O golpista Temer quer o apoio do almofadinha Dória em meio ao decadente PSDB, outrora aliado coeso, agora um partido rachado entre apoiar ou romper com o governo
Publicado em: 08/08/2017
Em
meio à divisão do PSDB sobre a permanência no governo, à indefinição
quanto ao candidato tucano à Presidência em 2018 e a necessidade de
recompor a base aliada para aprovar a reforma da Previdência, o
presidente Michel Temer distribuiu nesta segunda-feira, 7, elogios e
alçou o prefeito de São Paulo, João Dória, à condição de líder nacional.
O golpista elegeu Dória como interlocutor com os deputados tucanos porque hoje sua identificação é maior com o prefeito do que com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) que age para ser candidato à Presidência em 2018 e mantém uma postura mais crítica ao governo federal. "Candidatura é o partido que decide. Vamos discutir no momento certo", afirmou Alckmin, que era esperado na agenda com Temer e evitou comentar a possibilidade de seu afilhado político concorrer à Presidência.
Publicado em: 08/08/2017
Foto: Alan Santos/PR |
Temer
e Dória assinaram na sede da Prefeitura um acordo que prevê a concessão
ao Município de parte do Campo de Marte, hoje sob controle da Força
Aérea, para construção de um parque e de um museu aeroespacial. A
disputa judicial entorno da área vem desde 1958.
Segundo auxiliares do presidente, o gesto tem por objetivo amarrar o apoio de Dória à reforma da Previdência.
"Vejo
aqui um parceiro e um companheiro. Alguém que compreende como ninguém
os problemas do País. Porque a visão do João Dória é municipalista, o
que é fundamental, mas uma visão nacional", disse Temer durante o evento
em São Paulo.
O primeira gesto do governo
Temer de se aproximar de Dória aconteceu no sábado passado, quando o
Itamaraty realizou reunião do Mercosul sobre a Venezuela na Prefeitura
de São Paulo.
O presidente espera pelos votos
da bancada do PSDB para aprovar a reforma mais polêmica de seu governo.
Dos 13 deputados tucanos de São Paulo apenas uma, Bruna Furlan, votou
contra o prosseguimento da denúncia contra Temer por corrupção passiva. O
Planalto avalia que, embora tenham votado contra o governo, estes
parlamentares podem apoiar a reforma - uma proposta de emenda à
Constituição necessita de um mínimo de 308 votos na Câmara.
Integrantes
da equipe de Dória afirmam que o prefeito vai atuar para que a bancada
do PSDB dê os votos necessários para a mudança nas regras
previdenciárias. Pelos cálculos do governo, levando em conta a votação
da admissibilidade da denúncia contra Temer, na semana passada, faltam
22 votos para aprovação da reforma. O governo, no entanto, quer garantir
o apoio de ao menos mais 40 deputados para ter margem de manobra.
O golpista elegeu Dória como interlocutor com os deputados tucanos porque hoje sua identificação é maior com o prefeito do que com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) que age para ser candidato à Presidência em 2018 e mantém uma postura mais crítica ao governo federal. "Candidatura é o partido que decide. Vamos discutir no momento certo", afirmou Alckmin, que era esperado na agenda com Temer e evitou comentar a possibilidade de seu afilhado político concorrer à Presidência.
O governador Alckmin não compareceu ao evento de ontem, embora seu nome estivesse
na agenda do prefeito. Segundo Dória, o governador "foi generoso" e
decidiu na véspera que não iria ao ato para não ofuscar o papel da
Prefeitura.
Conciliação
Tanto
o prefeito quanto o presidente usaram o simbolismo do ato para reforçar
o discurso em torno da conciliação nacional, presente nos primeiros
pronunciamentos de Temer ainda durante o governo interino no processo de
impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff.
Com
isso, Temer, que tem apenas 5% de aprovação segundo o Ibope, espera dar
um ar de normalidade ao governo, que na semana passada ainda vivia a
apreensão da votação da denúncia por corrupção.
O
presidente condenou o "emocionalismo" que tem pautado o debate. "A
história do nós contra eles não pode prevalecer", disse, fazendo
referência a uma crítica recorrente aos discursos do ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
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