Segundo o doutor em economia Gustavo Santos, além
do julgamento no TRF4, ainda haverá várias tentativas de sabotar a
administração Lula, como o semiparlamentarismo, a fraude eleitoral, uma
"bomba semiótica" e até mesmo uma eventual tentativa de golpe militar;
"O antídoto aos golpes, um dispositivo amplo de defesa e reação contra
esses golpes vai muito além de campanhas eleitorais. É preciso
fortalecer vínculos sólidos com um conjunto de aliados mais amplo.
Aliados que possam reagir contra cada uma das tentativas de golpe
citadas, mas que sejam realmente leais, mesmo após as eleições", diz ele
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Por Gustavo Antônio Galvão dos Santos, doutor em economia
Já
está mais do que evidente, para quem entende minimamente de
comportamento eleitoral, que será impossível acharem algum candidato que
possa vencer Lula em 2018.
Aliás,
para poder impedir que Lula em 2019 vença no 1º turno, eles vão ter que
colocar como candidatos todas as celebridades disponíveis: dois juízes
pavões, um apresentador de TV, dois “gestores”, um santo, dois
esquerdistas refinados, dois esquerdistas bravos, uma fada da floresta,
um messias armamentista, um banqueiro ministro, um verde, um bando de
pastores mui santos etc.
Será
um zoológico de candidatos como nas eleições de 1989. Na prática, todos
contra a vitória do Lula no primeiro 1º turno. Com muito esforço, muito
dinheiro, muitos belos discursos e muitas mentiras, talvez consigam
juntos impedir que Lula vença no primeiro turno. É o máximo que podem
conseguir.
Eles sabem disso.
O
golpe não foi dado para devolver o governo para o escolhido do povo e,
assim, correr o risco de perder as “conquistas” que Temer ofereceu aos
‘donos do poder’. Por isso darão todos os golpes possíveis para impedir
que Lula volte a ser presidente.
Haverá assim, pelo menos, mais 6 tentativas de golpe.
A primeira, todo mundo já sabe, será a condenação do Lula no TRF4, onde julga o compadre do Moro.
Enquanto isso, tentarão dar o segundo golpe, o do parlamentarismo ou “semipresidencialismo”.
O
terceiro seria o que o genial Wilson Ferreira do blog Cinegnose chama
de bomba semiótica. No caso, seria uma operação de sabotagem planejada
teatralmente com a grande imprensa para ser divulgada de forma
espetacular.
Algo que possa
chocar a Nação tipo um assassinato ou uma queda de avião. Isso pode ser
contra inimigos ou aliados em potencial de Lula. Se for contra um
inimigo seria algo que pudesse depois ser atribuído a Lula ou a algum
apoiador. Se for contra um aliado pode ser algo que elimine uma base de
sustentação fundamental a Lula e derrube a confiança de seus apoiadores.
Esse alvo espetacular pode estar no Congresso, no judiciário, nas
Forças Armadas ou ser alguém que tenha importância eleitoral.
Pré-candidatos, juízes ou militares tendem a ser os alvos mais óbvios.
A
quarta tentativa de golpe será a fraude eleitoral. O sistema de voto
eletrônico brasileiro já convive com fraudes há muito tempo e nada pode
ser feito contra elas porque o sistema é inauditável. Na prática, é
possível escolher quem será eleito, sem nenhum vestígio legalmente
comprovável de fraude. Além disso, quem vai investigar e julgar os
acusados de fraude é o mesmo órgão que define todas as regras,
administra todas as urnas, seus algoritmos e toda logística da eleição,
Ou seja, quem podem fazer a fraude é quem vai julgá-la. E não é preciso
pesquisar muito para saber de que lado esse órgão está. A fraude
eleitoral em Honduras foi só mais teste antes de ser usado no Brasil.
A
quinta tentativa de golpe será militar. Um golpe militar está sendo
preparado no Brasil pelo menos desde 2013. Para isso adestraram uma
parte da população para apoiar entusiasticamente tanto um golpe militar
quanto qualquer tipo de saída através da violência. O fanatismo em torno
da candidatura de Bolsonaro, adulado como “O Mito” por seus seguidores,
é só uma evidência mais óbvia.
A
sexta tentativa ocorrerá depois da reeleição de Lula em 2018. Será uma
reedição do ‘Grande Cerco contra Dilma’ após a eleição de 2014. ‘O
Grande Cerco contra Dilma’ já é uma figura clássica de golpe, quando se
utiliza todas as armas simultaneamente contra um chefe de governo.
A
sexta tentativa de golpe é a combinação das cinco acima citadas. Elas
serão redirecionadas, no caso de não serem bem sucedidas, para ao menos
produzir um Congresso e uma mídia mais hostil, um judiciário e um
ministério público mais persecutórios e um clima de ódio, divisionismo e
conflito civil ainda maior.
A
sexta tentativa de golpe é a união de todas as armas golpistas
articuladas para tentar colher pequenos recuos cumulativos por parte do
futuro Presidente Lula a partir de 2019. Uma vez reeleito, à medida que
Lula for cedendo espaços e recursos de poder, perderá a credibilidade
frente aos apoiadores e capacidade de reação. Ao mesmo tempo, os recuos
farão os inimigos se recuperarem dos desgastes do governo Temer e das
derrotas em múltiplas tentativas de golpe.
É
a única forma de impedirem que Lula reorganize seu novo governo a tempo
de obter resultados, consolidando novamente uma fortaleza inexpugnável
de popularidade. Se os inimigos de Lula puderem colher recuos,
vacilações e quebras de promessas como colheram de Dilma em 2015,
poderão novamente acumular recursos de poder e credibilidade junto ao
povo para um golpe definitivo.
Todas
essas tentativas de golpe acontecerão. É tão inevitável quanto uma
picada em quem confia em escorpião. Os inimigos da vontade popular estão
obcecados e tem à disposição todos os recursos necessários para
promover esses golpes com, aparentemente, um mínimo custo ou risco.
Mas
acredito que todos esses golpes fracassarão. Lula até agora teve muita
sorte. Algo nos diz que essa sorte não acabará enquanto ele estiver
defendendo as causas básicas do povo.
Todavia,
sem um dispositivo amplo de defesa, cada golpe poderá causar grandes
feridas e sofrimento. E não convém só contar com a sorte.
O
antídoto aos golpes, um dispositivo amplo de defesa e reação contra
esses golpes vai muito além de campanhas eleitorais. É preciso
fortalecer vínculos sólidos com um conjunto de aliados mais amplo.
Aliados que possam reagir contra cada uma das tentativas de golpe
citadas, mas que sejam realmente leais, mesmo após as eleições.
Uma
lealdade real só pode ser conquistada com a comunhão de ideais,
caminhos, projetos e utopias. Hoje o PT ainda está oferecendo muito
pouco nesse sentido. Está se baseando quase que apenas na recuperação
das conquistas de seus governos.
Isso
é insuficiente para conquistar partes importantes dos empresários
produtivos, da classe média, do funcionalismo público, das forças
armadas, da intelectualidade, dos outros partidos e políticos de
esquerda, dos sindicatos, movimentos sociais recalcitrantes e dos
jovens.
Todos
esses setores se sentem parcialmente descontentes, não contemplados ou
pouco entusiasmados com o simples retorno ao que foi o governo Lula.
Promessas específicas a cada um desses setores tendem a ter um impacto
pequeno porque carecem de credibilidade. Além disso, podem gerar
contradições e objeções mútuas entre esses grupos ou, ainda, com outros
grupos de aliados fiéis ou potenciais de Lula.
O
antídoto a todos esses golpes é conseguir um discurso unificado que
garanta aliados fiéis em todos os grupos citados acima e que, não por
acaso, são base de apoio fundamental em todos os tipos de golpe.
Esse
discurso precisa se alimentar de um arcabouço e uma narrativa que
sintetize e unifique o interesse de todos esses grupos e ao mesmo tempo
seja já conhecida, compreensível e crível.
Essa
narrativa existe e é compatível com as propostas e história do Lula. É o
nacional-desenvolvimentismo de Vargas, de Juscelino, de Jango, de
Brizola e de parte dos militares nacionalistas. O
nacional-desenvolvimentismo propõe altas taxas de crescimento,
investimento pesado em tecnologia e infraestrutura, além de Estado e
Funcionalismo Fortes. Essas políticas favorecem os setores mais receosos
em relação a Lula.
Se
Lula abraçar com credibilidade esse discurso, terá em mãos o antídoto
que eliminará boa parte do isolamento e da indiferença em relação a ele
nos grupos que podem desmontar os golpes vindouros antes que causem
grandes danos. Essa credibilidade precisa ser conquistada por meio da atração de aliados leais que
sejam historicamente ligados ao discurso e aos interesses beneficiados
pelo nacional-desenvolvimentismo. Caso contrário, será visto como um
discurso meramente eleitoreiro.
Se
nenhum desses golpes der certo – como os planos do Cebolinha para
roubar o coelhinho da Mônica – Lula tomará posse em 2019 e fará seu
melhor governo até 2022, quando o Brasil terá muito que comemorar no
bicentenário de nossa independência!
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