Mais grave do que a denúncia contra o presidente Michel Temer foi a reação a
ela do próprio presidente golpista. Com esta, Temer despiu-se do que restava da
dignidade do cargo, veste que já era andrajos desde a noite em que
recebeu, nos subalternos do Jaburu, o “notrio criminoso” chamado Joesley
Batista.
“Notrio criminoso”, caso algum no se lembre, foi o rótulo empregado recentemente pelo próprio Temer, que, no entanto, se descobriu essa característica no seu interlocutor (e financiador, segundo a denúncia da Procuradoria) junto com todos os demais brasileiros. Inocente, coitado.
A reação do presidente mergulha com todo o gosto nos “fatos alternativos”, a maneira moderna de difundir inverdades, o que demonstra que Donald Trump está fazendo escola.
Primeiro “fato alternativo”: a insinuação de que o trabalho da Procuradoria apenas uma tentativa de colocar obstáculos genial gesto Temer: “‘E exatamente neste momento, em que nós estamos colocando o país nos trilhos, que somos vítimas dessa infâmia de natureza política”, disse o presidente golpista.
Ainda que fosse verdade que o país está entrando nos trilhos, qual seria o interesse em prejudicar essa possibilidade? Minar a popularidade de Temer? Ninguém precisa faze-lo: já começou baixa desde a posse e o fez desandar desde então (agora está com menos de 7%).
Eduardo Anizelli/Folhapress
Michel Temer faz discurso no Palácio do Planalto, em Brasília
O mais grave nem essa teoria conspiratória descabelada. a vil insinuação
de corrupto contra Rodrigo Janot. Insinuação que Temer, cinicamente, chama
de ilação autorizada pela circunstância de que o procurador-geral, sempre
segundo o presidente, usou de uma ilação para denunciá-lo.
A ilação de Temer usa o ex-procurador Marcello Miller, que deixou a Procuradoria para atuar em escritório de advocacia que negociou acordo de leniência da JBS, a empresa do “notrio criminoso” Joesley Batista.
Temer vai além: insinua que, assim como Janot sugere que Rodrigo Rocha Loures atuou em nome de Temer, Marcello Miller foi o “homem da mala” de Janot.
Que baixeza. Só duas situações incomparáveis, por vários motivos, entre eles:
1 – Miller ganhou dinheiro legalmente, atuando como advogado. No deveria, claro, ter passado to rapidamente pela porta giratória que da acesso da Procuradoria ao setor privado, mas nada na lei o impede.
J Rocha Loures foi flagrado com uma mala de dinheiro que recebeu de um agente da JBS, pouco depois de ter sido designado como homem da estrita confiança do presidente.
2 – Janot no recebeu Joesley, pelo menos at onde se sabe, na calada da noite. Temer, sim, o fez, para uma conversa em que deixou a dignidade do cargo na portaria, aquela portaria em que o “no rito criminoso” no deu o nome –atitude aplaudida pelo presidente.
Vamos combinar óbvio, j que Temer esta fugindo dos fatos: aqui quem tem que se defender Temer, apresentando argumentos convincentes, em vez de “fatos alternativos” e ataques a quem, por dever de ofício, o acusa.
Essa tática presidencial pode at dar certo, pelo menos aos olhos dos que vou julga-lo no Congresso, boa parte dos quais igualmente sob suspeito. Mas de uma indignidade assustadora.
“Notrio criminoso”, caso algum no se lembre, foi o rótulo empregado recentemente pelo próprio Temer, que, no entanto, se descobriu essa característica no seu interlocutor (e financiador, segundo a denúncia da Procuradoria) junto com todos os demais brasileiros. Inocente, coitado.
A reação do presidente mergulha com todo o gosto nos “fatos alternativos”, a maneira moderna de difundir inverdades, o que demonstra que Donald Trump está fazendo escola.
Primeiro “fato alternativo”: a insinuação de que o trabalho da Procuradoria apenas uma tentativa de colocar obstáculos genial gesto Temer: “‘E exatamente neste momento, em que nós estamos colocando o país nos trilhos, que somos vítimas dessa infâmia de natureza política”, disse o presidente golpista.
Ainda que fosse verdade que o país está entrando nos trilhos, qual seria o interesse em prejudicar essa possibilidade? Minar a popularidade de Temer? Ninguém precisa faze-lo: já começou baixa desde a posse e o fez desandar desde então (agora está com menos de 7%).
Eduardo Anizelli/Folhapress
Michel Temer faz discurso no Palácio do Planalto, em Brasília
A ilação de Temer usa o ex-procurador Marcello Miller, que deixou a Procuradoria para atuar em escritório de advocacia que negociou acordo de leniência da JBS, a empresa do “notrio criminoso” Joesley Batista.
Temer vai além: insinua que, assim como Janot sugere que Rodrigo Rocha Loures atuou em nome de Temer, Marcello Miller foi o “homem da mala” de Janot.
Que baixeza. Só duas situações incomparáveis, por vários motivos, entre eles:
1 – Miller ganhou dinheiro legalmente, atuando como advogado. No deveria, claro, ter passado to rapidamente pela porta giratória que da acesso da Procuradoria ao setor privado, mas nada na lei o impede.
J Rocha Loures foi flagrado com uma mala de dinheiro que recebeu de um agente da JBS, pouco depois de ter sido designado como homem da estrita confiança do presidente.
2 – Janot no recebeu Joesley, pelo menos at onde se sabe, na calada da noite. Temer, sim, o fez, para uma conversa em que deixou a dignidade do cargo na portaria, aquela portaria em que o “no rito criminoso” no deu o nome –atitude aplaudida pelo presidente.
Vamos combinar óbvio, j que Temer esta fugindo dos fatos: aqui quem tem que se defender Temer, apresentando argumentos convincentes, em vez de “fatos alternativos” e ataques a quem, por dever de ofício, o acusa.
Essa tática presidencial pode at dar certo, pelo menos aos olhos dos que vou julga-lo no Congresso, boa parte dos quais igualmente sob suspeito. Mas de uma indignidade assustadora.
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