BRASÍLIA — O depoimento prestado pelo operador financeiro Lúcio Bolonha Funaro à Polícia Federal no início deste mês pode criar embaraços para Antônio Mariz, o principal advogado do presidente Michel Temer. Durante o interrogatório, Funaro disse que o escritório de Mariz foi o primeiro a fazer sondagem sobre o possível interesse dele em fazer acordo de delação premiada. No período, investigadores da Operação Lava-Jato já sabiam que uma eventual delação do operador teria potencial para complicar a situação de Temer. Um dos principais cúmplices do ex-deputado Eduardo Cunha, Funaro detém importantes informações sobre estruturas de corrupção no governo federal e na movimentação financeira de líderes do PMDB.
Ainda no interrogatório, Funaro confirmou ter recebido pagamentos mensais de Joesley Batista, um dos donos da JBS. Confirmou ainda que os irmão Dante e Roberta Funaro receberam parte das mesadas desde que ele foi preso, em junho do ano passado. Ele negou, no entanto, que os pagamentos estivessem lastreados num acerto para que ele não fizesse acordo de delação, como acusou Batista. O operador alega que tinha a JBS devia a ele aproximadamente R$ 80 milhões relativos a negócios lícitos e ilícitos. A divida estaria sendo paga gradativamente.
"Que o declarante tinha um saldo credor com a J & F, decorrente de ações lícitas e ilícitas, num montante de R$ 80 milhões em dezembro de 2015", disse o operador. A J & F é controladora da JBS. Funaro disse ainda que não houve nenhum acordo com Batista para que não fizesse acordo de delação.
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