A região dos olhos é frequentemente ignorada na defesa contra os raios solares, segundo novo estudo. E até 10% dos tumores acontecem por ali
“10% dos tumores de pele tipo carcinoma basocelular, que é o mais comum, ocorrem na área dos olhos, onde ele é mais perigoso”, explica o médico Flávio Barbosa Luz, da diretoria da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Ora, remover nódulos malignos dali exige uma operação delicada, que não raro envolve a reconstrução da pálpebra.
Hora, então, de olhar com carinho para esse pedaço ignorado da face. O momento é oportuno para discutir o assunto, uma vez que estamos no Dezembro Laranja, mês dedicado à conscientização sobre o câncer de pele. A iniciativa é da SBD e tem em 2017 o lema “Se exponha, mas não se queime”.
Detalhes do estudo
O grupo avaliou 57 indivíduos em duas oportunidades. Primeiro, eles foram instruídos a passar protetor solar da maneira que sempre faziam. Depois, voltaram ao laboratório em uma segunda oportunidade e receberam informações sobre a importância de não esquecer dos olhos antes de receberem o produto.Os pesquisadores fotografaram o rosto dos voluntários depois da aplicação com câmeras sensíveis à radiação ultravioleta emitida pelo sol. Na primeira ocasião, até 14% da área dos olhos foi ignorada pelos participantes, enquanto no restante do rosto esse índice ficou em 7%. Ao fornecer as instruções antes, a cobertura melhorou, mas alguns cantinhos ainda permaneceram descobertos.
A encruzilhada dessa história: não é lá muito agradável aplicar nenhum creme em volta dos olhos. “É difícil passar protetor nessa região. O produto escorre, não é apropriado”, aponta Barbosa. Os próprios autores do estudo concluem que, embora a educação tenha seu impacto, é importante pensar em alternativas mais confortáveis ao filtro.
“Aqui precisamos fazer um mea culpa. Nós sempre associamos a defesa contra a radiação solar ao uso do protetor, mas ele não é a única medida possível”, comenta Barbosa.
Como blindar a visão
No caso dos olhos, o melhor é usar óculos escuros – sim, ele também vai blindar suas pálpebras dos raios ultravioleta (UV). Só não adianta ser qualquer modelo do camelô. “Qualquer vidro resguarda contra o UVB, mas para barrar o UVA, que também é perigoso, a lente precisa passar por um tratamento especial”, alerta Barbosa.Se a grana está curta, um chapéu de abas largas ou uma viseira também garantem que o sol não atinja diretamente as vistas e o rosto todo. Vale lembrar que 90% dos cânceres de pele mais comuns ocorrem entre cabeça e pescoço.
Nada disso, entretanto, significa que o protetor deva ser dispensado. Ele continua obrigatório, mas seu uso (assim como o dos óculos) deve ser ajustado às realidades individuais. Por exemplo, de nada adianta passá-lo antes de sair de casa bem cedinho e esquecê-lo na hora de sair do trabalho para almoçar em pleno solão do meio dia.
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