EUA: 40% dos casos de câncer estão associados ao sobrepeso (estudo)
Excesso de peso aumenta risco de desenvolver 13 tipos de tumor
Washington, EUA - Cerca de 40% dos casos de câncer detectados nos Estados Unidos em 2014 — mais de 630 mil no total — estão associados ao excesso de peso, indicaram especialistas nesta terça-feira, pedindo que as ações preventivas sejam intensificadas.Em um país em que 71% dos adultos têm sobrepeso ou obesidade, as conclusões dos Centros para o Controle e Prevenção de Doenças (CDC) "são motivo de preocupação", disse a diretora da agência, Brenda Fitzgerald.
"A maioria dos
adultos americanos pesa mais do que o recomendado, e ter sobrepeso põe
as pessoas em alto risco de sofrer de diferentes tipos de câncer", disse
em um comunicado.
"Atingindo um peso saudável e mantendo-o, todos podemos ter um papel na prevenção do câncer", acrescentou. Dieta saudável e perda de peso ajudam a reduzir riscos
Está demonstrado que ter excesso de peso aumenta o
risco de desenvolver 13 tipos de tumor, incluindo o câncer de esôfago,
de tireoide, de mama pós-menopausa, de vesícula, estômago, fígado,
pâncreas, rim, ovários, útero, cólon e reto.
A taxa de tumores
associados à obesidade está aumentando, em contraste com a taxa total de
casos de câncer, que diminuiu desde os anos 90.O câncer colorretal foi o único câncer associado ao peso que diminuiu entre 2005 e 2014, com uma queda de 23%, em grande parte graças à melhora do diagnóstico, segundo o relatório.
O resto de casos associados ao peso aumentaram 7% na última década.
Aproximadamente dois terços dos 630 mil casos de 2014
associados ao peso ocorreram em pessoas de 50 a 74 anos, sendo as
mulheres as mais afetadas, com 55% dos tumores diagnosticados associados
ao peso, em comparação com 24% nos homens.
Segundo os últimos dados dos CDC, 32,8% dos americanos têm sobrepeso e 37,9% são obesos.Uma pessoa é considerada acima do peso quando seu índice de massa corporal (IMC, o resultado da divisão do peso pela altura ao quadrado) é entre 25 e 29,9, e obesa quando o IMC é 30 ou mais.
saiba ainda:
Estratégia desenvolvida em Porto Alegre obtém bons resultados
Câncer e obesidade são duas das principais epidemias
globais da atualidade. Quando se encontram num mesmo indivíduo, os
efeitos são nocivos: a obesidade é o segundo maior fator de risco
evitável para o câncer, perdendo apenas para o tabagismo, e a
mortalidade da doença é maior entre essa população. Em Porto Alegre
(RS), uma iniciativa tem conseguido com sucesso reverter esta perigosa
combinação. Os resultados serão apresentados durante o 2º Congresso Internacional de Controle de Câncer (ICCC/2007 – INCA), que reunirá no Rio de Janeiro mais de 500 especialistas de diferentes países.
"Nosso objetivo é alertar o máximo possível as
pessoas de que a obesidade e o sobrepeso são fatores de risco
modificáveis para o câncer", sintetiza a epidemiologista e oncologista
clínica Alice Medeiros Zelmanowicz, que coordena o Centro de Prevenção
de Câncer do Hospital da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre.
Desde 2005, o Centro oferece uma equipe multidisciplinar para tratar
especialmente os pacientes de câncer com índice de massa corporal
superior a 24,9 – índice considerado como referência para o excesso de
peso (a obesidade é definida a partir de 30,0). Neste período, mais de
100 pacientes já foram atendidos.
Levantamento realizado pelo Ministério da Saúde entre
2002 e 2005 mostra que 40% da população brasileira tem excesso de peso.
Este número é o dobro dos índices verificados em 1974. Ao mesmo tempo,
37% da população é insuficientemente ativa ou sedentária. No Rio de
Janeiro, os números são mais impressionantes: 46% e 44%,
respectivamente. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
obesidade está correlacionada ao aumento do risco de câncer de cólon,
rins, vesícula, esôfago, pâncreas e mama (neste último caso, sobretudo
entre mulheres na menopausa).
"Estimulamos a adoção de hábitos saudáveis, com a
modificação de hábitos alimentares e a prática de exercícios físicos,
através de acompanhamento rigoroso. Esta mudança de comportamento é
fundamental para garantir o sucesso do tratamento", afirma Alice,
acrescentando que a periodicidade da consulta aos diversos profissionais
que compõem a equipe – que inclui endocrinologistas, oncologistas,
nutricionistas, fisioterapeutas e psicoterapeutas – depende da adesão do
paciente às orientações, do histórico familiar e do nível inicial de
sobrepeso. Uma das estratégias mais importantes é acompanhar mesmo
aqueles pacientes que tiveram sucesso no tratamento do câncer. "O
acompanhamento entre os pacientes que conseguiram a remissão da doença é
central para reduzir o risco de novos tumores", avalia Alice.
A especialista lembra que a adoção de hábitos
saudáveis também é imprescindível na prevenção do câncer, e não apenas
no acompanhamento dos pacientes. "As pessoas geralmente associam o
câncer ao histórico familiar, o que gera uma certa inércia em relação à
adoção de hábitos saudáveis. É necessário conscientizar sobre a
responsabilidade de cada um na prevenção do câncer, através do controle
do sobrepeso e de outros fatores de risco", estimula. Nos Estados
Unidos, o sobrepeso e a obesidade estão ligados a 14% das mortes de
câncer entre homens. Este número sobe para 20% entre as mulheres.
Recentemente, estudo publicado pela Associação Médica
Britânica descobriu que a obesidade responde por 50% dos casos de
câncer do útero e de um tipo de câncer do esôfago. Os
cientistas examinaram a incidência do câncer em 1,2 milhões de
mulheres, com idades entre 50 e 64 anos, durante sete anos. Mais de 45
mil casos de câncer e 17 mil mortes decorrentes da doença ocorreram
neste período. Cerca de 60% desses seis mil novos casos de câncer a cada
ano relacionados à obesidade atingem a mama ou o útero.
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