11.16.2017

Globo deu procuração a diretor acusado de pagar propina no futebol


247 - Marcelo Campos Pinto, responsável pela aquisição dos eventos esportivos da Rede Globo nas últimas décadas, tinha procuração para negociar os contratos no Brasil e no exterior em nome da família Marinho, dona da emissora.
O documento, obtido pelo Jornal da Record, é datado de 12 de março de 2013. No mesmo mês da procuração, a Rede Globo, a Televisa e a Torneos concordaram em pagar US$ 15 milhões de propina para garantir os direitos de transmissão das Copas do Mundo de 2026 e 2030, segundo o ex-presidente da empresa Torneos Y Competencias, Alejandro Burzaco.
A revelação foi feita nesta quarta-feira (15) na audiência de julgamento do ex-presidente da CBF José Maria Marin, em Nova York.
A operação do FBI para investigar a FIFA, deflagrada em maio de 2015, tirou o executivo das sombras e colocou os negócios dele no foco do FBI. A procuração, para tratar exclusivamente da negociação dos direitos de transmissão dos torneios da entidade máxima do futebol, demonstra o poder e a autonomia de que gozava Campos Pinto, então diretor de esportes da Globo.
Nos bastidores, Marcelo Campos Pinto era o poderoso chefe de esportes da Rede Globo com acesso direto aos dirigentes da CBF e da FIFA. Com a eclosão do escândalo, foi exposta a relação próxima do executivo com cartolas investigados e presos. O ex-diretor da Globo deixou a emissora dias depois da extradição de Marin para os Estados Unidos.
As informações são de reportagem de Luiz Carlos Azenha e Tony Chastinet no R7.


247 – O deputado Wadih Damous (PT-RJ), que já presidiu a seccional fluminense da Ordem dos Advogados do Brasil, ficou estarrecido com o segundo depoimento do delator Alejandro Burzaco, que acusou a Globo de se envolver num esquema para o pagamento de propinas de US$ 15 milhões – o equivalente a R$ 50 milhões – para garantir direitos de transmissão exclusivo das Copas de 2026 e 2030 (leia mais aqui).
– O delator argentino é muito melhor do que os brasileiros que têm aparecido na Lava Jato. Ele falou e trouxe elementos que comprovam o que disse – aponta o deputado.
Segundo Burzaco, que comandava a empresa Torneos y Competencias, ele foi orientado pela Globo a abrir uma subsidiária na Holanda. Em seguida, teria recebido recursos de uma empresa da família Marinho para pagar propina ao ex-dirigente argentino Julio Grondona, já falecido, numa conta suíça secreta no banco Julius Baer.
– A Justiça agora só não rastreia a origem e o destino da propina se não quiser – diz Damous.
O deputado vai além e afirma que há elementos até para se propor a cassação da concessão da Rede Globo de Televisão. Isso porque o artigo 53 da Lei 4.117, que trata do setor, estabelece que "constitui abuso, no exercício de liberdade da radiodifusão, o emprego desse meio de comunicação para a prática de crime ou contravenção". Ou seja: se for confirmada a prática de crime, a empresa pode perder a concessão.
Damous diz ainda que o episódio demonstra que a Operação Lava Jato passa longe da grande corrupção – ou daquilo que o deputado chama de "Roubo com R maiúsculo". E não o faz, segundo ele, de forma deliberada.
Ele afirma ainda que, ao corromper cartolas para se tornar monopolista no futebol, a Globo agride a democracia no Brasil, uma vez que amplia sua audiência, sua influência e seu poder de manipulação.
Em nota, a Globo negou o pagamento de propinas e disse que, após realizar uma investigação interna, a emissora concluiu pela própria inocência

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