MÔNICA BERGAMO
(FOLHAPRESS) -
O advogado Cristiano Zanin, que defende
Lula, minimizou os erros de datas nos recibos de aluguel referentes ao
apartamento vizinho ao do ex-presidente, em São Bernardo do Campo.
Dois deles têm datas que não existem: 31 de novembro e 31 de junho.
"Isso é uma bobagem. Quem fez o recibo foi o Glaucos [da Costamarques,
dono do imóvel], que recebeu o aluguel. E não a dona Marisa [Letícia,
mulher de Lula], que estava pagando. Quem paga tem direito à quitação e
quem faz o recibo é sempre o locador, que diz ter recebido os valores.
Se alguém errou, foi ele", diz Zanin.
O advogado afirma que, "de 26 recibos apresentados, só dois têm erro
material. O importante é que ninguém contesta a veracidade do documento.
A assinatura é dele [Glauco], nem ele contesta isso".
Segundo Zanin, o Ministério Público Federal não consegue provar que
dinheiro de oito contratos da Petrobras foram usados na compra do
apartamento nem de um terreno para o Instituto Lula e desviou o assunto
"para um contrato de aluguel".
O imóvel é um dos pontos da acusação na ação que o ex-presidente
responde sob suspeita de receber propina da Odebrecht por meio da compra
de um terreno onde seria construída a sede do Instituto Lula.
O caso deve ser sentenciado pelo juiz Sergio Moro nos próximos meses.
Segundo a denúncia do Ministério Público Federal, o aluguel do
apartamento, que pertence ao empresário Glaucos da Costamarques (primo
do pecuarista José Carlos Bumlai), foi pago com propina da Odebrecht,
obtida por meio de contratos da Petrobras.
Lula nega irregularidades e diz que quem cuidava do imóvel era sua
mulher, Marisa Letícia, morta em fevereiro. Segundo o ex-presidente, o
pagamento do aluguel estava registrado em declarações do Imposto de
Renda, tanto dele quanto de Costamarques.
"Vou repetir para o senhor. Nunca houve qualquer denúncia que o
apartamento não estava sendo pago. Seu Glauco nunca levantou, seu Glauco
nunca cobrou, seu Glauco nunca me telefonou. Nem ele, nem ninguém",
disse Lula, em depoimento a Moro.
Delatores da Odebrecht também negaram vínculo com o apartamento.
A pedido do juiz Sergio Moro, a defesa do ex-presidente apresentou os
recibos, assinados por Costamarques, além de um contrato de locação com o
empresário.
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