Em depoimento prestado ao ministro Herman Benjamin, do TSE, o
ex-executivo da Odebrecht José de Carvalho Filho disse que o ministro da
Casa Civil e Michel Temer, Eliseu Padilha, lhe passou "todos os
endereços" para o pagamento de R$ 4 milhões destinados ao PMDB durante a
campanha eleitoral de 2014; ele confirmou quem um dos locais indicados
por Padilha foi o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de
Michel Temer (PMDB); Carvalho Filho desmontou a versão de Yunes e disse
não conhecer o empresário Lúcio Funaro: "Nunca vi o Lúcio Funaro, nunca
estive com o Lúcio Funaro e não sei quem é o Lúcio Funaro"
Carvalho Filho confirmou que entre os endereços repassados por Padilha está o escritório de José Yunes, amigo e ex-assessor de Michel Temer (PMDB). A entrega do dinheiro teria ocorrido no dia 4 de setembro de 2014. "Todos os endereços, esses e os outros que eu não me lembro me foram dados pelo Eliseu Padilha", disse Carvalho Filho.
"Procurei depois o Eliseu Padilha, no escritório dele, comentei o fato, ele já sabia, evidente, e solicitei dele os endereços que eles poderiam receber e quem fez essa operação foi Operações Estruturadas. A sistemática era: eu chegava expor até ele e ele me fornecia o endereço, eu transmitia ao sistema de Operações Estruturadas a sra. Maria Lúcia (ex-secretária da Odebrecht), que uns dias depois, me entregava uma senha. Eu pessoalmente entregava essa senha, entreguei essa senha ao Sr. Eliseu Padilha", afirmou José de Carvalho Filho.
O ex-executivo da Odebrecht também relatou que não conhece o empresário Lúcio Funaro. "Nunca vi o Lúcio Funaro, nunca estive com o Lúcio Funaro e não sei quem é o Lúcio Funaro", disse Carvalho.
As novas revelações podem abrir margem para que a defesa da presidente deposta Dilma Rousseff volte a pedir que Padilha e Yunes sejam ouvidos na ação de cassação. No dia 14 deste mês, o ministro Herman Benjamin negou pedido apresentado pela defesa de Dilma Rousseff para que Padilha e Yunes prestassem depoimentos na Justiça Eleitoral.
"Não houve referência, no conjunto probatório até aqui produzido, de fatos concernentes à atuação de Eliseu Padilha ou José Yunes que tenham correlação direta com o objeto desta causa, isto é, o financiamento da chapa Dilma-Temer em 2014", escreveu Benjamin em sua decisão.
Cunha entrou no negócio
Ao ministro Herman Benjamin, Carvalho Filho também contou que recebeu um telefonema do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), reclamando que não teria recebido R$ 500 mil. "Tivemos uma discussão acalorada ao telefone. Achei estranho e comuniquei ao Cláudio (Cláudio Melo, ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht): 'Cláudio, o fato foi esse e vamos esclarecer junto ao Eliseu'. Logo depois fomos ao Eliseu e esclarecemos. Ele achou muito estranho este fato e disse: 'Olha, se o endereço que eu dei e se fosse realmente entregue, o Sr. Yunes é uma pessoa de mais ou menos setenta anos, é de minha confiança, dificilmente não teria registrado isso". Isso causou um constrangimento a mim. (...) O mal-estar permaneceu e a empresa tomou, deliberou fazer outro pagamento de 500 (quinhentos) mil reais no valor, aquele que deu origem ao processo em discussão", afirmou o ex-executivo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário