12.13.2017

TRF-4: 'Objetivo é tirar o PT da disputa pelo governo'

Ex-presidente voltou a desafiar setores da PF, MPF, do Judiciárioe da mídia a apresentar provas que fundamentem a sua condenação

por Redação RBA publicado 13/12/2017 12h57, última modificação 13/12/2017 14h37
PT NA CÂMARA
Lula bancada PT
Pimenta (último à direita) assume liderança do PT na Câmara, em evento marcado por novo episódio de perseguição a Lula
São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silvadisse hoje (13) que sua condenação no caso do apartamento do Guarujá, que tem julgamento de recurso em segunda instância marcado para janeiro, é fruto de uma "pactuação diabólica" entre setores da Polícia Federal (PF), Ministério Público Federal (MPF), o poder Judiciário e a imprensa para tentar evitar que ele seja candidato nas eleições do ano que vem. "O objetivo é tentar evitar que o PT volte ao governo", afirmou.
Lula disse que vê "com muita tristeza" a atuação de representantes de instituições do Estado, como a PF, o MP e do Judiciário – em especial, o juiz Sérgio Moro – agindo "totalmente subordinados à opinião pública", que, por sua vez, adota o discurso produzido pelos veículos da imprensa tradicional. "O cidadão que se comporta de acordo com a opinião pública não pode ser do Judiciário, tem que ser político", provocou o ex-presidente. 
Em Brasília, onde participou de evento que anunciou o deputado Paulo Pimenta (PT-RS) como o novo líder do partido na Câmara, Lula afirmou que é preciso defender as instituições do país e lutar contra a criminalização da política. "Continuo respeitando as instituições. Quero um Ministério Público forte, e é por ser uma instituição forte que as pessoas têm que ser sérias e responsáveis." 
O ex-presidente reafirmou que, no seu processo, o que menos importou foram as provas, fato que configura que investigações e julgamento configuraram uma ação política, e não jurídica. "Se querem me condenar, que apresentem uma única prova. Não é possível que essas pessoas não consigam apresentar uma prova. O máximo que eles conseguem é dizer que  'o Lula sabia'".
Além da perseguição jurídica pelos integrantes da Operação Lava Jato, Lula afirmou que tentarão ainda acusá-lo de antecipar a campanha eleitoral de 2018. "Se tem alguém que antecipou as eleições foi a Rede Globo. Todo santo dia estão tentando destruir a nossa candidatura. Se a gente não reage, vai prevalecer o que eles dizem. Só tem um jeito, que é levantar a cabeça e reagir." 
Pimenta neles
Paulo Pimenta, que substitui Carlos Zarattini (SP) como líder da bancada do partido na Câmara, disse que a decisão dos desembargadores do TRF-4 de antecipar o julgamento do recurso contra Lula "é quase uma declaração de guerra" e disse que, em 2018, o desafio principal do partido não é apenas defender o ex-presidente Lula e a sua candidatura: "O desafio principal é a defesa da democracia, que se confunde com a defesa do presidente Lula." 
O deputado afirmou que, em 24 de janeiro, a capital gaúcha deverá se transformar na "velha Porto Alegre vermelha," com militantes do PT e de movimentos sociais que devem chegar de todo o Brasil. "Não podemos encarar janeiro como um mês normal." 
Para a senadora e presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), a candidatura de Lula representa não apenas o partido, mas uma parcela expressiva do povo brasileiro. Segundo ela, a rapidez para marcar o julgamento contra o ex-presidente é mais um "casuísmo" entre os muitos cometidos pela Lava Jato. Ela lembrou a condução coercitiva de Lula, o grampo vazado de conversa com a então presidenta Dilma e o episódio em que foi impedido de assumir como ministro. "Por que com os outros não é assim? Por que outros foram aceitos como ministros mesmo com processo? Por que outros não foram grampeados?", questionou Gleisi. 
Por sua vez, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) também afirmou que a antecipação do julgamento do recurso é mais um sintoma de um "sistema judicial partidarizado", e que serve para pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), que pretende rever a disposição de cumprimento da pena a partir de condenação em segunda instância. 
"A lógica do golpe não deu certo. Eles não têm um nome competitivo. Fazem pesquisa, e quem sobe é Lula. É atitude de desespero, em especial da Rede Globo. Essa daí está com medo. Lula não é só essa capacidade imensa de comunicação com o povo, é o único cara que pode tirar o Brasil dessa crise", afirmou.
Lindbergh disse ainda que, mesmo com condenação em segunda instância, vai ser possível recorrer ao Superior Tribunal de Justiça. Caso mantida a condenação, e que peçam e consigam a impugnação da candidatura de Lula, caberia recurso ao STF, o que, segundo ele, garante o ex-presidente na disputa, em qualquer cenário. "Nosso plano A, B, C, D, E, F, G é Lula. Não tem plano B."

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