Correios dobram investimento em segurança, mas roubos crescem 117%
Para não amargar prejuízo, consumidores contratam seguros ao custo de até 1% do valor da carga
Jonathan Ferreira
Rio
- Mesmo com o dobro de investimento em segurança, com a contratação de
escolta armada e novo plano logístico com direito a rastreadores de
carga, os Correios registraram aumento de 117% no roubo de seus
caminhões de entrega neste ano. O acréscimo das ocorrências afeta
diretamente os consumidores, que não recebem suas encomedas e, muitas
vezes, amargam prejuízo pela perda do material. Para amenizar a dor de
cabeça, os Correios oferecem um seguro no momento da contratação do
serviço de entrega, que pode custar até 1% do valor da carga enviada. No início do mês, um caminhão dos Correios foi roubado e levado
para o Morro São João, em que dezenas de pessoas retiraram a carga
Reprodução
De acordo com a empresa, no ato do envio da
mercadoria, o cliente pode optar por contratar o seguro. Caso ele seja
adquirido, o valor declarado pelo produto a ser transportado ficará
registrado no cupom fiscal entregue ao consumidor. Sem a contratação do
seguro, o cliente recebe apenas o reembolso pelo serviço de entrega
contratado.
Depois de ter perdido duas encomendas que
foram roubadas em uma mesma semana, em janeiro, o colecionador de
figuras de ação, Rafael Carvalho, de 40 anos, mudou a estratégia para
receber suas mercadorias. Ao perceber que os roubos ocorriam no caminho
da sua casa, na Tijuca, elecontratou o serviço de caixa postal dos
Correios, ao valor de R$ 80 por ano, para poder retirar o produto
pessoalmente na agência. “Optei por assumir o risco e ir à agência
buscar a mercadoria. No segundo roubo, levaram peças raras que eu
comprei no exterior. O prejuízo sentimental foi muito grande”, lamentou.
RESSARCIMENTO
O
superintendente dos Correios no Rio, Cleber Machado, ressaltou que a
aquisição do seguro garante ao cliente o ressarcimento total em caso de
extravio. “Se o consumidor for pessoa física, não é obrigatório
apresentar nota fiscal com o valor do produto. No momento do envio, um
funcionário dos Correios vai analisar a mercadoria e checar se o valor
declarado condiz com o preço do produto. Apenas empresas devem comprovar
o valor do produto com a nota fiscal”, esclareceu o superintendente.
Após dois extravios de mercadoria, Rafael Carvalho contratou serviço para retirar produtos na agência
Sandro Vox / Agência O Dia
No ano passado, os Correios desembolsaram mais de
R$ 20 milhões em estratégias de segurança. Esse valor fica ainda maior
por conta das indenizações pagas aos clientes prejudicados com o roubo
de suas mercadorias. A empresa não divulgou o número de caminhões
roubados, mas os dados do Instituto de Segurança Pública do Rio refletem
a dimensão do problema: até junho deste ano, foram 4.486 roubos de
carga, uma média de 25 casos por dia.
No início do mês,
um caminhão dos Correios foi roubado e levado para o Morro São João, no
Engenho Novo. Na ocasião, um homem armado de fuzil fazia escolta para
dezenas de pessoas retirarem a carga na comunidade. A polícia foi
acionada e o veículo foi resgatado.
Reembolso é obrigação do remetente
As
normas postais internacionais estabelecem que o remetente (quem
realizou o envio da mercadoria) é o responsável pelo ressarcimento em
caso de extravio do produto. Isso significa que, caso o consumidor tenha
adquirido, por exemplo, um item pela internet, a responsabilidade de
indenizar o cliente em caso de roubo é do próprio site.
A
coordenadora de atendimento do Procon Estadual, Soraia Panella, orienta
que, nos casos de extravio após compra pela internet, o cliente deve
entrar em contato com a empresa que vendeu a mercadoria. Segundo ela, o
consumidor tem o direito de escolher se deseja receber o dinheiro de
volta ou se aceita uma nova encomenda. O ressarcimento financeira
precisa obedecer a forma de pagamento do cliente. Ou seja, se foi pago à
vista pelo boleto, a empresa precisa depositar o dinheiro na conta do
cliente.
Caso a compra tenha sido feita pelo cartão de crédito, o valor deverá ser estornado. Panella
lembrou que o consumidor deve ficar atento em caso de aquisição de
produtos importados, pois se a empresa não tiver registro no Brasil, os
órgãos de defesa do consumidor não terão competência para exigir os
direitos dos clientes prejudicados. "Recebemos muitas queixas de
sites fraudulentos que prometem uma determinada mercadoria por um preço
muito abaixo do valor e depois não entregam”, apontou. PRF recupera caminhão roubado e liberta refém Agentes
da Polícia Rodoviária Federal (PRF) recuperaram uma carga, avaliada em
R$ 350 mil, após interceptarem um roubo na BR-101, na altura de São
Gonçalo, ontem. Segundo a PRF, policiais faziam uma ronda pela
via quando foram acionados e encontraram o veículo por meio do
rastreador. O motorista, que estava como refém, foi liberado e
criminosos conseguiram fugir. Pelo menos dez bandidos estavam envolvidos
no saque do caminhão. Mais tarde, a PRF e a Força Nacional
recuperaram outra carga no Arco Metropolitano, em Duque de Caxias. O
caminhão estava abandonado na rodovia e os assaltantes também fugiram.
Ao todo, 61 caixas de produtos da Avon foram resgatadas.
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