no País. "Por que existem tantas colaborações na Lava Jato e não em outros casos?", questiona Dallagnol.
Para o procurador, as "prisões preventivas da Lava Jato" – alvos de duros ataques dos investigados e defensores – "não são uma resposta satisfatória". Isso porque, "mais de 70% das colaborações foram feitas com réus soltos".
Antes de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal que virou primeiro delator da Lava Jato, em agosto de 2014, investigava-se corrupção de R$ 26 milhões. "Dificilmente se avançaria muito. Após a série de colaborações premiadas, só de propinas na Petrobrás, já se têm mais de R$ 6 bilhões de reais", calcula Dallagnol
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