Em sequência, veio o episódio da carta de Palocci. O Partido dos Trabalhadores (PT) agiu corretamente, embora de forma tardia, quanto ao pedido de desfiliação de Palocci. Ao invés de expulsá-lo de forma sumária, o PT abriu processo interno para que Palocci tivesse a oportunidade de se defender encarando os dirigentes do Partido. Rato que é, Palocci preferiu distribuir uma carta redigida aos seus inquisidores - o clã da Lava Jato - e publicizá-la para a grande mídia deitar e rolar contra o PT e Lula, do que encarar o processo interno. Vida que segue. A ele restará a lata de lixo da História.
Nessa semana, foi o caso do posicionamento por nota onde a Executiva Nacional do PT se posiciona contra o afastamento do senador Aécio Neves por determinação judicial da 1ª turma Supremo Tribunal Federal (STF). O PT defende corretamente que o STF não pode afastar parlamentares, pois isso é atribuição exclusiva do Poder Legislativo. O correto é o Senado decidir se afasta ou não Aécio do mandato de senador. Nesse sentido, o PT continuou acertando ao dar entrada no dia seguinte com pedido de afastamento de Aécio na comissão de
ética do Senado, o fórum correto para tal ação. Como diz a própria nota: "Não temos nenhuma razão para defender Aécio Neves, mas temos todos os motivos para defender a democracia e a Constituição".
Mais claro, impossível. Nesse ponto, o PT mostrou maturidade e compromisso com o Estado Democrático, ainda que tardia. A esquerda, mais uma vez, inclusive parte da mídia progressista e a blogosfera de esquerda e, sobretudo parte considerável da militância, parlamentares e até dirigentes petistas “morderam a isca” do moralismo mais tacanho e caíram mais uma vez nessa bobagem de "combate à corrupção" em detrimento do Estado Democrático de Direito.
Mas, mesmo com toda essa perseguição e com artilharia pesada contra o PT e Lula, o ex-presidente segue como preferido nas pesquisas eleitorais para a Presidência da República no pleito de 2018. Lula segue imbatível. Um fenômeno popular que resiste a todo tipo de ofensiva midiático-judicial. Na hora de escolher em quem votar, o povão é o que age de forma mais racional, é pragmatismo puro: “como não existe político santo, melhor ficar com o que fez mais por mim”. Simples assim.
A perseguição e a sanha por derrotar um conciliador como Lula nos revela na prática o que é e como opera a elite brasileira. Vejam, o único candidato que empata com Lula, segundo a pesquisa Datafolha é o justiceiro Sérgio Moro, pois ele simboliza a negação do sistema político. E é contra essa ofensiva que Lula deve continuar rodando esse país. Se terá programa? Tem que ter e tem muita gente pensando e produzindo. Mas, agora, o programa é simples. O programa é Lula ouvindo e falando com o povo.
É bem provável que os desembargadores do TRF4 o condenem e a direita fará de tudo para que isso aconteça o mais rápido possível. É também provável que façam com ele o que fizeram com Brizola nas eleições de 1986, impedindo-o de ir à TV. Caso isso aconteça, no plano eleitoral de curto e médio prazos, não haverá novas forças no pós-Lula e nós, do campo democrático-popular e de esquerda, ficaremos restritos a mais ou menos 15% do eleitorado brasileiro. Ou seja, é gueto, é isolamento. Por isso, é fundamental juntar todas e todos que ainda tem o mínimo de apreço pela democracia e responsabilidade com o Brasil em duas frentes de batalha:
1) uma Frente Ampla Democrática e Popular contra o Estado de exceção e contra a criminalização da política;
2) Devemos apostar na movimentação de Lula, mesmo os que se posicionam à esquerda do PT, como rastilho de pólvora para a ampla mobilização popular.
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