8.10.2017

Correios dobram investimento em segurança, mas roubos crescem 117%


Para não amargar prejuízo, consumidores contratam seguros ao custo de até 1% do valor da carga

Rio - Mesmo com o dobro de investimento em segurança, com a contratação de escolta armada e novo plano logístico com direito a rastreadores de carga, os Correios registraram aumento de 117% no roubo de seus caminhões de entrega neste ano. O acréscimo das ocorrências afeta diretamente os consumidores, que não recebem suas encomedas e, muitas vezes, amargam prejuízo pela perda do material. Para amenizar a dor de cabeça, os Correios oferecem um seguro no momento da contratação do serviço de entrega, que pode custar até 1% do valor da carga enviada.
No início do mês, um caminhão dos Correios foi roubado e levado para o Morro São João, em que dezenas de pessoas retiraram a carga Reprodução
De acordo com a empresa, no ato do envio da mercadoria, o cliente pode optar por contratar o seguro. Caso ele seja adquirido, o valor declarado pelo produto a ser transportado ficará registrado no cupom fiscal entregue ao consumidor. Sem a contratação do seguro, o cliente recebe apenas o reembolso pelo serviço de entrega contratado.
Depois de ter perdido duas encomendas que foram roubadas em uma mesma semana, em janeiro, o colecionador de figuras de ação, Rafael Carvalho, de 40 anos, mudou a estratégia para receber suas mercadorias. Ao perceber que os roubos ocorriam no caminho da sua casa, na Tijuca, elecontratou o serviço de caixa postal dos Correios, ao valor de R$ 80 por ano, para poder retirar o produto pessoalmente na agência.
“Optei por assumir o risco e ir à agência buscar a mercadoria. No segundo roubo, levaram peças raras que eu comprei no exterior. O prejuízo sentimental foi muito grande”, lamentou.
RESSARCIMENTO
O superintendente dos Correios no Rio, Cleber Machado, ressaltou que a aquisição do seguro garante ao cliente o ressarcimento total em caso de extravio. “Se o consumidor for pessoa física, não é obrigatório apresentar nota fiscal com o valor do produto. No momento do envio, um funcionário dos Correios vai analisar a mercadoria e checar se o valor declarado condiz com o preço do produto. Apenas empresas devem comprovar o valor do produto com a nota fiscal”, esclareceu o superintendente.
Após dois extravios de mercadoria, Rafael Carvalho contratou serviço para retirar produtos na agência Sandro Vox / Agência O Dia
No ano passado, os Correios desembolsaram mais de R$ 20 milhões em estratégias de segurança. Esse valor fica ainda maior por conta das indenizações pagas aos clientes prejudicados com o roubo de suas mercadorias. A empresa não divulgou o número de caminhões roubados, mas os dados do Instituto de Segurança Pública do Rio refletem a dimensão do problema: até junho deste ano, foram 4.486 roubos de carga, uma média de 25 casos por dia.
No início do mês, um caminhão dos Correios foi roubado e levado para o Morro São João, no Engenho Novo. Na ocasião, um homem armado de fuzil fazia escolta para dezenas de pessoas retirarem a carga na comunidade. A polícia foi acionada e o veículo foi resgatado. 
Reembolso é obrigação do remetente

As normas postais internacionais estabelecem que o remetente (quem realizou o envio da mercadoria) é o responsável pelo ressarcimento em caso de extravio do produto. Isso significa que, caso o consumidor tenha adquirido, por exemplo, um item pela internet, a responsabilidade de indenizar o cliente em caso de roubo é do próprio site.
A coordenadora de atendimento do Procon Estadual, Soraia Panella, orienta que, nos casos de extravio após compra pela internet, o cliente deve entrar em contato com a empresa que vendeu a mercadoria. Segundo ela, o consumidor tem o direito de escolher se deseja receber o dinheiro de volta ou se aceita uma nova encomenda. O ressarcimento financeira precisa obedecer a forma de pagamento do cliente. Ou seja, se foi pago à vista pelo boleto, a empresa precisa depositar o dinheiro na conta do cliente.
Caso a compra tenha sido feita pelo cartão de crédito, o valor deverá ser estornado.
Panella lembrou que o consumidor deve ficar atento em caso de aquisição de produtos importados, pois se a empresa não tiver registro no Brasil, os órgãos de defesa do consumidor não terão competência para exigir os direitos dos clientes prejudicados.

"Recebemos muitas queixas de sites fraudulentos que prometem uma determinada mercadoria por um preço muito abaixo do valor e depois não entregam”, apontou. 
PRF recupera caminhão roubado e liberta refém 
Agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) recuperaram uma carga, avaliada em R$ 350 mil, após interceptarem um roubo na BR-101, na altura de São Gonçalo, ontem.
Segundo a PRF, policiais faziam uma ronda pela via quando foram acionados e encontraram o veículo por meio do rastreador. O motorista, que estava como refém, foi liberado e criminosos conseguiram fugir. Pelo menos dez bandidos estavam envolvidos no saque do caminhão.
Mais tarde, a PRF e a Força Nacional recuperaram outra carga no Arco Metropolitano, em Duque de Caxias. O caminhão estava abandonado na rodovia e os assaltantes também fugiram. Ao todo, 61 caixas de produtos da Avon foram resgatadas.

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