Esteróides androgênicos anabólicos são recursos ergogênicos comumente utilizados por atletas em busca de melhores desempenhos.
Entretanto, o uso destas substâncias por indivíduos não atletas, para fins estéticos, vêm se tornando um problema crescente em
academias e centros esportivos. Esta conduta tem favorecido o uso indiscriminado e abusivo destes esteróides, expondo seus usuários a
riscos de saúde.
Os esteróides anabolizantes são um subgrupo dos andrógenos, ou seja, compostos sintéticos derivados da testosterona, desenvolvidos para fins terapêuticos, porém, estas substâncias também passaram a ser utilizadas no esporte, com o objetivo de melhora no desempenho físico, devido a sua grande propriedade anabólica e reduzido efeito androgênico. Portanto, são as propriedades anabólicas que promovem os efeitos desejados pelos atletas, melhorando desta forma o desempenho físico. Apesar do fato de os esteróides anabolizantes exibirem possíveis melhoras no desempenho físico, doses excessivas podem trazer diversas alterações deletérias, principalmente àquelas relacionadas ao sistema cardiovascular e não tem sido incomum a associação entre o abuso no consumo de esteróides anabolizantes e o aparecimento de distúrbios cardíacos.
Hormônios Esteróides e Esteróides Anabolizantes
Os hormônios esteróides apresentam um núcleo básico derivado
da estrutura química do colesterol, portanto são hormônios de natureza
lipídica. A biossíntese dos hormônios esteróides é restrita a
alguns poucos tecidos, como o córtex das glândulas adrenais e gônadas,
os quais expressam diferentes formas do complexo enzimático
P-450, responsável pelo processamento da molécula de colesterol.
Os andrógenos são hormônios sexuais masculinos e representam
uma das classes de hormônios esteróides, são produzidos, principalmente,
pelos testículos e, em menores proporções, pelas adrenais.
O principal hormônio produzido pelo testículo é a testosterona
(Bianco, Rabelo, 1999).]
A testosterona exerce efeitos designados como androgênicos e
anabólicos em uma extensa variedade de tecidos-alvo, incluindo o
sistema reprodutor, o sistema nervoso central, a glândula pituitária
anterior, o rim, o fígado, os músculos e o coração (Hebert et al, 1984;
Shahidi, 2001; Sinha-Hikim et al, 2002). Os efeitos androgênicos são
responsáveis pelo crescimento do trato reprodutor masculino e desenvolvimento
das características sexuais secundárias, enquanto que
os efeitos anabólicos estimulam a fixação do nitrogênio e aumentam
a síntese protéica (Shahidi, 2001).
A atividade anabólica da testosterona e de seus derivados é manifestada
primariamente em sua ação miotrófica, que resulta em aumento da massa muscular por aumentar a síntese protéica no músculo (Kam, Yarrow, 2005) e por controlar
os níveis de gordura corporal.
O potencial valor terapêutico da atividade anabólica da testosterona
em várias condições catabólicas têm levado à síntese de muitos
derivados que tem como objetivo prolongar a sua atividade biológica, desenvolvendo produtos cada vez menos androgênicos e mais anabólicos, chamados esteróides androgênicos anabólicos. Portanto, os esteróides anabolizantes são umsubgrupo dos andrógenos, ou seja,sintéticos derivados da testosterona (Kam, Yarrow, 2005; Weineck,2005).
Os esteróides anabolizantes foram inicialmente desenvolvidos
com fins terapêuticos, como exemplo, para o tratamento de pacientes
com deficiência natural de andrógenos, na recuperação de cirurgias
e atrofias musculares, por melhorarem o balanço nitrogenado em estados catabólicos, prevenindo a perda de massa magra e reduzindo o aumento de tecido adiposo, e, também, no tratamento da osteoporose, do câncer de mama e anemias, uma vez que estimulam a eritropoiese (Celotti, Cesi, 1992; Creutzberg et al, 2003; Hebert et
al, 1984). Entretanto, o uso dessas drogas destacou–se principalmente
no meio esportivo, devido às propriedades anabólicas que promovem
o aumento de massa muscular, do desenvolvimento de força,
da velocidade de recuperação da musculatura e o controle dos níveis
de gordura corporal melhorando o desempenho físico (Evans, 2004),
sendo que a ação trófica do hormônio exógeno é mais pronunciada do
que aquela observada pelos níveis normais de testosterona na circulação
(Celotti, Cesi, 1992). Embora comumente utilizada por atletas
em busca de melhores desempenhos,são consideradas substâncias proibidas pela Agência Mundial Antidoping-WADA (2006) e classificadas como doping.
A associação de drogas no esporte é uma prática muito antiga
e o desejo de superação sem respeitar limites pode ser evidenciado
em diversas etapas da história da humanidade. Relatos do uso de
plantas, ervas e cogumelos, com o intuito de favorecer o desempenho
dos atletas também são encontrados desde as olimpíadas da Grécia
Antiga, que foram iniciadas em 800 a.C. (COB et al, 2006; Grivetti,
Applegate, 1997). Porém, com a descoberta da testosterona em
1905 e seu isolamento em 1935, muitos produtos sintéticos começaram
a ser produzidos e a busca por estes recursos ergogênicos passou
a ser evidenciada entre atletas.
Em 1960, os esteróides anabólicos tornaram-se conhecidos mundialmente,
quando o atleta Fred Ortiz apresentou-se com uma massa
muscular muito superior a seus concorrentes no campeonato de fisiculturismo
(Dirix, 1988). Um dos casos mais conhecidos foi o do atleta
Benjamin S. Johnson, velocista jamaicano, naturalizado canadense,
que em 1988 foi suspenso dos jogos Olímpicos de Seul, perdendo
a sua medalha ao detectarem em sua urina a presença de estanazolol,
uma substância de utilização proibida (Calfee, Fadale, 2006).
Os esteróides anabolizantes representam
mais de 50% dos casos positivos de doping entre atletas
(Fineschi et al, 2001). Recentemente,
Alaranta e colaboradores (2006) (Alaranta et al, 2006), demonstraram
que 90,3% dos atletas de elite que participaram de seu
estudo acreditam na possibilidade de melhorar o desempenho esportivo
por meio do uso de substâncias proibidas, sendo que a categoria
dos esteróides anabólicos representa a substância mais efetiva para ocasionar esta melhora. Interessantemente, este estudo também demonstrou que embora o risco
de doping seja maior entre atletas de categorias esportivas de velocidade
e força, esta prática não se restringe a estes atletas, e também pode ser observada entre atletas de endurance e de esportes coletivos,sendo a categoria de esportes quedemandam habilidades motoras a que demonstra o menor risco de doping.
Entretanto, o que vem chamando mais atenção é o uso indiscriminado
de esteróides anabolizantes,também fazendo parte da rotina de jovens escolares e praticantes de atividade física, principalmente
em academias ou centros de práticas esportivas (Evans, 2004;
Parkinson, Evans, 2006), expondo os usuários a riscos de saúde e de
morte, sendo que em longo prazo o risco de mortalidade entre usuários
abusivos de esteróides anabolizantes é de aproximadamente quatro
vezes maior do que em não-usuários (Parssinen, Seppala, 2002). Segundo
Wood (2006), nos Estados Unidos, a incidência de uso destas
substâncias entre jovens escolares com idade média de 18 anos é de
4% e é comparada à incidência de uso de cocaína (3,6%) e heroína
(1,8%). No Brasil, em 2001, medicamentos lideraram a lista de agentes
causadores de intoxicações em seres humanos, comportamento
que vem sendo observado desde 1996, de acordo com os registros do
Sistema Nacional de Informações Tóxico-farmacológicas, sendo que
os anabolizantes e derivados anfetamínicosse destacam entre os medicamentos
utilizados como drogas de abuso (Noto et al, 2003).
Estudos epidemiológicos demonstrando o comportamento
abusivo do uso de esteróides anabolizantes entre estudantes e
praticantes de atividade física em academias no Brasil ainda são muito
escassos. Embora estes estudos não sejam numerosos, eles indicam
um problema de saúde pública e são bastante preocupantes,
pois ainda não são demonstradas repostas conclusivas com relação
aos mecanismos de ação destas drogas. Dal Pizzol e colaboradore(2006) demonstraram por meio de um estudo do uso não-médico de medicamentos psicoativos entre escolares no Sul do Brasil.
Entre aproximadamente 5.000 alunos entrevistados, 110 alunos declararam
usar anabolizantes, sendo que a maior prevalência ocorreu entre
jovens do sexo masculino. Estes declararam que o aconselhamento
para o uso da droga, em sua maioria, vinha por parte de amigos da
academia de ginástica, e a fonte de obtenção foi em 40% dos casos a
farmácia. Portanto, dentre outros resultados, este estudo demonstra a
grande facilidade de compra destas substâncias, mesmo sem a presença
de receita médica, o que aumenta a incidência de uso. Um levantamento
realizado por Carreira Filh(2004) observou que de 2.219
alunos entrevistados, matriculados na rede escolar do ensino fundamental
e médio do município de São Caetano do Sul, em São Paulo,
12,8% dos adolescentes declararam ter feito uso de substâncias
químicas visando a alterar o peso corporal, principalmente esteróides
anabólicos. Em academias, a porcentagem de uso é ainda mais
alarmante, e um estudo de Silva e Moreau (2003) demonstrou uma
incidência de uso em torno de 19% entre indivíduos freqüentadores
de grandes academias na cidade de São Paulo.
Apesar do fato dos esteróides anabolizantes demonstrarem possíveis
melhoras tanto no desempenho físico como na aparência física,
doses excessivas podem trazer diversas alterações deletérias, principalmente
àquelas relacionadas ao sistema cardiovascular. Os efeitos
dos esteróides anabolizantes em diversos sistemas do organismo
vêm sendo estudados ao longo de anos e não tem sido incomum a
associação entre o abuso no consumo de esteróides anabolizantes e o aparecimento de distúrbios cardíacos.
Nesse sentido, o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão
bibliográfica para investigar os principais mecanismos de ação
através dos quais os esteróides anabolizantes poderiam atuar para promover
os seus efeitos anabólicos,porém demonstrando também os
possíveis efeitos deletérios do uso indiscriminado destas substâncias
sobre o sistema cardiovascular.
Mecanismo de ação e principais efeitos dos Esteróides Anabolizantes
Os mecanismos de ação dos esteróides anabólicos, até o momento,
ainda parecem controversos.
Basicamente, os esteróides anabolizantes são substâncias sintéticas,
similares à testosterona, que podem ser utilizados por administração
oral ou injetável.
Estas substâncias podem atuar diretamente em receptores específicos, sendo que, uma vez na circulação, elas são transportadas pela corrente sanguínea como mensageiros, na forma livre ou combinada às moléculas transportadoras, mas somente na
sua forma livre difundem-se diretamente através da membrana plasmática
de células-alvo ligando-se a receptores protéicos intracelulares.
Este processo de entrada na célula, por si só, gera maior produção de
AMPc (Adenosina monofosfato cíclico), aumentando o metabolismo celular (Celotti, Cesi, 1992; Hebert et al, 1984). Dentro da célula (citoplasma),
a molécula de esteróide ligada ao receptor androgênico específico
migra para o núcleo celular, onde inicia o processo de transcrição
gênica e, conseqüentemente,de transdução protéica, a qual modula
as ações celulares dependentes de andrógeno (Celotti, Cesi, 1992;
Hebert et al, 1984; Shahidi, 2001).]
Os efeitos da testosterona, designados como androgênicos e
anabólicos, exercem suas influências, tanto em tecidos reprodutivos
quanto em não-reprodutivos. Estudos mostraram a existência de
receptores androgênicos na musculatura esquelética e cardíaca, os quais possuem a mesma afinidade e características bioquímicas daqueles
presentes nos órgãos reprodutores(Celotti, Cesi, 1992). Porém,
o número de receptores presentes nos músculos é muito menor do
que os encontrados nos órgãos reprodutivos, podendo variar de
acordo com o músculo (Jansen et al, 1994). Esta característica metabólica
que distingue os músculos de outras estruturas andrógenodependentes
poderia explicar a dissociação da ação anabólica e
androgênica dos esteróides anabolizantes (Shahidi, 2001).
Como já citado anteriormente, os esteróides anabolizantes podem
promover efeitos tróficos diretamente através da sua ligação aos
receptores de andrógeno, promovendo um balanço nitrogenado
positivo, ou seja, um aumento na razão de síntese protéica e diminuição
na degradação destas proteínas(Celotti, Cesi, 1992; Griggs et al, 1989), porém os efeitos destas substâncias sobre os receptores de andrógenos no músculo esquelético
não é uniforme e depende da concentração destes receptores no
músculo em questão (Janssen et al, 1994). A hipertrofia muscular
esquelética pode ocorrer, também, pela ativação de células satélites,
levando a um aumento no número de mionúcleos e aumentos no
diâmetro da fibra (Joubert, Tobin, 1989). A estimulação das células
satélites levando ao aumento no número de núcleos da fibra muscular
poderia, também, aumentaro número de receptores de andrógenos,
pois os mesmos estão localizados nos mionúcleos, tornando,
assim, o músculo mais suscetível aos compostos anabólicos. Um estudo de Kadi e colaboradores (1999) demonstrou aumento no número de receptores de andrógeno no músculo trapézio de levantadores de peso que faziam uso de esteróides anabolizantes, acompanhadopor um aumento no número de mionúcleos por fibra.
Um potente e alternativo mecanismo de ação indireta dos esteróides
anabolizantes ocorre por meio da inibição da função dos glicocorticóides,
devido à competição dos esteróides pelos seus receptores
(Mayer, Rosen, 1975), preservando, desta maneira, a massa muscular
e aumentando a retenção de glicogênio, porém ainda não existe
um consenso sobre este mecanismo. Um estudo de Zhao e colaboradores
(2004) demonstrou que o esteróide anabólico oxandrolona
é capaz de inibir os efeitos catabólicos dos glicocorticóides, não por competir por seus receptores, mas através de uma interação entre os receptores de andrógenos e
os receptores dos glicocorticóides,demonstrando, assim, que o mecanismo
de ação parece depender do tipo de esteróide anabólico administrado
(Hickson et al, 1990).
Finalmente, os esteróides anabolizantes podem atuar pela
promoção de efeitos psicológicos, levando à diminuição da sensação
de fadiga durante os treinos, de maneira que o atleta consegue treinar
com maior freqüência e intensidade,além de diminuir o tempo
de recuperação entre as sessões de treinamento (Hebert et al, 1984).
A contribuição dos esteróides anabolizantes no aumento da massa
muscular e diminuição da gordura corporal é bastante discutida,
sendo que os resultados encontrados a este respeito ainda são controversos.
Enquanto em animais de experimentação a administração
exógena de testosterona não alterou os parâmetros bioquímicos
relacionados ao metabolismo energético no músculo gastrocnêmio
de ratos (Martini, 1982) e não produziu efeito sobre a hipertrofia
muscular (peso muscular e capacidade oxidativa), em ratos normais
(Hebert et al, 1984) outro estudo demonstrou que os esteróides anabolizantes
podem modificar a atividade de enzimas mitocôndriais e sarcotubulares na musculatura esquelética de ratos (Tamaki et al, 2001).
Em humanos, doses suprafisiológicas de testosterona, especialmente
quando administradas em associação com treinamento,
aumentam a massa livre de gordura e a força muscular (Bhasin et al,
1996), porém, mesmo após muitos anos de estudo, não estão claros
quais são os efeitos dos esteróides anabólicos sobre o desempenho
atlético e quais são os reais efeitos colaterais do seu uso. Além disso,
possíveis diferenças nas condições experimentais dificultam o encontro
de resultados conclusivos.
Embora estudos demonstrem que os esteróides anabolizantes podem
induzir melhor desempenho esportivo, diversas complicações
cardiovasculares estão associadas ao seu uso.
Os esteróides anabolizantes parecem atuar de maneira direta sobre o coração, pela ação sobre receptores nucleares, aumentando o RNA mensageiro e
estimulando a síntese de proteínas cardíacas (Kochakian, Yesalis,
2000; Melchert, Welder, 1995). Estes efeitos podem estar diretamente
ligados à ação de androgênios sobre receptores nos miócitos cardíacos
(Marsh et al, 1998).
Esteróides Anabolizantes e efeitos deletérios sobre o Sistema Cardiovascular
Devido ao grande crescimento na busca por esteróides anabolizantes,
diversos estudos buscam salientar os principais efeitos colaterais
desenvolvidos pelo uso abusivo destas substâncias e demonstrar
que em adição aos efeitos tóxicos e hormonais, já bem descritos na
literatura, prejuízos em diversos órgãos e tecidos têm sido freqüentemente
observados, tendo o sistema cardiovascular um papel de
destaque nestes estudos (Urhausen et al, 2004). Diversas complicações
cardíacas, tais como insuficiência cardíaca, fibrilação ventricular,
tromboses, doença isquêmica e infarto agudo do miocárdio vêm
sendo observadas em atletas usuários de esteróides anabolizantes
(Nieminen et al, 1996; Sullivan et al, 1998; Thiblin et al, 2000). Além
disso, a ocorrência de morte súbita também vem sendo demonstrada em decorrência do uso crônico de doses suprafisiológicas (Fineschi et al, 2001; Fineschi et al, 2007).
Complicações, tais como a aterosclerose e o infarto agudo do
miocárdio (IAM) em usuários de esteróides anabolizantes podem
ocorrer devido a alterações no metabolismo de lipoproteínas e presença de disfunçaõ endotelial (Hartgens et al, 2004; Kuipers et al, 1991). Alguns estudos que avaliaram
o efeito do uso de esteróides anabolizantes na função vascular
observaram que a participação do endotélio na produção de substâncias
vasodilatadoras pode estar comprometida (Ammar et al, 2004; Ebenbichler et al, 2001).
Um estudo com fisiculturistas demonstrou, com auxílio de ultrasom,
que o consumo de esteróides anabolizantes, por estes atletas,
levou a uma disfunção endotelial e alteração do perfil lipídico, por
diminuir os níveis de HDL (lipoproteína de alta densidade) colesterol,
podendo aumentar os riscos de aterosclerose (Ebenbichler et al,
2001). Aumentos nas concentrações plasmáticas de LDL (lipoproteína
de baixa densidade) foram observados em ratos submetidos a
treinamento físico anaeróbio e tratados com nandrolona, podendo diminuir o relaxamento dependente do endotélio e a ativação da guanilato ciclase (Cunha et al, 2005), diminuindo, assim, a produção de GMPc e ocasionando um menor
relaxamento do músculo liso vascular.
O uso prolongado de esteróides anabolizantes pode estimular a
agregação plaquetária (Ferenchick,1991) e aumentar a atividade da lipase
triglicerídica hepática (HTGL).O aumento na atividade desta enzima
pode estar correlacionado com a diminuição nos níveis plasmáticos
de HDL (Glazer, 1991), ou, ainda, com o aumento nas concentrações
plasmáticas de LDL como resultado do aumentado catabolismo das VLDL
(lipoproteínas de muito baixa densidade), podendo potencializar
a aterosclerose (Baldo-Enzi et al, 1990).
A facilitação da formaçãode trombo pelo uso de esteróides anabolizantes pode estar, portanto, associada a aumentos na agregação plaquetária, ou, ainda, a aumentos
de fatores pré-coagulantes (Sader et al, 2001).
A presença de inflamações no miocárdio e pericárdio de ratos tratados
com esteróides anabolizantes pode ser a causa de arritmias fatais
que ocorrem em atletas usuários destas substâncias (Takahashi et al, 2004).
Maior rigidez aórtica também foi demonstrada em atletas
que fazem o uso de esteróides anabolizantes (Kasikcioglu et al, 2007).
Um estudo realizado por Ferrer e colaboradores (Ferrer et al, 1994)
demonstrou que os prejuízos observadosna função vascular de
coelhos que foram tratados com o esteróide anabólico nandrolonapoderiam ocorrer devido ao menor relaxamento na aorta torácica destes animais, causado pela inibição
da guanilato ciclase e conseqüente diminuição da produção de óxido nítrico endotelial.
Prejuízos na reatividade vascular não dependente do endotélio também foram observados em fisiculturistas usuários de anabolizantes, sendo este um efeito
reversível após a descontinuidade no uso destas substâncias (Lane et
al, 2006).
Sendo o endotélio um importante modulador da função vasomotora,
capaz de produzir fatores vasoativos que podem promover o
relaxamento ou a contração do vaso, a presença de disfunção endotelial
pode ocasionar em um prejuízo na função vascular, contribuindo
para o desenvolvimento de diversas patologias cardiovasculares.
O uso de esteróides anabólicos androgênicos também está normalmente
relacionado com as influências sobre a resposta hipertrófica do
ventrículo esquerdo. Dickerman e colaboradores (1998), avaliando
atletas de elite levantadores de peso, verificaram que os usuários de esteróides
anabolizantes apresentavam maior aumento na espessura da parede
ventricular esquerda do que os atletas não-usuário.
Além disso, um estudo bem delineado, realizado em atletas de força, demonstrou
com exame de ecocardiografia que o remodelamento cardíaco que
ocorre como efeito do uso de esteróides anabolizantes não é reversível (Urhausen et al, 2004).
Um importante resultado foi observado por Tagarakis e colaboradores
(2000), em que a associação de esteróides e treinamento físico
em esteira induziam à hipertrofia moderada dos miócitos cardíacos,
a qual não era acompanhada por aumento na microvasculatura cardíaca
induzida pelo treinamento físico.
Dessa forma, uma diminuição na microvasculatura poderia trazer
um desequilíbrio entre a oferta e a demanda de oxigênio ao miocárdio, principalmente durante o exercício físico.
O desempenho da função cardíaca, também, está prejudicado em
usuários de esteróides anabolizantes.
Uma redução na complacência ventricular esquerda foi observada
em ratos com a administração crônica de decanoato de nandrolona (Trifunovic et al, 1995). Nottin e colaboradores (2006) concluíram que o uso de anabolizantes associado
ao treinamento de força em atletas levou à redução na funçãodiastólica do ventrículo esquerdo.
Alterações no controle reflexo e tônico no sistema cardiovascular
foram demonstradas em animais tratados cronicamente com o esteróide
anabólico estanozolol, detectando-se a presença de hipertensão
arterial, hipertrofia cardíaca e alterações no controle barorreflexo da
freqüência cardíaca destes animais (Beutel et al, 2005).
Outros efeitos adversos são associados ao uso de esteróides
anabolizantes, tais como prejuízos do controle parassimpático e,
ainda, uma tendência de superestimulação
do sistema nervoso simpático em ratos que receberam
administração crônica de nandrolona (Pereira-Junior et al, 2006).
A maior tolerância cardíaca a eventos isquêmicos que ocorre em função
do treinamento físico aeróbio foi prejudicada em ratos que fizeram
uso de esteróides anabolizantes Du Toit et al, 2005), além de menor
proteção cardíaca oferecida a estes animais, devido à redução na
atividade de enzimas antioxidantes (De Rose et al, 2006).
As alterações estruturais e funcionais da musculatura cardíaca
decorrente do uso de esteróides anabolizantes, por efeitos diretos
e/ou indiretos, podem provocar e perpetuar doenças cardiovasculares.
Portanto, o uso indiscriminado destas substâncias pode aumentar
o risco de morte entre seus usuários.
É de extrema importância que estes riscos cheguem ao conhecimento
dos indivíduos que usam ou pensam em fazer uso destas
substâncias, tendo como objetivos melhores desempenhos esportivos
ou fins estéticos, para que os mesmos possam avaliar se realmente os
benefícios alcançados pelo uso abusivo destas drogas são maiores ou
mais importantes que os riscos que elas oferecem aos seus usuários.
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Recebido em 13 de junho 2007
Versão atualizada em 18 de julho de 2007
Aprovado em 10 de agosto de 2007
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Efeitos dos esteróides anabolizantes na adolescência
Este artigo não tem o intuito de assustar os adolescentes que tem intenção de usar drogas anabolicas e tão pouco mostrar meias verdades ou hipocrisia sobre o fato.
Cerca de 95% dos adolescentes que usaram alguma droga anabólica não tiveram nenhum tipo de supervisão médica durante o uso e cerca de 80% não usam nenhum tipo de proteção ou terapia pós-ciclo para remediar os efeitos colaterais das drogas.
O uso de esteróides anabolizantes na adolescência é muito mais prejudicial do que quando usados na fase adulta. A grande maioria sabe que as drogas trazem efeitos colaterais, mas não imaginam que os danos são muito maiores e as vezes irreversíveis quando você está em fase de crescimento.
Vale lembrar mais uma vez que este artigo não tem o intuito de assustar ninguém, apenas mostrar a realidade.
Efeitos Colaterais dos Esteróides Anabolizantes em Adolescentes
- Acne Severa
A maioria dos adultos sofrem com acne durante ciclos de anabolizantes, agora calcule os efeitos em um adolescentes que estão na fase onde há a maior pre-disposição a ter acne em toda a sua vida. Os efeitos podem ser catastróficos para sua auto-estima.
- Problemas no Fígado
É extremamente comum usuários adolescentes escolherem os esteróides orais, devido a facilidade de ingestão e pelo receio de injetar algo para dentro do seu corpo. A maioria acha que isto é o melhor caminho, porém a maioria dos esteróides anabolizantes injetáveis não são processados pelo fígado, o que é melhor, pois entram em seu organismo muito mais rápido e que não acontece com os orais, todos são processados pelo fígado o que traz um grande estresse para este órgão, podem ocorrer problemas como câncer do fígado e cirrose hepática. A droga Hemogenin por exemplo, tem ligação comprovada cientificamente com o câncer do fígado. Tem medo de agulhas ? Nem pense em anabolizantes.
- Diminuir ou parar completamente a produção de testosterona
Para quem não sabe, a testosterona é o principal hormônio masculino e os esteróides anabolizantes são a forma sintética deste hormônio. Quando você começa um ciclo de esteróides anabolizantes o seu corpo para de produzir naturalmente a testosterona devido ao alto nível que já está entrando devido aos esteróides, quando você para de utilizar drogas o corpo não estará mais produzindo testosterona natural(pois o corpo não viu necessidade devido ao excesso), depois de um tempo que ele vai perceber a falta e voltar a produzir naturalmente de forma extremamente lenta. O problema é quando o adolescente faz uso de esteróides, pois o seu corpo está em fase de crescimento e os níveis dos hormônios são muito instáveis, o que pode acarretar na diminuição drástica ou total de testosterona e não é só por um período de tempo, é para sempre. Caso isto aconteça, você terá problemas em manter o nível de testosterona o resto da vida, tendo que ser monitorado por exames o resto da vida.
- Parar o crescimento
O uso de esteróides anabolizantes em adolescentes faz com que a hipófise feche e o seu crescimento(em altura) simplesmente pare. E isto não é uma possibilidade, é 110% de certeza. A partir do momento que você começar a usar esteróides anabolizantes você não crescerá nenhum centímetro.
Conclusão: Quer usar anabolizantes ? Espere pelo menos até os 21 anos, a não ser que você esteja disposto a enfrentar problemas pelo resto da vida. Não vale a pena gastar dinheiro para ficar grande por 3 meses e ter dificuldades pelo resto da sua vida.
QUEIMADURAS- CUIDADOS DISPENSADOS AOS QUEIMADOS
Número de acidentes com fogos de artifício no fim de ano supera o da época de festas juninas
Rio - Se não forem manuseados com muito cuidado, os fogos de artifício podem fazer com que a comemoração pela passagem do fim de ano acabe no hospital. Segundo o chefe do Centro de Tratamento de Queimados (CTQ) do Hospital do Andaraí, Luiz Macieira, o número de pessoas com queimaduras provocadas pelos artefatos nos dias 31 de dezembro e 1º de janeiro é o dobro do total de vítimas desse tipo de acidente nos meses de junho e julho. Alguns cuidados podem diminuir o risco de lesões.
“O fim de ano reúne uma série de condições que aumentam os riscos. As pessoas ingerem bebida alcoólica e depois acham que têm condições de soltar fogos. Muitas vezes, soltam morteiros em locais onde as pessoas estão muito juntas, inclusive perto de crianças”, explica Macieira, acrescentando que a maioria das lesões afeta mãos, rosto e pés. “No ano passado, só no dia 31 atendemos 60 queimados”. Segundo o chefe do CTQ, que é referência no tratamento de queimaduras, esse tipo de acidente geralmente ocorre com morteiros.
“As pessoas não devem soltá-los segurando diretamente com a mão. Devem amarrar um pedaço de bambu e colocar longe do corpo”, sugere, afirmando que risco zero não existe quando o assunto são fogos.
POR PÂMELA OLIVEIRA
Especialista em primeiros socorros do Corpo de Bombeiros, a médica Rosemary Provenzano Thami ressalta que caso ocorra a queimadura a única coisa que se deve colocar antes de ir a um hospital é água corrente. A água, explica ela, diminui a temperatura e faz com que a intensidade e a profundidade da queimadura não sejam agravadas.
“As pessoas não devem colocar manteiga, café e outros produtos porque tudo isso aumenta o risco de infecção”, explica, acrescentando que esse material precisará ser retirado no hospital, causando mais dor. “Gelo também queima, então não deve ser colocado”, alerta.
O especialista em microcirurgia em queimados, Reinaldo Minoro Kuwahara, do CTQ, orientou que as pessoas chamem imediatamente um médico quando houver alguma situação de queimadura. “Não se deve colocar de maneira alguma sobre a queimadura pó de café, nata de leite, entre outros, pois esses procedimentos dificultam ainda mais o processo de limpeza e aumentam os risco de contaminações”, explicou, em nota divulgada pela AEN.
Segundo o especialista, não se deve ingerir nenhum tipo de alimento ou bebida pois caso seja necessário algum procedimento cirúrgico que utilize anestesia, este não será possível pela exigência do jejum para realizá-lo. Kuwahara disse ainda que as queimaduras são classificadas em três graus: as de primeiro atingem somente a superfície da pele, com avermelhamento do local; as de segundo são mais profundas, atingem as camadas internas da pele e podem causar bolhas, vermelhidão e dor intensa; as de terceiro são aquelas que destroem a pele e atingem as estruturas internas, como vasos, nervos ou músculos.
Fonte - CTQ
CUIDADOS DISPENSADOS AOS QUEIMADOS
Como proceder:
1 - Retirar a vítima do contato com a causa da queimadura:
a) lavando a área queimada com bastante água, no caso de agentes químicos; retirar a roupa do acidentado, se ela ainda contiver parte da subtância que causou a queimadura;
b) apagando o fogo, se for o caso, com extintor (apropriado), abafando-o com um cobertor ou simplesmente rolando o acidentado no chão;
2 - Verificar se a respiração, o batimento cardíaco e o nível de consciência do acidentado estão normais.
3 - Para aliviar a dor e prevenir infecção no local da queimadura:
a) mergulhar a área afetada em água limpa ou em água corrente, até aliviar a dor. Não romper as bolhas e nem retirar as roupas queimadas que estiverem aderidas à pele. Se as bolhas estiverem rompidas, não colocá-las em contato com a água.
b) não aplicar pomadas, líquidos, cremes e outras substâncias sobre a queimadura. Elas podem complicar o tratamento e necessitam de indicação médica.
4 - Se a pessoa estiver consciente e sentir sede, deve ser-lhe dada toda água que deseja beber porém, lentamente e com cuidado.
5- Encaminhar logo que possível a vítima ao Posto de Saúde ou ao Hospital, para avaliação e tratamento.
Outros cuidados:
a) Não dê água a pacientes com mais de 20% do corpo queimado;
b)Não coloque gelo sobre a queimadura;
c)Não dê qualquer medicamento intramuscular, subcutânea ou pela boca sem consultar um Médico, exceto em caso de emergência cardíaca;
d)Não jogar água em queimaduras provocadas por pós químicos; recomenda-se cal e escovação da pele e da roupa.
e)Deve-se providenciar o transporte imediato do acidentado, quando a área do corpo queimada for estimada entre 60 e 80%.
f)Além da percentagem da área corporal atingida, a gravidade das queimaduras é maior nos menores de 5 anos e maiores de 60.
Autores:
Fernando Lima Rocha
Fernanda Roberta Roque
Edilamar Menezes de Oliveira
Fernando Lima Rocha
Fernanda Roberta Roque
Edilamar Menezes de Oliveira
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